por Argon em 14 Jan 2009, 21:03
ENTRECENA – Os Arqueiros Negros
Dia 10 do primeiro mês do inverno: Yash inicia a descida pela rampa para reencontrar-se com o eladrin e os prisioneiros e de cima os vê sob a mira de três arqueiros encapuzados. Seus rostos são parcialmente cobertos por véus escuros expondo apenas seus olhares atentos. Eles portam uma capa externamente negra e tingida de verde musgo na face interna e trazem ainda um par de espadas curtas na cintura. Seus arcos longos são magicamente adornados e muito bem trabalhados o que faz com que Yash descarte logo tratar-se de ladrões comuns.
Ele tenta ser furtivo e prepara sua arma mas antes que possa disparar as duas flechas irmãs ele escuta uma voz feminina soar próxima: -PARE Narayan! Não somos teus inimigos, então não nos obrigue a matá-los pois nada vai impedir-nos de recuperar aquilo que viemos buscar. Largue suas armas e eu garantirei a sua segurança bem como daqueles que protege, do contrário tua honrosa luta neste platô terá sido em vão.
O morris se vira e vê a pequena distância outros três arqueiros mirarem contra ele. Um deles ao contrário dos demais expõe sua face mostrando-se uma bela ranger meio-elfa de olhos claros. Ela porta um colar muito parecido ao que ele vira com Garel na noite em que fora assassinado.
Ele pergunta quem são e porque os estavam ameaçando se não eram inimigos e a jovem responde que seu nome é Lyana, que os arqueiros eram seus comandados e que estavam atrás do livro roubado do padre Garel no dia de seu assassinato em Troy.
Yash tem poucos instantes para decidir-se e pondera sobre seus ferimentos e dos demais bem como o fato de terem a pequena Milla mortalmente vulnerável sob suas miras e, embora não se deixe intimidar pelo estranho grupo uma nova luta seria suicídio naquele momento. Intimamente ele admira as feições da ranger e sente verdade nas palavras da bela moça. O morris então repousa suas armas no chão e se permite ser conduzido até os demais enquanto um dos arqueiros carrega seus objetos bélicos. A jovem acena pros outros mandando-os trazerem o eladrin e os prisioneiros de volta ao platô enquanto Lyfaen carrega a ainda enfraquecida Milla.
Yash se preocupa com a condição física da menina e Lyana promete ajudar assim que entregarem o livro.
No caminho o morris pergunta o que a faz ter tanta certeza que eles estariam com aquele objeto e como eles teriam chegado até aquele lugar e a jovem diz que o padre ancião havia conseguido informar sua localização antes de morrer. Ela entrega que o amuleto que ela usa é capaz de localizar o último ser vivo que manteve posse do livro por mais de um dia. - Inicialmente ele apontava para Troy e depois ao Vilarejo do Talho onde há dois dias encontramos um meio-elfo clérigo de Avandra vítima de uma emboscada na estrada e bastante debilitado por uma seta carregada com um poderoso veneno. Ele confirmou ter estado em Troy e posteriormente com o livro mas que haviam sido roubados em Paranor e seus amigos teriam partido para tentar recuperá-lo. O pobre sacerdote mesmo fraco fazia de tudo pra salvar a vida de uma criança também vítima dos ferimentos do ataque e orava fervorosamente para que seus amigos pudessem retornar e resgatar outra criança tornada prisioneira pelos assaltantes, mas bastante enfraquecido não conseguia executar seus poderes de cura e desesperado ele pediu que o ajudássemos em troca destas informações. Fornecemos poções de cura que talvez tenham salvo o pequeno humano, mas temo que ele mesmo não tenha sobrevivido da condição em que se encontrava, pois nada podia ser feito por ele. A ranger conclui sua frase com certa tristeza no olhar e ainda pergunta a Yash: Ele se referia a vocês não é mesmo? Vocës são os amigos do clérigo de Avandra... mas o morris apenas se cala pesaroso sem no entanto negar tal informação.
