Diário de Tristan

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Diário de Tristan

Mensagempor Crispi em 09 Set 2007, 00:43

Se inicia aqui o diário de campanha de um personagem de Forgotten, que começa na Terra dos Vales. Adentra A Corte Elfica e ainda está em aberto.

Os dois personagens jogadores, eu e Sampaio, somos respectivamente um meio-drow ranger e um halfling bardo.
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Diário de Tristan

Mensagempor Crispi em 09 Set 2007, 00:55

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Em meados do Ano da Queda da Lua (1344), o Vale da Batalha, das Terras dos Vales, e suas cidades estavam sendo constantemente molestadas por grandes bandos de Orcs. Um lorde elfo de nome Dhennar da Casa de Enael e seu companheiro ranger Leriolane, da Casa de Beliram, organizaram os humanos e combateram a ameaça.
Dhennar se apaixonou por uma humana de nome Lorenlai e decidiu passar ao seu lado a sua curta vida de humana. Leriolane também se apaixonou por ela e continuou servindo-os mesmo depois de dispensado de seu dever. Dhennar se instalou na cidade de Essembra, no coração de Cormanthor, e recebeu um título nobre pelos seus serviços prestados.
Em uma pálida noite de outono, um batalhão de drows invadiu a cidade em busca de um estudioso das artes arcanas que nela residia. Deste ataque nasceram um grande número de meio-drows. Dentre eles eu, Tristan. Isso foi no Ano da Lâmina Brilhante (1347).
O povo decidiu esquecer este episódio de sua história e para apagar as cicatrizes expulsou todas suas crias bastardas da cidade deixando-as para morrer de frio, fome ou através das garras e presas de uma fera qualquer.
Pouquíssimos sobreviveram àquelas longas noites de inverno. Os bardos ainda contam uma triste história sobre esse episódio em uma melancólica canção. Pelo alto posto de Dhennar eu não fui expulso, mas fui criado longe dos olhos da população.
Oito estações depois nasceu minha meia-irmã: Thalita. Crescemos juntos e, com o passar do tempo, Dhennar também se apegou a mim. Com ele aprendi o elfico e um pouco de sua cultura.
Passaram-se os anos e Dhennar entrou nos jogos de intrigas e poder e acabou assassinado através de veneno. Com meu pai morto, fomos expulsos de Essembra. Eu tinha 12 anos e Thalita 10. Esse era o Ano da Serpente (1359).
Não tínhamos para onde ir, então Leriolane nos deu a solução: Minha mãe e irmã iriam para vila natal dele e de Dhennar enquanto eu, que não seria aceito pelos elfos, ficaria sob seus cuidados.
Nós partimos e oito outonos cobriram as estradas que nós percorríamos de dourado enquanto fui treinado como guardião das florestas e com Leriolane aprendi a arte do desenho e inúmeras histórias.
Há uma noite tivemos de nos separar e, enquanto ele reencontrava parentes, eu iniciei meu regresso em busca de minha mãe e irmã na vila élfica. Agora somente em companhia de Utgar, um lobo cinzento do norte e de Nix, um falcão fêmea, meus companheiros.
Viajando só aprendi a desconfiar dos estranhos e sofri tantas perseguições, ataques e preconceitos que, geralmente, sou mais hostil do que gostaria. Mas é justamente por isso que comecei esse diário: Para lembrar-me de quem sou. Sou filho adotivo de Dhennar de Enael, guerreiro justo e nobre de sangue elfico. Sou pupilo de Leriolane de Beliram, um honrado e fiel ranger elfo.
Eu sou Tristan Drist Sianiff (peregrino silencioso), meio-drow.
Tristan

