Diário de Dave Mckean

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Diário de Dave Mckean

Mensagempor Crispi em 02 Set 2007, 21:48

Sequência

Tá, eu não tinha idéias melhores no momento. Você tem? Dane-se. Saí eu de carro percorrendo toda a cidade como um louco até que o sangue (do professor e meu) no lenço de Lola (seu objeto pessoal) enrijeceu. Óbvio, ele secou. Eu não me lembro de ter batido o braço em nenhum lugar, mas eu senti um choque percorrer meu corpo. Parei o carro. Estava em uma rua ferrada e esburacada num canto ignorado da cidade. Estava escurecendo. Olhei ao redor, haviam alguns prédios ao redor. Um deles, abandonado. Quando olhei para ele senti uma vez mais o choque percorrendo meu corpo. Peguei minha lanterna e um pé de cabra e me aproximei. Minha arma estava no coldre, prontinha para qualquer eventualidade.

Entrei no prédio furtivamente e segui por alguns corredores. A claridade do ambiente diminuía à medida que as sombras se alongavam com o pôr-do-sol. Enfim cheguei a uma escadaria da qual podia escutar vozes. Uma masculina e outra feminina. Subi cuidadosamente dois andares até alcançar a origem dos sons. Um salão com a porta entreaberta. Pude reconhecer a voz de Lola, ora choramingando baixinho pedindo para ser solta e ora gritando com raiva. E escutei também outra voz, a de um homem, que ora monologava par Lola, ora conversava com uma terceira pessoa imaginário. “Logo eu trarei você para esse mundo meu amor. E ficaremos juntos novamente e desfrutaremos os prazeres uma vez mais. E traremos nossos irmãos também não traremos?” e outras frases assim.

Medi minha respiração para não chamar a atenção, preparei o pé-de-cabra na mão e fui em direção da porta. Enquanto me aproximava cada passo parecia ecoar por todo prédio, até que eu pisei em uma lasca quebrada do chão, fazendo barulho o bastante para chamar a atenção do sujeito do outro lado. Ele parou seu discurso e foi em direção à porta. Eu me encostei ao lado da porta com o pé-de-cabra em uma mão e a lanterna em outra.

Quando ele pos a cabeça para fora da porta eu o acertei em cheio com o pé-de-cabra. Ele continuou de pé. Tudo bem pode acontecer. Então eu o chutei para dentro da sala, acendi a lanterna na sua cara e o chutei de novo. Ele, ao invés de cair, como todo bom alvo, continuou de pé, e pior, revidou. Revidou pesado. No primeiro ele me pegou desprevenido com um soco mais forte que eu o julgaria capaz de dar.

Lá dentro agora eu podia ver a grande vidraça da janela na outra extremidade da sala, coberto de plástico. Dois sofás grandes e velhos todos corroídos, um lustre quebrado e por fim, mas não menos importante, Lola amarrada por uma corda pelos pulsos esticados acima da sua cabeça; Ela estava nua e tinha símbolos gravados em todo corpo com sangue. Ao seu lado tinha um cachorro de rua todo ferrado morto e ensangüentado.

Continuei a peleja. Ataquei-o mais umas 4 vezes com o pé-de-cabra e me esquivei de dois ataque e levei mais dois socos. Ele tinha a mão mais pesada que a minha cara já teve a oportunidade de experimentar. Mas finalmente ele caiu. Qualquer pessoa normal teria ficado, sei lá, morto com a cabeça parecendo que saiu de um compressor de carros. Mas ele continuava bem, exceto estar inconsciente. Eu fui até Lola e a soltei. Ela caiu em meus braços, apavorada.

- Ele disse que iria usar meu corpo para abrir um portal ou algo assim. Alguém iria vir do Abismo para meu corpo.

E disse várias outras coisas fragmentadas, chorando.

- Ei, ei. Está tudo bem agora, ele não vai te fazer mal algum mais. Eu não vou permitir.

- Você promete?

- Prometo.

Então a cobri com minha capa. Algemei o camarada em uma viga do prédio e sai com Lola. Levei-a até um táxi, paguei adiantado e a mandei para o apartamento do professor. Liguei para ele e disse para cuidar dela até que voltasse. Então pedi ajuda com o cara estranho algemado. Se ele era um doido varrido que pensava estar possuído então um exorcismo deveria acabar com sua personalidade bônus certo? Passei o endereço dali para o professor e ele acionaria alguém para me ajudar.

Então tomei uns bons goles de uísque que estava no meu carro e voltei para dentro. Quando entrei na sala, o cara estava acordado, embora preso. Me sentei em frente a ele, encostado em outra vida, a uns 5metros dele. Ali agora estava praticamente todo escuro, apenas parcamente iluminado pela luz do poste lá em baixo que conseguia entrar através da janela.

