O Salão dos Mistérios (conto?)

Fantasia, sátira e 'realismo' com pitadas de humor, em desenvolvimento.[Pontos de Luz, anacronismo, hack n' slash, alta fantasia]

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O Salão dos Mistérios (conto?)

Mensagempor Vincer em 19 Fev 2011, 00:34

PARTE I

Acorda, e abre os olhos.

E vê uma abóbada de um cinza azulado, encrustrada de minúsculos pontos brilhantes, coberta de estranhas marcas... figuras vultuosas pintadas por toda a superfície, figuras das mais familiares as mais bizarras, de homens a monstros a lendas de outros tempos a... aquela cena parece familiar...

E se lembra da água. Da batalha e do basilisco. De gritos distantes enquanto as águas escuras do lago abraçavam o corpo ferido, o rabo da besta que jogou às águas misteriosas... nada se via, a consciência soltando do corpo... morte? ou mero desmaio?

E então a abóbada, o acordar. Onde?

E levantou se vendo num saguão ovalado, da mesma textura do teto abobadado. Sem paredes e sim imagens. Cenas distantes numa escuridão infindável, janelas para um mundo estranho, o teto apoiado apenas por pilastras espiraladas, o chão da pedra espelhada a qual os lorantes chamavam mármore. E distraiu-se com algo que nadava ao longe, na vastidão escura que exibia a janela... o cheiro, púrpura, pesado, areado... cheiro de magia.

Reparou melhor à volta e percebeu tomos, papiros, pilhas de livros das mais diversas capas e tempos, e estantes e cristais com luzes bruxuleantes dentro. Magia, claro. Tinha que ter magos?

E um velho sentado no nada se apoiava numa mesa, olhando a vastidão distante, a cabeça apoiada na mão que se apoiava ao cotovelo e à mesa...

_Onde estou?

E o velho demora a escutar e se vira.

_Oh! Visita!

E se fitam por um momento. Idéias confusas...

_Minha cabeça... tudo confuso...

_Normal. Já viajou assim antes? As idéias se entortam. Como soltar magia! Você logo se acostuma...

_Quem é você?

_Eu. Só um velho. Me chamo... "?"

_Como?

_"?"

_Como pronuncia... você não disse nada mas eu ouvi alguma coisa...

_Tente. É fácil! "?"!

_"?"!

_Você logo se acostuma! Não está mais no mundo terreno viajante, e aqui se pronunciam idéias!

Surreal era a palavra. Aquilo tudo era surreal. A razão começava a voltar à mente... e o desespero.

_Droga! MERDA!! Eu morri né?! Isso é a morte velhote?!

E o velho sorri. E começa a rir. E então a gargalhar.

E então levantou-se sacando a espada e apontando-a ao velho risonho.

_Mago maldito!! Eu quero respostas agora!!! Se estou vivo preciso voltar! Não tenho tempo para essas assombrações pagãs!

_Calma homem. Guerreiros, sempre achando que tudo se resolve com a ponta da lâmina não? Você está no meu salão... eu acho.

Silêncio. Raiva.

_ACHA!?

_Calma que meus anos já se foram, homem da arma... Minhas memórias... parte delas, se foram com minha magia. Não lembro quem fez o salão... mas é meu, acho.- o velho parou pensativo

_Então que magia me trouxe aqui, se não foi a sua?

_Quem sabe? Um revertéreo, uma brecha... provavelmente você afundou não? Está todo molhado...

_Sim, um lago... mas lembro pouco da queda. Tudo escureceu- guarda a espada e se senta sobre uma pilha de livros.

_Deve ter sido ela... aquela bela safada... a Dama.

_A Dama da Água? Mas por que?
SPOILER: EXIBIR
Aqui poderia ter rolado conhecimento(perícia), para saber que falava da Dama d'água. Maior conhecimento e ele saberia que ela é uma das mais capciosas entidades, que joga com os mortais quando lhe convém...


