[Advogado 1]Rolando SOCIAL

Essa é a seção para conversas gerais sobre RPG, que não são sobre um sistema específico ou envolvem a sociedade em discussão sobre aspectos culturais, religiosos, comportamentais e educacionais do RPG, a popularização do jogo e o combate ao preconceito.

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Mensagempor Vincer em 28 Fev 2011, 00:00

'Prazer'

Olá... spellianos, visitantes e curiosos.

Aqui quem vos fala é Malthus Astarus, legitimizado advogado pelo próprio Sr. Lulu(se é que isso conta) e curiosamente nerd nas horas vagas.

Mas podem me chamar de Advogado do Diabo, ou simplesmente Advogado se preferirem.

Acontece que eu adoro rpg(meus colegas de trabalho igualmente) mas a maioria do pessoal na minha repartição é simplesmente estúpido demais para qualquer debate interessante, e só se importam em gritar 'CRÍTICO!' como se fosse a 8ª maravilha do mundo.

Então venho aqui propor um debate diferente. Escolhi a spell simplesmente por afinidade(sem ofensas) e prometo não baixar o nível, ser educado e respeitar as regras(fora invadir a conta de outro usuário).

Esqueçam o avatar e o nick do cara ao lado, estou apenas incorporando nele porque não tenho outros meios de alcançar as vias mortais.

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Não dêem ouvidos a ele! Nada do que está escrito aqui é minha opinião, eu juro!



Quieto!!!

Er... como eu dizia... nosso amigo está certo. Nesse post eu não vou expressar exatamente minha opinião pessoal ou preferências(nem as dele). Afinal, essa é minha especialidade: defender ambos os lados. Por via das dúvidas, quando meu belo rosto não aparecer é esse tal de Vincer quem fala.

Este é o primeiro de uma provável série de posts onde eu vou tentar aquecer as coisas por aqui: trazer temas polêmicos e guiar o debate além de todos os níveis imaginados! :diabanjo:

A idéia é simples: eu mostro dois lados, argumentos, sobre algum tópico; Jogo um pouco de tempero aqui e ali(adoro pimenta) e ao mesmo tempo defendo e ataco cada lado. E então jogo aos cães. Eu sempre tentarei manter o debate aceso, cada hora apoiando um lado diferente e tentando queimar os meus, os seus e os nossos neurônios no processo. Essa é a idéia: todos temos conceitos arraigados, mesmo esse que vos fala, e talvez tentar quebrar esses conceitos possa resultar em algo interessante.

Ou uma guerra de flames :haha:

Portanto não tentem qualquer técnica espantalho e whatever contra minha pessoa. Eu propositalmente serei contraditório, instável e mudarei argumentos constantemente. Talvez eu até invente afirmações sem dados suficientes que as corroborem. Estejam avisados. A idéia é desafiar cada um a rever e defender seus pontos, e quem sabe confundi-los no processo.

Pode não ser a coisa mais legal a se fazer, mas veja bem, é apenas minha natureza.

Vamos começar então...



ROLANDO SOCIAL


E então. Temos esse hobby magnífico pseudo-underground com mais variações e nichos do que o próprio inferno de onde venho. Um jogo sobre interpretar papéis, rolar dados e...

Peraí. Até onde vai esse papo de rolar e interpretar? Não é curioso ter um jogo sobre interpretar papéis, e inserir nele uma mecânica que reduza argumentação, lábia e uma miríade de atividades sociais... em uma rolagem?

Qual parte eu não entendi sobre interpretar papéis? Certo, então eu finjo ser alguma criatura fictícia ao invés de um verídico cap-digo, advogado, e no momento onde minha interpretação mais faria a diferença eu... rolo um dado? Então é um jogo sobre interpretar papéis *onde sua interpretação não tenha grande impacto*? Daí, quando teria, eu rolo dado?

hum...

Por outro lado tem aquela questão de até que ponto cabe ao jogador assumir os aspectos de seu personagem. Afinal, se eu quiser rolar um personagem socialmente mais apto que eu, como isso realmente funcionaria no jogo? Mais interessante ainda, se eu quiser rolar alguém MENOS sociável que eu? O jogo entraria num colapso? Isso não quebraria o equilíbrio das coisas? Afinal, eu posso aproveitar das minhas grandes habilidades argumentativas e ao invés de perder pontos em alguma perícia social, simplesmente aumentar minhas habilidades realmente úteis...