Partimos e então encontramos os restos da caravana atacada mas o amuleto já apontava na direção da floresta. Seguimos os rastros frescos deixados por vocês e as carcaças dos goblins tombados no caminho e cercamos o platô, mas assim que avançamos vocês já haviam vencido o combate.
Eles se aproximam dos demais que aproveitavam pra cuidar de seus ferimentos e do anão recém libertado mas logo que notam a presença dos estranhos são também surpreendidos por outros quatro arqueiros como os anteriores que acabavam de sair por detrás das árvores . Borandor saca sua picareta enquanto Tradok pragueja tamanho azar ainda com o irmão de raça inconsciente em suas mãos. Aenis ainda se mostra muito fraca por ter usado toda sua força contra o totem e o cavaleiro sabe que não pode contar com seu poder e então se detém.
O grupo pesadamente ferido e exaurido de suas forças sabe o risco que teria se reagisse e por fim se entrega a sorte das promessas da líder dos arqueiros. Um dos que vieram pela mata se mostra ferido no abdômen. Yash reconhece a mancha de sangue misturada com o líquido negro similar ao ferimento sofrido pelo ladino e supõe que o arqueiro deva ter disparado outra armadilha em seu caminho até ali.
Outro arqueiro com voz mais rouca e envelhecida se apressa em olhar a ferida do companheiro e Yash atento nota o volume formado por orelhas élficas sob seu capuz. Ele menciona o termo “morte negra” para a líder para desespero da vítima e pragueja os elfos negros por isso.
Lyana tenta acalmar seu grupo embora se mostre nitidamente ansiosa e preocupada. Yash diz que conhece alguns venenos e se dispõe a ajudar bem como Tradok que ainda mal se apóia no cabo de seu martelo pra ficar em pé. Mas a jovem nega a ajuda e manda que entreguem imediatamente o livro.
Aenis se assusta com a repentina ordem e a ranger põe sua mão novamente sobre o amuleto fazendo surgir uma estranha ave de rapina dos céus. A criatura feita de metal trabalhado em tudo se assemelha a um falcão fazendo um vôo rasante sobre a eladrin sem no entanto atingi-la. Lyana diz que o livro está com a maga e logo três arqueiros miram suas setas para o peito de Aenis.
A tensão aumenta e ela diz que não pode entregá-lo pois toda sua raça sofreria se assim o fizesse mas como dissera antes Lyana não dá outra opção senão a morte de todos. Yash e Borandor ainda tentam argumentar mas outros arqueiros preparam para executar o grupo ameaçando também os prisioneiros.
Lyana tenta conter os ânimos e parece derramar lágrimas implorando para que aquilo não termine daquele jeito alegando que por gerações eles tem defendido e protegido aquele objeto com suas vidas pois ele poderia indicar a localização de um grande mal a todos os povos de Aldus e não somente ao povo élfico.
Yash e Aenis percebem que a jovem não parece conhecer de toda verdade por trás do livro e então o arqueiro mais velho retira seu capuz expondo seu rosto élfico aos demais. Ele diz: -meu nome é Varis. Há muito o alto conselho dos elfos ordenou que eu selecionasse um grupo de guerreiros afim de honrar a determinação e o pedido sincero de um humano de nome Osric. Aquele clérigo de Ioun suplicou a ajuda de meu povo para destruir um artefato que poderia trazer o fim a todos deste planeta, mas também nós não tínhamos poder para fazê-lo então só restava que o ajudássemos a esconder o objeto e garantir que ninguém jamais o achasse. Apenas poucos souberam da história e para garantir que nem mesmo entre nós houvesse como descobrirem o destino da poderosa ameaça parti sozinho pra terras humanas afim de criar um grupo de protetores fiéis ao nosso compromisso. Um diário entretanto, escrito pelo próprio Osric e entregue a nós pelos seus descendentes ainda seria o elo entre a localização do artefato e aqueles que juraram protegê-lo. Assim criamos a Sociedade Secreta de Osric. Humanos, anões, elfos e draconatos vieram e foram ao longo destes anos nossas mentes e nossos olhos. Sempre fazendo com que o diário estivesse sob a proteção de pessoas de alma boa embora nem sempre soubessem realmente o que aquele livro significava. Era melhor assim, acreditávamos que a melhor forma de escondê-lo seria através do tempo, fazer com que ele fosse esquecido e que qualquer menção de sua existência seria apenas creditada a uma lenda do passado que desestimularia os inimigos a querer reconquistá-lo. Nós porém nos manteríamos sempre atentos até que um dia pudéssemos encontrar uma forma de destruir o artefato finalmente.