Ele me encarou. Eu não podia enxergar seus olhos, mas uma sensação fria passou por todo meu corpo. Bebi mais um gole de uísque. Ali parecia estar mais frio que do lado de fora.

- Quer um trago? – perguntei oferecendo a garrafa a ele.

- Você vai me soltar – me respondeu com uma voz cavernosa. Eu poderia jurar que enquanto ele falava as sombras se sentiam desconfortáveis e tentavam fugir.

- Por que eu faria isso?

- Tenho tanto a te oferecer.

- Depois de ter seqüestrado minha garota?

- Ela seria a porta para o outro mundo.

- Não essa garota. Nem nenhuma outra, cretino. To te oferecendo um trago, quer ou não?

- Não desejo nada que possa me oferecer. E se não me soltar logo, você será o portal – Mais uma vez mais as sombras se inquietaram e meu corpo tremeu. Bebi mais um pouco.

- Então fica sem, babaca. Daqui a pouco chega um amigo meu, exorcista. Você vai voltar para o buraco escuro e cheio de merda de onde veio.

Então ele se inquietou e eu pude sentir diversas sensações desagradáveis que navegaram da voz dele e penetrou meu corpo quando ele urrou para mim. Dor, medo, raiva, desespero e outras sem nome.

- Solte-me! Sei seu nome, conheço você. Eu tenho milhares de irmãos que irão lhe perseguir se não me obedecer. Eu te matarei.

- Entra na fila, filho da puta. Pode escutar? São passos. Parece que meu amigo chegou.

Então a porta se abriu e nós dois olhamos quem entrava. Um garoto! A porra de um estagiário foi o que o professor me mandou. Tinha idade para ser coroinha. Loirinho de olhos azuis, uns 18 anos. E estava admirado com o que via. Ele se aproximou do algemado e esse tentou avançar para o garoto que deu um passo para trás, assustado.

- Um verdadeiro. Ele me mandou um verdadeiro.

- Toma um gole garoto, vai se sentir melhor – eu disse a ele enquanto me postava ao seu lado.
- Não, eu preciso de meu corpo puro.

- Então deixa de papo e vamos começar. O que quiser que eu faça, é só dizer.

Ele acenou com a cabeça. Trazia consigo um velho livro, praticamente manuscrito, que abriu no chão em frente ao sujeito, tremendo de medo.

- Um fraco, me enviaram um fraco. Há! – disse o maluco – vou te devorar padrezinho.

E riu, irritantemente. Eu acendi a lanterna para iluminar o livro e o garoto tirou uma cruz e começou a ler latim para o cara. Este ria-se e ameaçava, se gabava, admoestava. A cruz parecia inútil contra ele. O garoto suava. Então eu lhe tomei a cruz e dei uma porrada com ela na cara do infeliz. Assim funcionava melhor.

- Toma garoto, tenta isso.

Lhe dei a velha Estrela de Davi. Então começamos a incomodá-lo. Passaram-se mais de duas horas enquanto ele rugia e chorava e fazia ofertas e implorava e ameaçava. Líamos juntos as passagens do livro. A cada momento parecia que ele nos sugava o ânimo, a esperança, a energia, a vontade. Mas finalmente conseguimos. Um fogo translúcido ardeu em seu corpo e flutuou como uma fumaça esverdiada até se dispersar no ar. Ele que envelheceu até a idade real de Joey e então o corpo começou a se decompor rapidamente até um estado avançado. Como se tivesse morrido à meses. Na nossa frente. Então tá né? Quando acabou a exaustão era enorme. Mandei o garoto embora e cuidei do resto. Chamei a polícia, dei a melhor explicação eu pude:

- Eu cheguei aqui e ele estava assim (sem algemas, claro). Me explica por favor! Como isso pode ter acontecido? Não faz sentido. De manhã ele estava vivo! Me diz como isso aconteceu!

Enquanto o pessoal da perícia tentava pensar a respeito para me responder, dei o fora. Estava exausto. Do lado de fora trombei com um jornalista. Fingi de égua, que não tinha nada a ver com isso, e cai o fora. Felizmente estava escuro e ele não viu meu rosto pálido.
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Diário de Dave Mckean

Mensagempor Crispi em 27 Out 2007, 23:53

Depois encontrei Lola na casa do professor. Ela tinha roupas masculinas e rústicas que lhe eram maiores que o próprio corpo e enrugava em diversas partes. Roupas do professor. Ela ainda estava abalada e a xícara de chá em sua mão tremia assim como seus nervos. Ela se sobressaltou quando entrei sem bater no apartamento, assustada. Mas então acalmou quando soube que tinha tudo acabado.

Levei-a para casa, onde a deixei, ainda muito abalada. E meus nervos em frangalhos. Depois disso não me lembro como cheguei em casa. Foi mecânico. Estava tão exausto que quando dei por mim estava relaxando na cama, pouco antes de pegar no sono.