Vou parar por agora, pois não é meu papel tirar conclusões. Os dados foram rolados!

Que vença o melhor!!!


:diabanjo:


SPOILER: EXIBIR
Como se fosse possível vencer com o diabo...
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Re: [Advogado 1]Rolando SOCIAL

Mensagempor KhanNoonienSingh em 28 Fev 2011, 00:42

Acredito que quando você cria seu personagem, além de traduzí-lo em uma planilha de números e palavras-chave, você ter a "honestidade", por falta de um termo melhor, de definir a personalidade dele.

Interpretar "honestamente" seu personagem, é agir de acordo com a ficha e a personalidade dele. Ora, se coloquei aquela rolagem baixa, ou os poucos pontos que sobraram, ou NADA, em habilidades sociais, como posso eu, usando minha lábia pessoal de jogador, convencer o NPC? Interpretar é seguir a proposta que você mesmo criou, e apresentou no seu background para o mestre, e também traduziu pro sistema na sua ficha de personagem. Se o bárbaro com impulsividade, mau humor, sem nenhuma habilidade social ou instrução formal de repente se transforma num comerciante árabe só porque o jogador precisa, tem algo de errado aí.

Pra isso a rolagem. Pra impor as condições corretas na disputa. Pra evitar que o jogador com lábia convença um mestre sem argumentos, quando o que tem que ser visto é se o camponês consegue convencer o filósofo.
"From Hell's heart I stab at thee; for hate's sake, I spit my last breath at thee!"
Khan Noonien Singh, últimas palavras.
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Re: [Advogado 1]Rolando SOCIAL

Mensagempor Madrüga em 28 Fev 2011, 01:08

Muito drama para pouca coisa.

A rolagem não necessariamente reduz a interpretação, ela simplesmente está ali para representar o tal "equilíbrio" do sistema. Sistemas diferentes lidam com essa questão de diversos modos (bem como narradores individuais), podendo até fornecer bônus/penalidades para uma boa interpretação de uma contenda social.

Da mesma forma, um jogador tímido ou com pouca força de argumentação pode decidir interpretar um "língua de prata" cheio de manha, simplesmente porque o jogo está aí para permitir isso. A rolagem não substitui a interpretação, mas apenas ajuda esse personagem a cumprir sua proposta. Criamos personagens que muitas vezes fazem coisas que não sabemos fazer, como argumentar bem, lutar, atirar, trabalhar como ferreiro, essas coisas, e para o bem do jogo, eu não deveria ter que ler livros sobre carpintaria se quero meramente que meu personagem fictício saiba construir móveis.

O Khan resumiu bem a questão aí.
Cigano, a palavra é FLUFF. FLUFF. Repita comigo. FLUFF

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Re: [Advogado 1]Rolando SOCIAL

Mensagempor Vincer em 28 Fev 2011, 02:10


Muito drama para pouca coisa.


Será? Drama? O que foi drama?

Pouca coisa?

Esse é o grande ponto da minha proposta: quanto mais rápido e óbvio parece ser uma resposta, mais evidente que se trata de algo arraigado em nós. Como o próprio vincer diria:

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Eu nunca cortei perícias sociais do meu jogo. Chego ao ponto do *exagero* de ter meia dúzia ou mais delas. Foi justamente por isso que coloquei a opção que não gosto primeiro, no tópico.


Encare esse tópico como um exercício pessoal de 'séra?'. 'Será que eu considerei as outras opções realmente?', 'será que não estou me achando dono da verdade?'.

Fique um pouco mais no tópico antes de 'muito drama para nada'.

Acredito que quando você cria seu personagem, além de traduzí-lo em uma planilha de números e palavras-chave, você ter a "honestidade", por falta de um termo melhor, de definir a personalidade dele.

Interpretar "honestamente" seu personagem, é agir de acordo com a ficha e a personalidade dele...
...Interpretar é seguir a proposta que você mesmo criou


Interessante e concordo plenamente. Mas onde isso se resume a ter pontos e dados relacionados, necessariamente? Afinal, se a idéia é ser honesto(usando o mesmo termo), um jogador honesto também não interpretaria ser mais sociável do que sua proposta de personagem: e sem precisar de algo na ficha limitando-o a força nisso.