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Três dias após me separar de Leriolane eu viajava sozinho em direção norte. Não havia nenhum ser vivo além de Nix, Utgar, alguns animais e eu. Mas eis que em minha distração, neste terceiro dia, não notei que estava sendo observado. Estava curvado sobre um riacho a me refrescar, Utgar caçava e nix estava pousada em uma árvore próxima quando notei na água, um reflexo que se aproximava atrás de mim.
O mais rápido que pude, apanhei minhas espadas e me virei pronto para atacar. Grande foi meu espanto ao ver a figura feminina de uma meia-elfa semi-nua de cobre e cacheados cabelos longos coberta apenas por um rústico traje de couro e tecido, suja de barro e segurando uma lança cuja ponta era feita de ossos.
Perplexo, abaixei minhas armas e vi que ela sorria despreocupadamente. Logo descobri o porque: ao seu redor estavam uma grande matilha de variados tipos de lobos. Eu não chegaria até ela se desejasse ataca-la.
Quando me acalmei, sob o impulso de esconder meu rosto, lembrei-me que minha capa estava sobre a grama, mas ela parecia não se incomodar. Então, enquanto ela caminhava em minha direção, disse:
- Eu sou Elena dos Lobos. Elena Siarana.
- Eu sou Tristan – respondi atrapalhadamente.
-Porque se esconde sob uma capa tão escura e pesada?- perguntou-me enquanto depositava seu equipamento na beira do rio. Os lobos acompanhavam com os olhos cada movimento meu.
- Poucos são aqueles aprecia a cor que carrego em minha pele – respondi.
-Utgar e Nix gostam e, para mim, isso é o bastante.
Percebi então que ela já devia estar me seguindo há algum tempo. Notei também, no momento em que parei para observar os lobos que a acompanhavam, Utgar entre eles. Escutei o som dela caindo na água e me virei. Suas roupas estavam na beirada do rio ao meu lado.
Seguimos juntos a mesma trilha. Ela é de uma personalidade divertida, apaixonada e apaixonante. Às vezes quase infantil com sua alegria e brincadeiras, o que contrasta com seu olhar de predador que sustenta em uma batalha.
Dois dias de viagem e estávamos, à noite, deitados um nos braços do outro ao lado de uma fogueira. Não foi a primeira vez que minha raça despertava uma benéfica curiosidade em alguém, mas foi a primeira vez que amava.
Hoje, porém, meia dezena após conhecê-la, tive de separar-me dela. A trilha, que me levará até minha mãe e irmã, não é a mesma pela qual ela segue. Com um grande pesar e um longo abraço nos separamos. Deixei-a com a promessa de que, assim que possível, voltarei àquela trilha e a reencontrarei.

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Meia dezena se passou desde que Elena e eu nos separamos quando Nix percebeu algum perigo à frente. Furtivamente me aproximei o bastante para ver dois Gnolls atacando uma criança.
Mantendo Utgar quieto, saquei meu arco e ataquei. Nix investia junto às minhas flechas que voavam. Alguns disparos e um dos Gnolls estava morto com Utgar, que fora enviado quando a criatura fora desarmada, em seu pescoço.
Saquei minhas espadas e fui à direção do restante, pois o garoto havia sido ferido enquanto tentava desesperadamente acertar o monstro com uma espada curta. Quando travei combate com a criatura o garoto fugiu e se escondeu. Notei que ele acertou um virote de besta no Gnoll e, após sofrer um leve ferimento no braço, liquidei-o.
Com a batalha terminada guardei minhas armas e chamei pelo garoto que me respondeu de seu esconderijo. Perguntou-me quem eu era. Eu lhe disse que poderia sair de seu esconderijo e ele me ameaçou com sua besta, desconfiado. Fiz uma observação de que seu ferimento deveria ser tratado e mesmo assim ele continuou escondido.
Por fim cansei-me daquele jogo e desconfiança, dei as costas e segui meu caminho junto a Nix e Utgar. Quando comecei a me afastar o garoto abandonou seu esconderijo e veio atrás de mim. Como eu havia previsto que faria.
Após uma breve apresentação na qual mostrei meu rosto até então oculto sob a capa negra, fiz um curativo em nossos ferimentos. O que estaria fazendo uma criança ali no meio do nada? Não era uma criança, mas sim um halfling.
Milo SwiftSong seu nome. Um bardo tagarela e curioso a ponto de incomodar. Como estávamos (segundo ele, mas para mim parecia estar perdido) seguindo a mesma direção, viajamos juntos.
Em meio a sua tagarelice descobri coisas interessantes. Ele descreveu o que me pareceu serem dois portais mágicos élficos. Desconfio que Leriolane possa ter atravessado um deles.
Milo fala quase o tempo todo. Embora às vezes me irrite, ele faz com que os dias que seriam solitários e vazios sejam alegres e agradáveis. Principalmente quando canta ao som de seu bandolim ou toca sua flauta. Neste momento é hipnotizante sua linda música.