No dia seguinte sai cedo, não consegui dormir bem. Andei pelas ruas de Berlim de livraria em livraria, de sebo em sebo em busca de um punhado de livros que o professor tinha me indicado. Almocei em um restaurante em uma praça que poderia se confundir com a de qualquer filme e continuei minha busca pelos livros. Passei quase o dia todo nisso. Era por volta das 4h da tarde quando liguei para Lola.

- Ei Lola, como vão as coisas? Tudo bem com você?

Ela então me respondeu baixinho, sussurrando, suplicante.

- Alguma coisa deu muito errado. Vem pra cá, por favor.

- O que houve Lola?

- Só vem para cá rápido!

- OK. Estou indo.

Fui para lá o mais rápido possível. Tenho certeza, 4:40 PM estava na porta da casa dela. Bati uma vez. Duas vezes. Não houve resposta. Liguei para seu celular e deu ocupado. Liguei para a casa e escutei o telefone tocando do outro lado da porta. Tocou uma vez, duas vezes, três, quatro, cinco vezes. Bati de novo e nada. Então forcei a porta e com a arma na mão entrei. Estava tudo quieto, sob a luz fraca do dia nublado e do fim da tarde. E silencioso. Andei pela casa e não encontrei nada de anormal. Cozinha, pequena, limpa, branca. A sala, com poltronas, um estéril, fotos de criança e adolescente nas paredes e diversas bugigangas antigas. Um quarto com sofás listrados e televisão; com uma estante de madeira e fotos dela com pessoas e um cachorro. Uma área com uma máquina de lavar pequena, branca e com uma porta redonda transparente através da qual podia se ver peças de roupa intimas molhadas. Então fui para o seu quarto. Um calafrio que percorreu meu corpo e arrepiou meus pelos e cabelos. Por um momento achei que estava sonhando. Queria estar sonhando. A porta se abriu lentamente. Um quarto escuro. Uma cama de casal. Sobre a cama Lola, com uma expressão de terror no rosto, olhos abertos e vagos, braços tortos de uma forma desagradável. Uma blusa clara e sem manga que acaba pouco antes do umbigo e abaixo... Nada. Partida ao meio deitada sobre um mar de sangue que faz os detalhes da colcha se tornarem imperceptíveis e que escorre pelo chão do quarto. Eu estava pisando nele. Ao lado de sua mão esquerda seu celular aberto com o número da última chamada. A minha ligação. Sua metade de baixo não se encontrava no quarto. Nem em nenhum outro lugar.
Não sei quanto tempo permaneci ali parado. Nem notei quando comecei a me mexer. Com o habito do trabalho comecei a analisar a cena do crime, a observar. Não houve briga, seja lá o que tiver acontecido, ela não tinha como resistir. Tomei todos os cuidados, recolhi evidencias, amostra de sangue, de cinzas de um curioso círculo de cinzas ao redor da cama, um prendedor de cabelo ornamentado com um escaravelho (egípcio) e só voltei a mim quando pensei ter visto um vulto escuro no espelho. Me virei, mas não havia nada. Corri para fora do quarto, me sentei no corredor, assustado. Lutei contra o vômito que subia pela garganta e contra a loucura que me espreitava. Peguei para Brunnel, dei-lhe o endereço e mandei que viesse rápido com a equipe.

Quando eles chegaram eu ainda estava no chão. Não conseguia pensar em nada. Ela estava morta, e a equipe servia para me confirmar isso, como se eu não acreditasse nos meus sentidos.
Mais tarde tive uma visão. Ou algo do tipo. As vezes varia com a década, as vezes varia com a religião, a forma de chamar isso. Tudo que sei é que eu vi. Uma figura alta, translúcida vestindo uma longa e bruxuleante capa negra que lhe cobria todo o corpo. Na mão empunhava uma espada de lâmina com fio duplo e longo. Nela diversos símbolos egípcios estavam gravados em baixo relevo. A ponta estava voltada para mim. E isso eu vi de relance no reflexo de um espelho enquanto passava pela sala do apartamento indo para fora. Ótimo! Estou ficando doido.