Da mesma forma, um jogador tímido ou com pouca força de argumentação pode decidir interpretar um "língua de prata" cheio de manha, simplesmente porque o jogo está aí para permitir isso.

O jogador quer interpretar alguém mais sociável do que ele?

Fazendo um exercício de imaginação, com exemplos:Você jogaria com um personagem(tipo) que detestasse, que te desanimasse, sem motivo? Além do seu limite, ao custo da diversão?
Ou então, você desincentivaria um jogador iniciante a pegar uma classe/poder/perícia muito complexo, cheio de regras detalhadas e profundas? Ou deixaria ele pegar mesmo assim e apanhar ao modo dele? Ou o ajudaria na hora de usar essas habilidades?

Não continue lendo. Pense nas respostas às questões acima primeiro.


De igual modo, um jogador pegando algo além de seus limites, no caso socialmente, deveria receber o mesmo tratamento não? Ou ele não pegar algo além da sua alçada, ou pegar reconhecendo o desafio... ou receber ajuda, se a mesma é válida em outras situações.

Se o jogo ainda é um JOGO, seria mesmo obrigação dele levar todos pela mão em todos os desafios? Ignorar a habilidade do jogador, o desafio *ao jogador*? Se o desafio só existe para os personagens, a coisa não se torna rolar dados? Parte da definição de jogo, afinal, é uma atividade que envolva desafio as partes envolvidas... e falamos dos jogadores, não apenas personagens.

A rolagem não substitui a interpretação, mas apenas ajuda esse personagem a cumprir sua proposta.

Mas não ajuda o jogador na proposta do jogo?(que também envolve encarar desafios)

Afinal, se as escolhas táticas na hora do combate podem ser um desafio para os jogadores, com jogadores fazendo escolhas ruins e outros escolhas melhores, porque o mesmo não se aplica ao que não concerne o combate? Talvez porque o jogo tenha nascido de um wargame, e esse primeiro jogo(de rpg) fundou bases tão fundas que é difícil se distanciar delas?(não necessariamente o primeiro, mas a linha dele)

Se sua resposta fosse 'ajudar o jogador iniciante com a 'classe' complicada', então não seria também o caso de ajudá-lo nesses desafios sociais? Se um narrador permite todos na mesa darem dicas ao cara em dúvidas do que fazer no seu turno(de combate), porque não em outras áreas?

Poderia colocar mais argumentos aqui, mas não vou jogar todas minhas fichas em apenas um lado... e ainda quero ver mais opiniões, e quem sabe alguém que defenda a menos usual. Eu ainda vou quotar esses primeiros posts mais para frente.

...

Agora, por outro lado, tem a questão das regras+roleplay que também se reflete na ficha. Seria contraditório anotar dados do personagem sobre tudo na ficha menos habilidades sociais... só isso já quebra a idéia de 'deixe o social para o jogador' e ajudaria focar regras em combate e nada mais.

Mas... porque uma coisa tão atrelada a personalidade de alguém(suas habilidades sociais) justifica de refletir na ficha, mas outras não? Concordo plenamente em ter perícias sociais(até discordar)! Mas então vamos extender esse conceito e englobar tudo que os jogos também costumam deixar de fora! Ansiedades, como ele vê o mundo, sua propensão a ficar depressivo com a perda de um amigo... Afinal, se o personagem é o limite(ex: se ele é anti-social, o jogador fica limitado), então sua capacidade de enfrentar(emocionalmente) diferentes situações também deveria ser! Como o famigerado efeito de 'medo' que muitos detestam. Afinal, é o personagem que ficou assustado, o jogador deveria conviver com o fato e ter de interpretar com aquilo ou gastar pontos em 'coragem' para impedir isso...

Chegamos a solução? Foram-se os tempos de decidir como seu personagem reagiria/agiria, deixando a ficha(que resume e reflete ele) decidir?

Então. Faz sentido? Se não, porque o raciocínio vale para uma coisa e não para a outra, se são tão próximas?

