Ao meu ver, há uma escala entre "Magia racional" e "Magia incontrolável", e cada cenário está em algum lugar dela.
De um lado, temos a magia quantificável, manipulável e compreensível. Ela se torna uma ciência, ganha aplicações e usos cotidianos. Cria-se itens mágicos para simular tecnologia, formulam-se teoremas que evoluem em práticas, feitiços são pesquisados e descobertos em grandes academias. Magia vai se tornando algo cada vez mais comum e presente. Em suma, se torna indistinguível de uma ciência.
Por outro, temos magia como uma força caótica, que apenas alguns conseguem controlar, mas ninguém o faz completamente. Magia corrompe, causa efeitos imprevistos e indesejáveis, é instável e perigosa. Quem mexe com ela não é totalmente são, e feiticeiros não a controlam plenamente, mas sim são controlados por ela. É uma arte, que apenas alguns poucos são capazes de controlar, e mais raros ainda são os que a dominam (ou pensam que a dominam). Sociedades que se empenham nela acabarão ruindo pelo caos e corrupção que ela traz.
(Escrevi um texto sobre esse extremo, embora seja mais focado em "porque a ciência não consegue comprovar ou compreender o sobrenatural", para o meu cenário particular. Foi o texto mais lido no meu velho site... Para interessados,
está aqui)
Um cenário pode estar num meio-termo entre estes dois extremos. Por exemplo, se seu cenário tem magia manipulável e compreensível, mas ela depende da força ativa de um conjurador (i.e.: não existem itens mágicos), o aspecto "tecnologia mágica" se perde um pouco, pois é impossível gerar efeitos duradouros, independentes do esforço de alguém. Continua existindo o lado racional da magia, mas sua praticidade diminui bastante.
O inverso também seria interessante: magia poderia ser caótica e difícil de controlar, mas itens mágicos poderiam ser estáveis, gerando "tecnologia" mas impedindo que magos e feiticeiros fossem confiáveis.
(Atualmente estou mestrando num cenário em que magia é quantificável e compreensível, mas não existem itens mágicos; Ao mesmo tempo, tecnologia é que está no extremo do "não é confiável", com engenhoqueiros sendo "gênios brilhantes, mas loucos", enquanto os "magistas" são confiáveis, mas incapazes de criar tecnologia duradoura. Então, uma nação pode ter trens porque um gênio os inventou, mas não se consegue reproduzir o efeito em outros lugares. Basta dizer que o resultado é bem... bizarro)