por Vincer em 21 Jul 2011, 09:42
Eu gosto de encontros aleatórios.
Por um tempo não simpatizava com a idéia, achava que devia caber ao narrador e ser conforme o ritmo da história e tal... mas nenhum rage, sempre fui indiferente e achava desnecessário.
Mas de lá para cá minha visão mudou muito. Não podemos esquecer que RPG é também jogo. Os desafios não devem existir apenas nesse encontro ou naquele, mas devem estar representados no próprio mundo ao redor. O narrador pode colocar encontros interessantes e dar vida ao mundo, mas desaparece a imprevisibilidade. Não é mais culpa das perigosas montanhas ter encontrado o gigante, foi escolha do narrador. E se aparece algo muito mais terrível, ou muito mais fácil, igualmente vão apontar para ele e nunca atribuir ao mundo que estão explorando.
Eu defendo que encontros aleatórios devam sim incluir um bom escopo de níveis. Cabe aos jogadores reconhecerem quando uma batalha não pode ser vencida(se tiverem dificuldade em notar, o narrador pode sugerir), e encontros fáceis demais só incomodam quem quer(é bem fácil não deixar o jogo chato com eles).
O narrador perde um pouco de controle? Sim. Mas ele ainda tem controle suficiente sobre como os encontros acontecem, e o principal: quando puxa um encontro e de qual tabela.
Sem falar que mais recentemente comecei a enxergar a coisa por outra ótica... do ponto de vista do designer, encontros aleatórios são ótimos. É uma maneira de saber que os jogadores vão encontrar mais ou menos o que ele desenvolveu, e as experiências entre diferentes mesas terão um pouco mais de familiaridade.
E tem um gostinho especial a aleatoriedade. Imagine aquela cena que você lembra, onde todo fodido salvou o grupo todo tirando 3 acertos críticos em sequência. Imagina se acertos críticos fossem um recurso que o narrador libera-se em momentos propícios. Você contaria a história com o mesmo entusiasmo? Teria sido um feito se foi o narrador quem deu eles?
Mesma coisa encontros. Há um gostinho especial quando você encontra o inesperado e sabe que não é o narrador sacaneando, foi apenas chance e consequência, consequência de você resolver se meter por aquelas bandas... e ainda mais se conseguem, mesmo assim. Uma experiência mais valiosa, eu diria, do que encontros 'aleatórios' que o narrador decidiu.
Não gosta de tabelas de encontros aleatórios? Aprenda com os velhos gms: MINTA. Você estaria jogando de fora metade da ferramenta, que são as tabelas e aleatoriedade, mas você pode pelo menos gerar a mesma sensação e experiência nos jogadores fingindo que rola o encontro.
E por favor, encontros em regiões remotas, viagens, etc. No máximo quando se acaba de entrar num lugar abandonado ou whatever. No meio de uma dungeon agitada onde os jogadores já encontraram algo? Nada pior do que aleatoriedade. Escolha algo afim ao tema da dungeon, fique longe das tabelas.