Durante aquele dia essa aparição ainda me assombraria algumas vezes. Mas por fim, choveu no enterro de Lola. Acho que foi numa quarta feita 10h da manhã. A polícia não soube explicar o que aconteceu. Eu passei o restante das férias bebendo e visitando o cemitério durante a noite (e sendo expulso dele às vezes). Nos momentos de sobriedade aprendia com o professor os rudimentos de hebraico, história antiga e mitologia. Mike voltou da África. Contou-me histórias de ter enfrentado homens que mudam de forma e se tornam leopardos. E de ter conhecido um tal de Anansi, que veio com ele nos ver. Para mim é só um preto velho muito do safado. Mas é claro, nada normal. É um tipo de espírito que só é visto quando quer ser visto. Preto, velho e muito safado.
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Diário de Dave Mckean

Mensagempor Crispi em 02 Nov 2007, 14:39

Abril 2007

De volta a Londres. Logo quando chego, fico sabendo que terei um novo parceiro, fruto de um programa de intercambio. Carl Donovan, de Los Angeles. Um sujeito que fala alto, grita, fala errado como qualquer americano, bebe o tempo todo, fuma o tempo todo, tem mais ou menos o meu porte, cabelos mais claros e pele mais bronzeada. Resumindo, exceto por falar errado, é o meu tipo de gente. Logo no nosso primeiro dia de trampo juntos fomos a um prostíbulo de Londres. Mas estou me adiantando.

Me escolheram para seu parceiro por causa de sua excentricidade. Ou melhor, da minha. Sabe como é! Não se envolve com os tipos de caso que eu me envolvo e sobrevive e permanece são sem ganhar uma reputação. Não muito boa. Pois então, éramos Carl e eu parceiros agora.
Nosso primeiro caso. Um garoto de 17 anos foi morto atacado por um animal em um beco escuro e sem câmeras no Soho, subúrbio de Londres. Causa da morte a perfuração de vários órgãos internos pelas próprias costelas partidas por um ataque de (prepare-se) urso. Isso mesmo. Um urso a solto nas ruas de Londres. Ridículo, isso sim!

Algumas coisa sobre Carl: primeiro, ele não consegue falar uma frase sem palavrão, com exceção quando tem mulher por perto; segundo, ele gosta muito de um amigo de LA cujo apelido é “Podrão”, por causa do cheiro, e de quem ele fala sem parar; Em LA, Carl e Podrão enfrentaram tudo quanto é tipo de treco, bebedores de sangue, fantasmas, bruxaria e o diabo a quatro. Ah, e “peludos”, mas estou me adiantando de novo.

Pois bem, recebemos a incumbência de investigar isso. Ursos em Londres. As vezes acho que o chefe fica de sacanagem comigo. Mas tudo bem. Não virei capitão a toa. Uma outra coisa que devo dizer. Sobre um jornal. Já viu um daqueles tablóides que falam de fofocas de gente importante? Casos antigos da rainha, do príncipe Charles, de gente famosa, de atores, músicos e milhares de podres que mesmo que qualquer uma dessas personalidades vivesse 100 anos não conseguiria cometer? Bem eu comecei a ler um tablóide desse tipo. Carl também o lê. A diferença é que esse jornal trabalha com noticias bizarras e sobrenaturais. Aqui sobre o fantasma da princesa Diana que percorre os corredores do palácio. Nos EUA com as aparições do Elvis. Vimos uma matéria nesse jornal falando sobre espíritos no palácio. Na foto tinha uma figura animal e espectral. Ah, antes que me esqueça, esse jornal também fala que Emily (do Evanescensse) é uma vampira e o restante da banda são seus escravos de sangue; diz que tem um povo morando nos subterrâneos em comunhão com demônios, diz que pessoas são abduzidas diariamente e coisas dos tipo. Esse é o “Especulador”.

Movidos pela pura falta de pista sobre o assassinato combinamos Carl, Mike e eu de nos encontrarmos a noite no palácio. Por que Mike? Vai descobrir. Mas antes fui falar com uma amiga do rapaz assassinado. Advinha quem. Sei que consegue. Tiphany. Ela mesma. Namorada de bruxa, de nazista, e para raios de tudo e quanto é treco das redondezas.

Nos encontramos num pub. Conversamos sobre o acontecido. Ela estava abalada. Apresentei Carl a ela. Não ajudou muito. Ale também me falou que desconfiava de um cara novo da faculdade. Andrews o nome do sujeito e ele veio do interior, é truculento e tava dando em cima da namorada do garoto morto. Morto por um urso, claro, tudo a ver! Uma coisa nos chamou a atenção. Ou melhor, a atenção de Carl. Tiphany disse sobre ter a impressão que os olhos desse Andrews brilhassem no escuro por alguns instantes, como os de um animal. Carl sussurrou “peludo” para mim.

Eram 19h e estávamos Carl, Mike e eu no palácio. Entramos com um grupo de visitantes da terceira idade, fizemos a “jogada Cansas City” como disse Carl para despistar o grupo e nos aventuramos por fora do roteiro de visitas. Andamos por diversas partes do palácio até que encontramos o lugar da foto do “Especulador” e o vasculhamos. Encontramos um leopardo em um dos quartos que fugiu pela a janela. Como pode adivinhar, não era o que procurávamos. Mas seguimos o animal. Outra observação que provavelmente não preciso dizer, só nós vimos o animal e nem preciso conferir nas câmeras do lugar para saber que ela não foi captada.