Eu não sei respostas, me ajudem! Espero que ninguém leve a mal minhas dúvidas... me vejam como um iniciante com perguntas demais e que ainda não decidiu qual alternativa tomar em sua mesa, não como um grognard burro-velho com opinião formada jorrando 'eu estou certo! Me provem o contrário!'. Estou apenas tentando realmente entender o hobby e porque as coisas são como são.
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Re: [Advogado 1]Rolando SOCIAL

Mensagempor Lumine Miyavi em 28 Fev 2011, 06:36

Lumine Miyavi escreveu:Se o jogo oferece mecânicas para disputas sociais (e grande maioria oferece), o sucesso delas não deveria depender da sua representação se o jogo tiver uma mecânica social, e sim do argumento proposto via interpretação e da capacidade do PERSONAGEM em convencer, não do jogador.

Essa distinção é importante, porque se como mestre você recompensa o rebuscamento das palavras e ignora rolagens faz com que duas coisas muito importantes aconteçam: jogadores introvertidos fiquem completamente proibidos de jogarem com personagens com habilidades sociais (jogadores muito tímidos, especialmente iniciantes vão sofrer nesse passo) e que perícias sociais são inúteis mecanicamente, já que um jogador com lábia afiada não precisará testar e vai sempre passar com sua capacidade de “caô" acima da média.

No caso dessa opção, que mesmo não sendo recomendada pela maioria dos livros e tal, vale que o mestre seja honesto e avise e impeça o jogador de gastar pontos em perícias e habilidades que serão inúteis. Diálogo é sempre a melhor ferramenta de comunicação entre jogadores e mestres.

(...)

Vale também um problema em comum com esse eixo de interpretação e representação é a chamada “interpretação forçada”: ela consiste reclamar da forma que o jogador está “interpretando seu personagem errado”, contra as limitações e guias que o mestre impõe, como ir contra um estereotipo. Cito o velho caso dos clãs de Vampiro, onde em algumas mesas você jogar com algum personagem não-estereotipo era visto como uma afronta.

Convenhamos, limitações a parte do controle mestre, o personagem é domínio do jogador e ele deveria ser o responsável pelos seus atos no contexto.

Mestre, ao invés de reclamar e deduzir pontos de experiência ou seja lá qual for a solução metagamer que o sistema oferece, ofereço a seguinte aproximação: Cada jogador sofre as conseqüências dos seus próprio atos.

Ao invés de forçar o jogador a agir de determinada forma, cabe ao mestre analisar o caso e simplesmente perceber como aquilo funciona no contexto do jogo. Se na ficha está um comportamento padrão de "agir como cara legal", mas na prática faz ações que condizem com alguém que tem a denominação de "agir como um babaca", feitas de forma constante e deliberada, recomendo tratá-lo para propósitos de jogo e mecânicos (e tudo mais que isso acarreta) da mesma forma um personagem que se enquadra do comportamento "agir como um babaca", seja isso mudança de tendência, comportamento, natureza ou outras mudanças na ficha e todas ramificações de sistema que isso acarrete. Nunca declarei em voz alta "você está prestes a perder sua tendência / trilha / humanidade / requeijão" a um jogador, e pelo menos comigo, sempre funcionou.

Se o jogador teve um motivo ou razão para “agir como um babaca” (como por exemplo, um trauma com uma espécie de casta ou raça explicados no background do personagem) e reservar seus momentos menos heróicos contra aqueles dessa ideologia, sequer marcaria qualquer diferença na ficha; ser bondoso não é sinal de ser legal com todos, coisa que mestres esquecem. Senão, sem justificativa ele deveria sofrer das mesmas conseqüências que o jogador com ações aleatórias.

Por exemplo, um jogador que interprete um “paladino” (nos casos que isso representa um código de honra cavalheiresco, é claro) usando método de interrogatório ‘Jack Bauer’ e combatendo sem respeitar os inocentes atropelando-os com sua montaria sagrada porque "estavam na frente" e em seguida não entender porque ele perde seu status é simplesmente sem noção.

Porém, um jogador que interprete um “paladino” que faz o mesmo com os inimigos de sua divindade dificilmente perderá seu status como guerreiro sagrado a serviço da fé. Será louvado como heroí em seu meio.