Ele então se volta a Yash e diz em élfico: -Seus irmãos Narayans há muito esperam que um guerreiro sagrado surja e os livre da incumbência que lhes fora entregue de proteger o artefato e ele possa enfim destruí-lo. Sua honra em guardar o segredo por tantos anos é um exemplo louvável que mantém nossa esperança na capacidade de evolução da raça humana. Se fores da mesma tribo que detém este legado terás me compreendido todas essas palavras, de outra forma não há mais nada com que se preocupar aqui pois logo alguém de seu povo virá para cumprir a profecia. Yash apenas sorri para o elfo embora nunca soubera realmente porque aprendera a língua dos elfos em sua tribo.
Ele então volta a falar na língua comum: Por gerações tenho cumprido minha missão que hoje passo a minha filha Lyana, pois meus anos como guerreiro já se encontram no fim. Por isso e por todos os povos de Aldus é que vos peço serenamente que nos devolva o diário.
Aenis escuta a voz novamente quase gritar em sua mente: - NÃO CONFIE NELES!!! ELES MENTEM E QUEREM O LIVRO SÓ PRA ELES. NÃO O ENTREGUE, TRAGA-O A MIM, SÓ O LIVRO IMPORTA!!!
Lyfaen olha Aenis preocupado, novamente parecendo ter também escutado a estranha voz. Varis então se aproxima da maga e olhando em seus olhos eladrins diz em élfico: - minha irmã, acredite que jamais faria algo contra nosso povo. Tenho duzentos e quarenta e dois anos dedicados única e exclusivamente a proteger esse objeto e se ele estivesse sob meus cuidados quando foi roubado hoje eu não estaria vivo pois teria dado minha vida para que ele não me fosse subtraido . Sei que tens a mesma motivação e que irás se sacrificar se tiveres certeza que esteja fazendo a coisa certa, mas creia-me, quem quer que te enviou, por mais nobres que sejam seus motivos não iria querer que a verdade sobre esse livro deixasse o círculo que foi criado para escondê-la. Procure no fundo de seu coração se não há realmente nenhuma dúvida que a faça se matar por ele e te permitirei mantê-lo sob sua posse, não porque deva entregá-lo a alguém mas porque sei que farás o que for certo para todos. Mas, se por algum motivo, por mínimo que seja, que esta certeza não seja absoluta nem tampouco se aches capaz de arcar com as conseqüências de tua decisão então permita que possa continuar o meu legado que há tanto me honro cumprir.
A maga eladrin se vê em um flashback de sua vida nas últimas semanas, desde sua chamada ao oráculo dos elfos, da difícil missão que recebera, da partida de Elona e da longa viagem até o Talho acompanhada da leal companheira Seleene. Lembra-se do encontro com os outros, a luta contra os acólitos e o espadachim que se seguiu pelo portal até a mortal necrópole onde superaram o necromante de Vecna e recuperaram o livro. Lembra-se da perda de Seleene, deixada pra trás tomada como morta. Das vozes malditas em sua mente sempre contestadas pela jovem Milla. Da ponte em Paranor onde quase morreu e perdeu o livro da primeira vez. Sua luta pra reconquistá-lo na caverna e poder chegar até ali. Tudo lhe fora lembrado muito claramente, mas sabia que ela não mais tinha certeza do que devia fazer. Não a certeza que Varis lhe pedira e para surpresa de todos ela então retira a obra de seus pertences e entrega ao velho elfo. Nem mesmo ela acreditava no que estava fazendo, mas sentia que aquilo era a atitude correta.