Seguimos o animal até o lado de fora do palácio. Quando chegamos lá haviam homens nos esperando. Eram pendência da Libéria. Mike resolveria sozinho. Nós esperaríamos. Claro, por que não. Eles se foram e Mike os seguiram e nós fomos pouco depois.

Chegamos a um galpão. De lá saiu um bem. Um homem, com um uniforme do exército da Libéria. Alto, negro, forte, pálido e com diversos buracos pelo corpo, incluindo um na cabeça enorme. Ele passou por nós e se foi. Mas no galpão Mike enfrentava soldados liberianos e um leopardo. Beleza! A sanidade já não faz parte dessa história a muito tempo. Mike deu conta do leopardo com sua Estrela de Davi enquanto Carl e eu demos conta dos soldados liberianos. Um morreu, o outro foi freso. E eu levei um tiro de raspão no rosto e uns pontos.

Depois disso Mike foi ver sua namorada, Wanda Sunsetson (esse é o sobrenome dela, não me lembrava) enquanto Carl e eu fomos a um bar. Um bar onde poderíamos encontrar o pessoal do Andrews, de acordo com Tiphany. Dancei, Carl bebeu. Encontrei um cara tentando dopar uma garota. Carl bebeu. Levei o cara pra fora e enchi de porrada. Carl bebeu. Voltei e dancei mais.

Carl bebeu. Andrews me convidou para me sentar com ele e sua galera. Carl bebeu. Andrews se desculpou pelo idiota do primo que tentou dopar a garota, esfregou uma mina muito gostosa da gangue no meu colo e me convidou para entrar pra gangue. Carl bebeu. Eu aceitei. Carl bebeu. Marcamos um encontro da gangue em um túnel abandonado do metrô onde aconteceria um movimento depois do show do Evanescensse. Carl bebeu. Os olhos de Andrews brilharam quando uma luz incidiu diretamente sobre eles. Carl bebeu.

Andrews é um sujeito um pouco mais alto que eu, uns 1,80 talvez. Ombros largos e corpo desenvolvido. As mãos calejadas e um jeito de falar com sotaque do interior. Cabelos longos e negros até os ombros. Olhar firme, confiante e, brilhante. Inspira um pouco de medo e um pouco de simpatia.

Depois do bar compramos umas garrafas e fomos ao puteiro. Cada um foi para o seu canto. Tive uma noite maravilhosa com uma pequena loirinha e ele com uma afro descendente. Na hora não saquei. O êxtase foi tanto que não pude pensar. Mas depois que eu saquei. A loirinha me mordeu. E bebeu do meu sangue. E não deixou nenhuma marca além de uma marca de chupão. Aquela safada! Em um outro momento mais oportuno eu voltaria até ela para resolver isso. E para que ela fizesse de novo.

Dia seguinte, acordei um caco, sabemos porque, mas é um grande dia! Aliás, grande noite! Show do Evanescence. Não sou um fã. Quero dizer, é um grande show! E é isso que importa. De noite, estávamos todos lá no estádio, curtindo o show, pulando, gritando, bebendo, fumando e zoando o máximo possível. Sem considerar Murphy é claro. E ele deu sua passada por lá. Estávamos no meio do show quando notei uma grande concentração de pessoas se debandando. Fui até lá. As pessoas se afastavam do corpo de um jovem garoto. Idade entre 17 a 19 anos, 1,70cm, caucasiano, 65kg. Tiro na cabeça, sinais vitais fracos, sangue por todo lado. Mike e eu fizemos os primeiros socorros. Liguei para a emergência e para a policia. Na identidade seu nome é Andrews, tem 17.

Sai em busca do ponto de tiro. Passei por Andrews, da gangue e cheguei as arquibancadas. Lá, após procurar um pouco, encontrei um cartucho de bala. Com Mike segui os rastros do atirador. Mandei o pessoal da ambulância me avisar sobre o garoto e se qualquer coisa estranha acontecesse. Seguimos até a saída do estádio. Pegamos imagens de câmeras daquela entrada para analisarmos. O pessoal da ambulância me ligou. O garoto estava em estado crítico, mas ainda vivo. Retiram a bala dele, era de chumbo com núcleo de prata. Ótimo! É cada uma.

Mais tarde o show voltaria a acontecer. Entrei em contato com a produção do show para garantir acesso as câmeras de vigilância e todo e qualquer tipo de informação que eles tivessem. E, por fim, me encontrei com a banda propriamente dita. A vocalista, linda, Amy Lee. Bem, e o resto. Que foi? Disse que não sou nenhum fã. Sim, sei os nomes deles: Amy Lee, vocal e piano, Terry Balsamo, guitarra, Tim McCord, Troy McLawhorn, guitarra e Will Hunt, bateria. E por fim, pedi autógrafos e sai dali apinhado de brindes.