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Editado pela última vez por Crispi em 09 Set 2007, 01:06, em um total de 1 vez.
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Mensagempor Crispi em 09 Set 2007, 01:02

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Esta tarde, após uma chuva, nós alcançamos a vila em que minha mãe e irmã moram. Eu me cobri o melhor possível, joguei minhas armas para longe e me mantive curvado, oculto pelo negro e vultoso manto que me cobria enquanto Milo chamava a atenção dos elfos.
Milo estava excitado e alegre enquanto os elfos agiam com aspereza e desconfiança. O que é um indício de que eles não costumam a se envolver com outras cidades ou com estrangeiros.
Em poucos segundos haviam vários deles armados nos cercando. Ainda mais desconfiados ficaram quando questionei por Lady Amra Amalith. Ela então apareceu e, após ler a carta de Leriolane que ainda curvado lhe entreguei, me ordenou que mostrasse a face, para espanto e horror de todos os elfos.
Após uma breve conversa ela nos permitiu visitar minha mãe e irmã. Elas vivem em um pobre e tosco casebre à beira de um lago, longe das casas dos elfos na copa das árvores.
Um emocionante reencontro e uma desagradável surpresa: minha mãe está muito doente. Ela têm a idade de aproximadamente 40 anos, mas aparenta ter o dobro e carrega consigo uma forte tosse molhada de sangue.
Após termos passado um tempo juntos em qual conversamos e Milo contou histórias tão fantásticas quanto à idéia de eu me tornar um rei dos elfos, voltamos a nos encontrar com Amra.
Ela fez um discurso emocionado no qual nos contou ter sido apaixonada por Dhennar e sobre a “maldição” que afeta àquelas terras e que molesta aos humanos e aos elfos não.
Eis a causa da estranha doença. Amra nos contou que com um artefato poderíamos anular o efeito e salvar minha mãe. Ela fez parecer muito fácil... Fácil demais, mas, se houver realmente uma chance de salva-la, eu tenho que tentar.
A noite, após um jantar na casa de minha mãe, que consistia em sopa de batatas, Milo cantava, dançava e tocava para minha mãe e irmã (causando a maior desordem) e enquanto isso saí para tomar um ar. Escutei à beira do lago uma conversa de Amra com algum de seus soldados na qual insinuava fazer com que Milo e eu morrêssemos na missão.
Isso foi à aproximadamente uma hora e meia. Agora estão todos dormindo e ao amanhecer, partiremos junto a um elfo guerreiro para encontrar o amuleto que pode anular a maldição. Agora, porém vou acordar Milo para deixar-lhe a par dos riscos para que ele possa escolher se virá comigo ou não.