Varis apenas consente com a cabeça e assim que recebe o diário o ergue em direção aos céus e tão imediatamente a ave o busca de suas mãos desaparecendo em vôo rápido por trás das árvores.
Aenis então escuta outra vez a voz gritar em sua cabeça: -NNNÃÃÃOOOO!!! MALDITA ELADRIN!!! VAIS PAGAR POR TER ME TRAIDO!!! LYFAEN, MATE-A!!!
O eladrin parece entrar em transe, sua fisionomia se torna carregada e ele tem um olhar maligno para o grupo lançando-se contra a maga indefesa. Borandor percebe sua motivação e se interpõe derrubando-o com a picareta antes que ele a atinja fazendo-o quebrar um frasco com um líquido escuro similar ao veneno no ferimento do arqueiro na queda. Ele pragueja que sua mestra tenha retirado seu disfarce enquanto ainda sequer estivesse com sua arma. Varis confirma que o líquido escuro era o mesmo veneno nas armadilhas e diz que ele deve estar a serviço dos odiosos drows, mas o eladrin não entrega seus comparsas se dizendo preparado para morrer. Borandor diz que sabia que não deveriam confiar nele desde o início. O velho elfo então lhe dirige a palavra prometendo uma morte rápida se disser como curar o veneno. Lyfaen apenas aponta pra cabana de Gorack alegando que deve haver três frascos de antídoto entre os objetos. Cercado e sem ter como reagir ele se vê sob a mira de dez arqueiros que sob um único comando disparam contra seu corpo. As flechas todas certeiras tiram imediatamente a vida do inimigo que tomba mantendo um irritante sorriso no rosto.
Os arqueiros vasculham o lugar e retornam com os três frascos uma armadura de peles e uma roupa élfica. Varis pega um dos frascos e o entrega ao companheiro ferido que imediatamente bebe todo o conteúdo da substância oleosa fazendo uma cara amarga. Ele entrega os espólios e os outros frascos a Yash alegando que aqueles itens eram por direito do grupo que honradamente venceu o combate no platô. Ele ainda diz que um único frasco seria suficiente pra salvar o clérigo de Avandra. Yash pergunta pelo ladino que estava na tenda mas os arqueiros negam que houvesse alguém mais ali.
Eles então se afastam e deixam o platô. A meio-elfo porém ainda entrega duas poções de cura a Yash para ajudar Milla como prometido. Ela diz que é tudo que havia sobrado e se despede com um beijo no rosto do narayan agradecendo por sua serenidade e bom senso durante aqueles momentos de tensão. Ela ainda se vira para a maga prometendo a Aenis proteger o livro com sua vida e enfim se junta a seus companheiros.
Yash usa uma das poções em Milla e a vê despertar em seus braços. Ela o reconhece ainda com voz trêmula e o abraça agradecendo por ter sido salva uma vez mais. Ela diz ter tido um sonho ruim, em que fora amarrada a um totem profano e de onde vira monstros sem vida caminharem em direção às terras humanas. Hordas de orcs transformados em mortos-vivos se lançavam sobre as cidades humanas tomando e destruindo tudo em seu caminho. Aqueles que tombavam se reerguiam como criaturas e engrossavam ainda mais as fileiras daquele monstruoso exército.
Logo a jovem se exalta e pergunta por Tom e pelo “Sr.” Verk. Ela diz sentir o sofrimento do irmão mas não sente mais a presença do clérigo de Avandra entre eles e chora pedindo para ser levada imediatamente a presença deles mas Yash a contém tentando acalmá-la. Em alguns instantes ela se rende ao cansaço e por fim dorme nos braços do herói.
A noite fria se aproxima e com ela muitas dúvidas e perguntas a serem respondidas mas eles sabem que tem que correr contra o tempo se quiserem salvar Verk e o pequeno Tom...