Me encontrei com Mike ao sair de lá. Ele me perguntou sobre a entrevista com a banda, falei de tudo e lhe dei um boné da banda. Liguei para Carl. Estava bêbado em um pub qualquer. Mike levaria Wanda em casa e buscaria Carl e eu iria para meu encontro com a gangue. Uhu!

O encontro com a gangue aconteceu no inicio da madrugada. Nuns tueis abandonados do metrô. Acreditei que haviam me tapeado enquanto percorria os túneis escuros até que vi uma luz no fim do túnel. Literalmente. Era uma fogueira. Quando cheguei lá estavam Andrews e sua turma. Uns cinco homens e quatro mulheres. Bebiam, jogavam, riam. Quando me aproximei fui saudado.

- Você veio, realmente. Ouçam todos, este é Dave, e ele vai participar da prova hoje.

Prova? Pensei que era só para me divertir com umas gatas e drogas. Atrás de Andrews havia um afro descendente bem forte e alto. Como de guarda, e outros descontraídos vestindo roupas de couro maltratadas. E umas mulheres sensuais vestindo bem pouco e bebendo e rindo a vontade.

- E que prova é essa Andrews?

- É simples. Vê aquele lado escuro? Aquele vulto? É um vagão descarrilado. Você vai para lá e fica por lá até acharmos que é o bastante. O que me diz?

- Por mim, tudo bem.

Com um cigarro aceso na boca, uma garrafa de uísque na mão e a lanterna na outra. Fui seguindo em frente até o local indicado. Posso até imaginar o que Mike diria se estivesse ali “Que merda tem na cabeça? Te mandam pro escuro e você vai? Parece criança” ou algo assim. Mas felizmente ele não estava. A medida que seguia a escuridão me engolia e em pouco tempo o facho que luz da lanterna não me indicava exatamente onde estava. Ao redor escuridão, em baixo trilhos desgastados. Estria mesmo naquele mesmo local?

Bem, não teria tempo de pensar sobre isso. Minha lanterna passou rapidamente por algo com um par de olhos que brilharam. Quando voltei o foco, havia desaparecido. Mas eu podia sentir as respirações ao meu redor. Um minuto de silencio, e então os ataque começaram. Me esquivei de alguns. Vultos que passavam por mim rosnado. Até que um me mordeu. Um lobo. Um lobo! Em Londres! Pulou em cima de mim e me mordeu o ombro. Apaguei o cigarro nele e bati com a garrafa. Ele ganiu e sumiu na escuridão. Outros saltaram e eu me esquivei e golpeei. Acertei alguns, errei outros. Então corri para a parede. Quando alcancei um grande saltou sobre mim e cravou fundo suas presas no meu ombro esquerdo. Me chame de viciado, mas no meio do caminho tinha acendido outro cigarro. Apaguei outro cigarro nesse que estava dependurado em mim, que ganiu e me soltou e o golpeei com um chute nas costelas.

Cai então de joelhos, tonto e larguei a lanterna no chão, apontando para minha frente. O facho de luz contornava a silhuetas de mais lobos que se aproximavam cautelosamente, se excitando com o cheiro do meu sangue. Saquei a arma. Você deve estar se perguntando “Por que só agora ele sacou a arma”. A questão é que tudo aconteceu rápido demais e eu não esperava encontrar lobos ali. Nem acreditava estar vendo eles ali. Smurfs sim. Lobos não. Eles continuaram a me atacar por um tempo. Acertei e espantei alguns com tiros. E fui mordido algumas vezes mais. Não saberia dizer ao certo. Estava acabado. E então, sem mais nem menos, um longo e forte assovio soou por todo o lugar e os bichos desapareceram na escuridão. Fiquei ali jogado no chão.

Rasgando minha capa em trapos com um canivete, improvisei ataduras para conter os sangramentos. Me sentei e me acalmei. Acendi um baseado. A porra do lugar não tinha nenhuma rota alternativa de fuga. Então ecoou pelo lugar a voz de Andrews.

- Dave!

Não respondi de imediato.

- Dave?

Continuei mudo.

- Dave, você está bem? Acabou, pode sair.

E então respondi.

- Só isso? Já acabou?

- Já – ele respondeu.

- E eu achando que iria me divertir.

Caso tenha alguma dúvida, não, não conseguia ficar de pé direito. Voltei para a luz mancando e com as diversas mordidas empapuçadas de sangue. Lá fui recebido por um caloroso abraço por parte de Andrews. Caloroso e dolorido. E ele se voltou para os outros e disse.

- A partir dessa noite, Dave é um de nós. Um “Deadly Trails”.