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Milo não parece ter dormido muito bem, pois estava abatido e tinha os olhos vermelhos quando partimos na manhã da partida há três dias atrás.
Para nos guiar e investigar, Amra designou um guerreiro elfo: Lothar. Durante a maior parte da viagem permanece calado. Quando fala é rápido e irritadiço. É visível o asco em seu rosto quando o alvo de usa visão sou eu ou Milo.
Ao acordarmos Lothar estava caçando e logo nos trouxe um javali que ele mesmo preparou. Alimentamos-nos e seguimos viagem e como de costume, Lothar conversou pouco.
A viagem prosseguiu sem mais problemas. Apenas escutamos ou pensamos escutar pessoas em alguma trilha próxima. Passamos por um pequeno grupo de viajantes elfos que vinham na direção contrária a que seguíamos.
A manhã seguinte surgiu chuvosa e ainda mais fria. Caminhamos até encontrarmos uma singela torre. Na torre um homem de modos estranhos no recebeu. Ele nos deu as coordenadas do túmulo que deveremos profanar. O homem possuía uma marca na nuca de uma mão segurando relâmpagos que lhes escapam por entre os dedos.
De volta a trilha nós seguimos viagem. Paramos para abastecer nossos cantis e vimos um cadáver de um homem que boiava rio abaixo. Tentei pega-lo, mas sem ajuda, não consegui.
Continuando a viagem, Milo encontrou uma gema curiosa que guarda em seu interior uma névoa em constante movimento e, após nos mostrar, o que fez com bastante relutância, guardou-a consigo.
Andamos todo o dia e no final da tarde, justamente quando chegamos no local que ansiávamos chegar, encontramos um grupo de goblins em uma carroça puxada por um velho e desgastado pônei branco.
Lothar os atacou furiosa e incautamente. Eles resistiram, mas quando perceberam que estavam em desvantagem, subiram na carroça e fugiram. Ou melhor: tentaram.
Mais uma vez Lothar atacou-os insensatamente saltando sobre a carroça. O que quase custou sua vida. Ele foi bastante ferido pelos goblins que o haviam cercado e, quando Milo conseguiu a proeza de acertar um virote no pônei que puxava a carroça, esta se desgovernou.
A carroça seguiu para um precipício e por pouco Lothar não caiu junto. Felizmente ele escutou os meus gritos e saltou bem a tempo.
Após a batalha cuidei de seus e dos meus ferimentos e acampamos próximo ao penhasco. Ao anoitecer saí para buscar caça, mas ao passar pelo local onde ocorreu a batalha com os goblins, notei que os cadáveres haviam sido removidos deixando atrás de si uma trilha de gotas de sangue e preferir voltar.
Milo tocou sua música e pela primeira vez Lothar não nos olhou com asco. Agora ambos se entregaram ao cansaço e dormiram ao redor da fogueira. Eu logo me juntarei a eles.