Postado aqui: http://www.spellrpg.com.br/portal/colun ... tacao.html
E originalmente aqui: http://phieluminando.blogspot.com/2010/ ... tacao.html
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Re: [Advogado 1]Rolando SOCIAL

Mensagempor Russel em 28 Fev 2011, 07:36

Pra min rolagens socias são importantes. lembrando que quando você joga rpg você passa a ser outra pessoa com outras capacidades e habilidades. logo um jogador que na vida real e timido pode querer fazer um personagem cheio de "malandragem"

mas sem as pericias socias como ele vai fazer isso ?
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Re: [Advogado 1]Rolando SOCIAL

Mensagempor Deicide em 28 Fev 2011, 08:14

Não vejo diferença alguma entre fazer um teste físico, mental ou social.

O personagem é uma entidade separada do jogador, ainda que controlada por este. Eu sou tímido, mas não é incomum eu fazer personagens com características de liderança ou manipulação atípicas para mim. Da mesma forma, eu sou um sedentário preguiçoso, mas isso não me impede de fazer um personagem musculoso e ágil. Eu me considero inteligente, mas isso não me impede de fazer um personagem cabeça-oca.

Interpretação é uma coisa muito pessoal. Para alguns jogadores, é uma questão de descrever o que vai fazer e rolar dados. Para outros, envolve atuar e gesticular antes de rolar os dados. Para alguns, é só rolar os dados e pronto.

"Meu personagem se lança contra ele, desferindo uma espadada" *rola os dados"
ou
"Lanço-me contra ele, espada em punhos." *gesticula o movimento* "Caia, vilão!" *rola os dados*
ou
"Eu testo Destreza + Armas Brancas" *rola os dados*

Todos os exemplos acima são válidos como interpretação. O primeiro se mantém afastado do personagem; ele descreve como um narrador faria. O último vê apenas o aspecto mecânico; para ele é tudo só um jogo. O do meio atua como o personagem.

O que há de comum entre todos? O teste de dados. É o teste, baseado nas habilidades do personagem, e não do jogador, que definirá se a espada atingiu seu alvo. Não importa o quanto o jogador tenha treino em esgrima, nem o quanto ele descreve cuidadosamente os movimentos do personagem, é o dado que define o que ocorre. Se o personagem é bom naquilo, a chance de acertar é alta; senão, é uma jogada arriscada.

O exemplo, contudo, se refere a uma ação física. E quanto à uma ação social ou mental? Eu digo que nada muda.

É a mesma coisa! Não importa se o jogador é eloquente, o dado é quem define a ação. É claro, um jogador que descreve bem o que faz pode ter mais chances, porque deixou mais claro o que o personagem pretende alcançar e que tipo de argumentação deseja seguir, mas isso vale também para ações físicas, onde descrições mais vivas podem levar a resultados mais desejáveis. Nem todo jogador é bom em atuar, e é ridículo forçar uma atuação de alguém que não tem experiência ou talento para isso.

Outra coisa importante: é o dado quem deve decidir, senão o jogo se torna um simples "vamos convencer o mestre", em que é o jogador que está tentando convencer o mestre, e não o personagem que tenta convencer o rei ou o vilão ou a mocinha. As capacidades do personagem jamais deveriam ser medidas pelas habilidades do jogador, e mesmo o Mestre precisa se lembrar que os NPCs são entidades separadas dele.
Há incontáveis séculos, houve um reino, Eussey-lah seu nome, que se estendeu por todas as terras do mundo conhecido. Esse tempo acabou quando o rei-destino, Khem, enlouqueceu e quase levou o mundo à ruína. Sete heróis e um oráculo o impediram.

Desde então, grandes heróis e vilões têm mantido o mundo girando a cada geração.


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Re: [Advogado 1]Rolando SOCIAL

Mensagempor Batousa em 28 Fev 2011, 10:07

Não sei se entendi tudo direito, e eu posso estar falando a BESTEIRA DO MILENIO, mas a ideia foi discutir uma discussão (redundante eu sei) que tem sido prache na internet e que vem dividindo os old-school dos novos jogadores.

Outro dia vi uma frase interessante de um cara que disse que tava cansado dos rpgs pq ultimamente eles estavam mais G do que RP. (cara não me lembro quem, tenho lido tanto blog de rpg ultimamente, principalmente os comentarios).