Todos vibraram. E eu vibrava por dentro. Uhu! Se eu soubesse tinha ficado em casa assistindo filme na TV. Estava ali só pelas garotas. Andrews fez então um sinal e uma das garotas trouxe até nós algo embrulhado no couro e deu com todo cuidado a Andrews. Este por sua vez, com todo cuidado e respeito desenrolou o objeto. Era uma adaga, de prata. Ele estendeu-a para mim e gesticulou para que eu estendesse a mão. Eu estendi. Ele pos a lamina da adaga na minha mão. Eu a apoiei.

- Não sente nada? – Me perguntou.

- Hum... dói no ombro, nos braços, nas pernas. A cabeça lateja e tudo gira.

Senti uma movimentação atrás de mim e senti uma pancada na nuca. Acordei sei lá quanto tempo depois. Todos já tinham partido e eu estava sendo sacudido por Mike. Mais tarde me contou que ligaram para ele do meu celular e mandaram que me buscasse. E ali estávamos nós. Ele me apoiou até o carro.

- Cara, você está horrível. Vamos ao hospital.

- Não, valeu, conheço lugar melhor. E onde não preciso preencher nenhum relatório.
- O que te aconteceu?

- Fui mordido por lobos.

- Não seja ridículo, não tem lobos em Londres.

- Por isso não quero preencher relatório.

Fomos então para casa de um amigo. Rickman, Daniel Rickman. Um sujeito magricela, de cabelos loiros desgrenhados e gente boa. Eu o conheci enquanto era detetive. Num caso com drogas. Estava atrás de um assassino da máfia que estava apagando a concorrência de um certo peixe grande. Tinha matado cinco e o próximo alvo era Daniel. Eu cheguei a tempo de impedir. Daniel plantava erva na sua casa. Peguei o assassino e o prendi. Não tinha nada com Rickman. Desde então ele me fornecia um pouco de erva. Ele mora no Soho. Ele é bom no que faz, mas não sabe administrar. Ele é veterinário. Ama os bichinhos. Foi hippie boa parte da juventude. Quando se formou montou sociedade com um amigo rico da faculdade. Demorou alguns meses até que percebeu que o amigo estava fazendo uns curativos na sua namorada. Ele então pôs em xeque a amizade e o relacionamento. Resultado: hoje ele mora num consultório no Soho e o amigo ficou com a mulher. Isso ele me disse depois de uns goles. Num balcão de bar. Ele curte bem beber. Mas fora isso ele rala pra caramba para pagar as contas, atende um monte de vizinhos que não pagam (mas ele não pode ver animal ferido) e sempre que se sente mal ele bebe para esquecer. Talvez a ressaca seja preferível.

Batemos na porta de Daniel deviam ser lá pelas 3h da madrugada. Eu desmaiei algumas vezes no caminho para lá. Ele demorou um pouco mas gritou lá de dentro.

- Quem é?

- Sou eu, Dave.

- Dave, que diabos tá fazendo a essa hora?

- Eu acho que meu poodle quebrou a patinha cara.

“Han?” ele perguntou enquanto abria a porta. Então ele me viu e eu quase cai sobre ele. Ele me apoiou e me ajudou a entrar.

- Que diabos aconteceu com você cara?

- Soltaram os cachorros em mim cara. Mas estou vivo. Ah, esse é meu irmão, Mike.

Ele complementou Mike com a cabeça e me pos numa maca. Começou a me examinar. A cada ferida ele fazia uma careta.

- Mas que diabo Dave, o que aconteceu contigo?

- Ow cara, fui atacado por cães.

- Essas mordidas são profundas demais e tem formatos específicos e característicos demais. Não foram cães.

- Foram lobos.

- Não seja ridículo, não tem lobos em Londres.

- Por isso vim aqui.

- Devia ter ido para um hospital Dave.

- Foi o que eu disse, mas não quis escutar.

Esse foi Mike entrando na conversa.

- Qual é, me dá uma anti-rábica e costura essas coisas ai.

- Você acha que é fácil? Como você se mete nessas?

Esse a seguir também é o Mike.

- Isso mesmo Dave, como você se mete nessas?

- Qual é, que eu fiz? Fui numa festinha e dei azar oras.

- Ah, você quis se engraçar com a cachorrona né? E ficou assim. Você não pensa antes de fazer as coisas não?

- Estou vivo, não estou? Qual é o problema?

- Mas faltou pouco para estar morto. Não aprendeu a lidar com essas merdas com as quais a gente tromba? Não aprendeu nada? Que com essas coisas não deve dar mole?

- Ora, se eu não agüentar o tranco, então talvez eu mereça morrer mesmo. Lola morreu.

- Ah, então se trata disso? Você ainda não superou a morte dela?