_Vai saber... espíritos das águas, não tente entendê-los jovem. Lá fora, vê? As cenas lá longe... são os domínios dela. Estamos de algum modo em seus domínios, digo, meu salão está. Se é que é meu... -ele coça a barba, tentando se lembrar de algo.

_Isso é o lago? Mas era uma pequena poça e... Maldição, um mago louco!

_Não, não o lago! Talvez o fundo dele... mas não exatamente. Não estamos no seu mundo guerreiro, o físico. Esse é o mais obscuro dos mundos: o Vasto Desconhecido!

_O... desconhecido? O que é isso?

O velho para atônito. E então quase ri, mas com um olhar acolhedor explica:

_O que é? Oras, é o 'Desconhecido'! Não tem como eu explicar o que ele é, de outra forma ele seria conhecido não?! Hahaha!

O velho repara na expressão de perplexidade.

_Aqui habitam tudo aquilo que é desconhecido aos homens. Mesmo a mim. Tenho certeza de que minhas memórias, e minha magia, estão também por aqui... acho que foi por isso que vim. Repara bem -o velho aponta por uma das janelas.

E reparou. E a vista era da mais peculiar... uma vastidão negra, mas olhando bem havia feixos de luz de algum ponto indizível no céu(se havia céu, pois só se via escuridão), que iluminavam a superfície... pontos dela. Era como vastos campos, uma enorme planície coberta de sombras onde a vista só percebia aqui e ali; num ponto grama e uma torre quebrada, noutro areia e estátuas com folhas e papiros espalhados pelo chão... letras flutuavam e alguma criatura passou raso por sob a areia. Só entou notou os reflexos trazidos pela luz... como aqueles que a água faz no fundo de um lago cristalino.

_Tudo isso... são coisas desconhecidas. Do passado que o homem esqueceu a história que enterrou, dos segredos da vida e morte até mesmo o futuro... ou parte dele. A que os videntes ainda não espiaram, aqueles safados! Bagunçam toda a ordem das coisas!

...


_E... eu com isso?! Me arranja uma forma de voltar velhote, ou vou te arrastar comigo enquanto procuro uma saída! Desconhecido ou não, nada para a mim, o grande...


_Já entendi! Não precisa sacar a espada de novo! Você logo volta, relaxa e senta. Pela ignorância logo vê-se que não é mago... e veio por acidente não? Então você de certo não foi ancorado nesse plano. Acalma que logo o universo percebe e ajeita as coisas; e te puxa de volta... ei, está me ouvindo?!

Mas não ouvia. Pois algo na imensidão desconhecida... parecia familiar... conhecido? Se pudesse ver mais de perto....

_Sai daí sua anta gnorxiana! Não aproxime das paredes ou vai cair!! Se isso acontec-

E então caiu...


[Continua]
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Nota:
Me ocorreu que alguns contos vão explicar melhor a ambientação, como eu a vejo... e pensei numa forma bacana de usar trechos e contos para isso. Esse não é o melhor exemplo do 'feeling' geral do cenário, mas na enquete que fiz votaram em conhecer os 'detalhes e diferenciais' do cenário... nada melhor que eu falar de como magia, mistério, mitos, destino, acaso e o caos afetam o jogo(mais do que os habitantes de Shalazar gostariam :haha: ), e escolhi esse tema para começar.

Vou usar contos(primeiro esse) como exemplos para os tópicos que virão em breve. Só para dar uma palhinha, aqui já vem um exemplo do porque chamam magos de loucos(mesmo quando ainda não ficaram), entidades e como agem no mundo, o plando do Desconhecido, o Salão dos Mistérios de Anon... eu vou linkar trechos de futuros tópicos para esse e vice-versa, vou passar a fazer isso com todos.


Comentários, críticas e perguntas são bem vindos. E sim, é um texto meio confuso, a narrativa é anormal propositalmente... porque eles estão fora do mundo terreno, onde tudo é mais vago e confuso.
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