Colocando minha opnião. Eu nao gosto de RPGs muito mecanicos, onde jogadores usam açoes como o terceiro exemplo do Deicide, isso pra mim é jogar Ludo, Scotland Yard ou Banco Imobiliario (Todos ótimos jogos, mas não é algo que procuro em um RPG), ou até mesmo Hero Quest.
Eu ja gosto de vozes alteradas, expressoes faciais e muita descrição (Gestos já acho exagerado), e é isso que quero em uma mesa de RPG, isso me diverte. Porém eu nao punirei o cara que nao fizer. Mas aqui ja deixo minha pergunta.
Se o cara é tímido, não seria no RPG uma boa maneira de mudar um pouco esse quadro?

Não vou cobrar que um menino de 14 anos, crie um discurso retórico perfeito para liderar um exercito, mas irei beneficia-lo se tentar. Cabe ao mestre cobrar e entender as limitações que cada jogador. Se o jogador não tem as habilidades, mas escolhe elas para seu personagem, é porque ele deve gostar de tais habilidades, então porque nao treina-las? Eu era uma pessoa muito, mas muito tímida, que tinha vegonha de falar com mulheres, mas quando jogava fazia de tudo para passar sentimento em minha ações (meu primeiro mestre cobrava isso demais). No início era difícil, ficava com vergonha, parecia um idiota. Mas depois fui me acostumando e tomando gosto pela coisa.

RPG é um jogo diferente, e tem que se jogado de maneira diferente.
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Re: [Advogado 1]Rolando SOCIAL

Mensagempor Lumine Miyavi em 28 Fev 2011, 10:11

Não vou cobrar que um menino de 14 anos, crie um discurso retórico perfeito para liderar um exercito, mas irei beneficia-lo se tentar. Cabe ao mestre cobrar e entender as limitações que cada jogador. Se o jogador não tem as habilidades, mas escolhe elas para seu personagem, é porque ele deve gostar de tais habilidades, então porque nao treina-las?


Só que o personagem não é o jogador, e não deveria ser encarado como tal. Se o desafio for feito com o jogador em mente, tudo bem. Mas se a situação é feita pra que o personagem supere, eu acho extremamente errado tu cobrar o jogador.

É a mesma coisa que falar "Se tu não sabe brigar, é errado que jogue de guerreiro", afinal, a capacidade de combate (que também é uma capacidade medida pela ficha) deveria ser encarada como a do jogador?

Mas depois fui me acostumando e tomando gosto pela coisa.


Bichona. :hmmm:
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Re: [Advogado 1]Rolando SOCIAL

Mensagempor Batousa em 28 Fev 2011, 10:16

Lumine Miyavi escreveu:
Não vou cobrar que um menino de 14 anos, crie um discurso retórico perfeito para liderar um exercito, mas irei beneficia-lo se tentar. Cabe ao mestre cobrar e entender as limitações que cada jogador. Se o jogador não tem as habilidades, mas escolhe elas para seu personagem, é porque ele deve gostar de tais habilidades, então porque nao treina-las?


Só que o personagem não é o jogador, e não deveria ser encarado como tal. Se o desafio for feito com o jogador em mente, tudo bem. Mas se a situação é feita pra que o personagem supere, eu acho extremamente errado tu cobrar o jogador.

É a mesma coisa que falar "Se tu não sabe brigar, pra que vai jogar de guerreiro".


Cara, mas o personagem é interpretado por um jogador. Não estou cobrando que ele seja bom naquilo, estou cobrando que ele tente. Se ele falar "Meus bravos guerreiros lutem pelo seu povo, lutem pelo sei rei", com uma voz baixa e gaguejante e rolar dos dados (claro que o impacto do discurso vai depender da rolagem dos dados) já é muito melhor do que falar "eu faço um discurso" e rolar os dados.

Das duas maneiras o que vale é a rolagem de dados, não vou ignora-las e nem penaliza-las. A interpretação é só firula para deixar a coisa mais divertida, mais teatral.

Lumine Miyavi escreveu:
Mas depois fui me acostumando e tomando gosto pela coisa.


Bichona. :hmmm:


:linguinha:
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Re: [Advogado 1]Rolando SOCIAL

Mensagempor Elven Paladin em 28 Fev 2011, 10:19

Se o cara é tímido, não seria no RPG uma boa maneira de mudar um pouco esse quadro?