- Superrar a morte dela? Ele não caiu na banheira durante o banho. Ela foi esquartejada cara! E eu não pude fazer nada. Se eu fosse mais forte... Se eu soubesse mais... Eu prometi pra ela cara. Que nada de ruim iria acontecer a ela, que eu não deixaria. Encontrei ela partida ao meio com o celular na mão e o meu numero. E uma coisa negra rindo de mim de algum lugar que não posso alcançar.

Daniel estava assistindo a discussão interessado, com um sorriso, enquanto fazia os pontos. A boa e velha anestesia, uísque. Mas então o interfone tocou novamente. E ele se levantou para atender. É raro visitas e essa hora da noite. Da vez anterior era um cara todo ferrado pedindo abrigo, isso é, era eu. E as chances de ser coisa melhor eram menores. Mike foi com ele. Como fiquei a par em seguida, eles abriram porta para uma jovem loira de uns 17 anos, vestindo trajes bem rotos e suja.

- Por favor, me ajudem. Eles estão atrás de mim. Preciso encontrar alguém. A guria pareceu familiar, mas não se sabe de onde. Mike e Daniel olham para fora, para os dois lados, mas nenhuma viva alma em qualquer direção. Eles cogitam por a garota pra fora até que ela reconhece Mike e se joga na direção dele.

- Tio Mike!

- Tio? – pergunta Daniel.

- Tio? – pergunto eu – quantas famílias você tem afinal?

- Tio Dave, não me reconhece? Sou eu Helhein.

- Que curtição é essa garota? A essa hora da madrugada? Helhein tem 10 anos de idade. Como sabe sobre ela?

Ela me abraça e aperta alguns machucados. Eu sinto uma pontada de dor.

- Como assim? Eu sou Helhein . Quanto tempo se passou desde Berlim?

- Uns dois meses – responde Mike.

- Como assim Mike? Do que ela está falando? Você sabe do que ela tá falando?

- Err... Bem... Sei.

- Mike? – eu disse.

- Primeiro vamos dar o fora daqui.

Fomos para casa e no carro ele me explicou sobre ela. Ela supostamente foi seqüestrada e substituída por uma copia em Berlim, na época que a gente estava dando porrada nos skinheads e no nosso avô. E ele tinha se esquecido de me dizer. Coisa tão sem importância. Ela nos contou como enquanto Mike e eu púnhamos fogo no prédio do Meridian tio Ismael e os outros judeus adormeceram e os homens encapuzados saíram do espelho e a levaram. Deixaram uma cópia dela no lugar. Shakespeare chamou isso de Changeling, em Sonho de Uma noite de Verão. Que foi? Eu leio.

Lá eu peguei roupas novas para ela e uma toalha para que se banhasse e fui para o meu banho. Todos meus ferimentos arderam e quando sai da banheira escovava meus dentes para tirar o gosto de sangue na boca tive uma alucinação. Alguém do outro lado do espelho olhando para mim. Quando o vi, ele se foi. Depois disso recolhi todos os espelhos da casa e levei para a garagem. Mancando.

- O que você está fazendo Dave? – Me perguntou Mike.

- Recolhendo os espelhos da casa. Tem gente demais confundindo isso com porta. Os mascarados, Helhein, Alice...

Depois dormimos todos no mesmo quarto. No meu quarto, Carl estava roncando no de hóspedes. Tive um sonho, não muito legal. Estava numa floresta nu carregando uma lança rústica. Quando notei a aproximação de rosnados e me pus a correr. Com pouca dificuldade os lobos me alcançaram e eu subi numa árvore. Eles me cercaram e saltavam na minha direção e eu os espantava com a lança.

Um dentre eles se destacou e lentamente mudou de forma, para um ser humano. Ele me encarou com um olhar forte e me disse “Depois de tantos séculos nos perseguindo humano, agora a situação se inverte. Não somos mais a caça!” não me lembro da minha resposta, não deve ter sido importante. Depois da conversa ele voltou a forma lupina e junto com os outros foi embora.
Não foi o pior sonho que já tive, mas certamente não foi o melhor. E achei que Mike teve um sonhos desse também porque ele não acordou. Simplesmente não acordou. Eu chamei, sacudi, gritei e na medida que fiquei assustado com isso, bati (não me orgulho muito disso).

Levei-o para o hospital. Lá, depois de alguns exames, os médicos disseram que ele estava em coma, porém mantinha intensa atividade cerebral, como se estivesse desperto. Eles nunca viram isso e queriam fazer exames mais bem elaborados, mas precisavam de minha autorização. Eu a neguei, não podia tomar essa decisão sem ao aconselhamento do nosso rabino. Ele estranhou “Você é judeu?”. Mas no fim das contas esse foi o inicio de mais uma etapa da coisa. Rabi Ismael veio para aconselhar enquanto Mike estava em um outro lugar, bem profundamente, dentro de si.
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Crispi
 
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