Se o jogador é morbidamente obeso e o personagem dele é um ágil ladrão, não seria no RPG uma boa maneira de mudar um pouco esse quadro?

Outro dia vi uma frase interessante de um cara que disse que tava cansado dos rpgs pq ultimamente eles estavam mais G do que RP.


Eu acho que leio uma reclamação desse tipo desde o período onde a série Players's Options para AD&D 2e eram uma novidade :b .
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Re: [Advogado 1]Rolando SOCIAL

Mensagempor Batousa em 28 Fev 2011, 10:24

Elven Paladin escreveu:
Se o cara é tímido, não seria no RPG uma boa maneira de mudar um pouco esse quadro?


Se o jogador é morbidamente obeso e o personagem dele é um ágil ladrão, não seria no RPG uma boa maneira de mudar um pouco esse quadro?


Cara rpg é um jogo social e nao esportivo.

Um exemplo melhor seria. Um cara é obeso, e começa a subir muros de escaladas. não seria uma boa maneira de mudar esse quadro?
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Re: [Advogado 1]Rolando SOCIAL

Mensagempor Russel em 28 Fev 2011, 10:28

Se o jogador não tem as habilidades, mas escolhe elas para seu personagem, é porque ele deve gostar de tais habilidades, então porque nao treina-las?


sim. mas se você exigir que o jogador timido use a sua propria labia ao inves de rolar o dado pra ver se consegue convencer o mercador você o estaria prejudicando

seria mais facil deixar o jogador rolar o teste e depois interpretar o que ele disse
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Re: [Advogado 1]Rolando SOCIAL

Mensagempor Batousa em 28 Fev 2011, 10:33

Russel escreveu:
Se o jogador não tem as habilidades, mas escolhe elas para seu personagem, é porque ele deve gostar de tais habilidades, então porque nao treina-las?


sim. mas se você exigir que o jogador timido use a sua propria labia ao inves de rolar o dado pra ver se consegue convencer o mercador você o estaria prejudicando

seria mais facil deixar o jogador rolar o teste e depois interpretar o que ele disse


Ai é que tá, voces distorcem as coisas.
Em momento algum disse que os dados nao contariam. Só disse que o cara poderia se expressar melhor.
Eu usei os exemplos do Deicide, em todos eles tem rolagem de dados, o que muda é a forma como o jogador faz sua ação.
Quando voce fala "Eu pego a adaga presa em meu cinto em um movimento rapido e tento crava-la nas costelas do maldito Goblin" não significa que voce fez isso, e sim que voce vai tentar fazer, e quem vai decidir é os dados. O mesmo poderia acontecer para as pericias sociais. Como eu disse o cara nao precisa fazer uma belo discurso (eu mesmo não consigo fazer), mas sempre tento falar algo pelo menos.
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Re: [Advogado 1]Rolando SOCIAL

Mensagempor _Virtual_Adept_ em 28 Fev 2011, 10:39

Batousa escreveu:
Russel escreveu:
Se o jogador não tem as habilidades, mas escolhe elas para seu personagem, é porque ele deve gostar de tais habilidades, então porque nao treina-las?


sim. mas se você exigir que o jogador timido use a sua propria labia ao inves de rolar o dado pra ver se consegue convencer o mercador você o estaria prejudicando

seria mais facil deixar o jogador rolar o teste e depois interpretar o que ele disse


Ai é que tá, voces distorcem as coisas.
Em momento algum disse que os dados nao contariam. Só disse que o cara poderia se expressar melhor.
Eu usei os exemplos do Deicide, em todos eles tem rolagem de dados, o que muda é a forma como o jogador faz sua ação.
Quando voce fala "Eu pego a adaga presa em meu cinto em um movimento rapido e tento crava-la nas costelas do maldito Goblin" não significa que voce fez isso, e sim que voce vai tentar fazer, e quem vai decidir é os dados. O mesmo poderia acontecer para as pericias sociais. Como eu disse o cara nao precisa fazer uma belo discurso (eu mesmo não consigo fazer), mas sempre tento falar algo pelo menos.


Por isso, na minha mesa, costumamos descrever a ação mecanicamente "por exemplo, vou rolar um ataque", depois rolamos os dados, e só depois descrevemos a ação (como no caso do seu exemplo).

Até se evita frustração, assim.
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