Tristan

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Na manhã seguinte Milo encontrou uma rocha com inscrições que dá inicio a uma longa escadaria incrustada na montanha. Descemos à escada que possui incontáveis desenhos gravados.
Ao chegarmos a seu fim deparamo-nos com uma floresta à qual adentramos. Ela dava em um belo jardim. Milo fala ter visto um cadáver do que, pela descrição, parecia ser um drow. Eu pedi para que me mostrasse, mas os dois se recusaram a ir vê-lo e então continuamos.
Encontrei um cadáver ressecado de um drow que sumiu quando chamei Lothar para vê-lo. Na maior árvore estava o túmulo que procurávamos. Jhaelle Astriel.
Lothar e eu abrimos à tampa que selava o túmulo e descemos suas escadas. Milo foi afobado na frente eu logo atrás e Lothar, relutante, por último.
A escada levou-nos a um salão feito de alvenaria, enfeitado pelas raízes das árvores acima que emolduram as paredes e com um grande e duplo portão de ferro com uma argola cada metade.
Eu me aproximei e puxei uma das argolas que ao ser levada para trás trouxe consigo uma corrente e fez soar um sino. Todos deram um passo para trás, inclusive eu que soltei a argola.
Depois de me acalmar me aproximei novamente e puxei a segunda argola e o som de mais um sino soou. Eu entreabri as portas o suficiente para poder passar. Milo correu na frente e eu o segui, mas Lothar não se moveu. Perguntei-lhe se viria e ele respondeu que não.
A sala seguinte era semelhante a primeira exceto por um altar formado pelas raízes moldado em uma mão que segura um esqueleto vestido de roupas élficas.
Aproximei-me e vi o esqueleto de longos cabelos dourados, túnica branca e com um colar oval cujo pingente é uma gema de cor azul no centro que ocupa a maior parte da jóia e o retirei.
Ao ver que eu havia pegado algo Milo perguntou-me “O que é isso?” ao que respondi “Talvez o que procurávamos”. Assim que peguei o colar um som como de uma forte respiração se fez ouvir vindo de todos os lados.
Lothar gritou “Então era verdade!!! Estamos todos mortos!!!” e correu tropeçante escada acima. Eu o segui rapidamente ao passo que Milo se dependurava sobre o altar. “Milo vamos!” eu lhe disse e “Estou indo!” ele respondeu.
Ao chegar à saída do túmulo vimos Lothar de pé parado ao lado da escada observando uma elfa vestindo uma túnica como a do esqueleto lá em baixo sentada em uma pedra, curvada com o rosto entre as mãos chorando.
Ela chorando perguntou “Por quê? Por que profanam meu túmulo? O que eu voz fiz? Eu não gosto de matar’. Milo disse ter pedido desculpas e “se você fizer questão eu devolvo”, mas não eram desculpas o que ela queria.
As árvores atrás dela eram visíveis por entre seu corpo. Ela então se levantou e se elevou no ar e gritou. O seu grito fez penetrar em mim tanta dor e angústia que fiquei prostrado em pânico e Lothar também foi dominado.
Ela então foi até Lothar e sussurrou em seu ouvido ao passo que ele berrava desesperado. Ela mais uma vez se ergueu no ar e se jogou contra ele e desapareceu em seu corpo.
Lothar se levantou e atacou Milo que milagrosamente havia escapado do encanto do grito de Jhaelle. Era ela sob sua pele e carne. Milo se defendeu como pode e feriu um pouco Lothar. Até que eu pude me controlar e ajudei a dominar Jhaelle e expulsarmos-la após uma pancada na nuca.
Lothar então voltou a si e eu o soltei. Ele voltou a correr assim que viu novamente Jhaelle e se lembrou do que acontecia. Nós corremos, mas logo ficamos Lothar e eu para trás, pois ele não conseguia mais correr e eu fiquei a apóiá-lo.
Nisso Jhaelle nos alcançou e eu tive de me desvencilhar dela e de Lothar que agora caia desfalecido. Ela gritou novamente e me dominou. Ao me alcançar sussurrou dor e mais coisas incompreensíveis ao meu ouvido. Senti-a tentando entrar em meu corpo, mas por algum motivo não conseguiu.
Enquanto isso Milo pegou o amuleto em minha mochila e saiu correndo. Ao ver isso ela o perseguiu e ao estar próximo o suficiente gritou novamente e desta vez Milo caiu em agonia. Quando ela ia tocá-lo eu tomei dele o Amuleto e sai correndo.
Ela desapareceu na névoa atrás de mim. Corri a esmo e gritei por Milo diversas vezes até que ele respondeu e nos encontramos. Corremos o quanto conseguimos até a floresta.
Lá fomos emboscados por elfos que nos atacaram. “Pare! É um engano” gritei várias vezes enquanto me esquivava dos golpes sem ataca-los, mesmo quando tive chance. Eles se agruparam e nos desarmaram e ao tentar explicar que estávamos ali por causa de Amra, o líder deles me respondeu que sabia e que estava ali por causa dela também...
Milo e eu replicamos aos elfos que nos desarmaram e amarraram que fizemos tudo por Amra de boa vontade e que havíamos salvado a vida de Lothar.
O líder dos elfos esperou Lothar voltar, o que fez ajudado pelos seus guerreiros que enviou para encontrá-lo, para nos condenar. Mas ele não o fez, e afirmou que nós o salvamos a vida com nossos avisos – de quando estava sobre a carroça que se precipitou penhasco abaixo sobre as rochas – e com meus dotes curativos para impedir que seus ferimentos o matassem.
O comandante mostrou claramente com sua reação que não era a resposta que desejava, mas a decisão já havia sido tomada: Todos nós, incluindo o próprio Lothar, seríamos executados.
Eles nos revistaram em busca da jóia. Milo disse que havia jogado o amuleto de volta ao túmulo esperando que o fantasma de Jhaelle Astriel cessasse sua perseguição e logo depois fez seu discurso inflamado enquanto um dos elfos saiu em procura da jóia, mas de nada adiantou. Então encontraram a jóia e a tiraram de Milo.
Lothar, emocionado, planejou um ato desesperado que, visando nos salvar, estava fadado a um desastroso desfecho se Jhaelle Astriel não atacasse os elfos que haviam ido procurar pela jóia.
O grito desesperado soou ao nosso redor assustando a todos os elfos, principalmente quando eu anunciei o óbvio: Era Jhaelle...
O comandante dos elfos enviou três de seus soldados para averiguar o que havia acontecido e eles sumiram na névoa. Esse foi o sinal. Lothar arremessou uma adaga no líder e eu, me soltando das cordas, ordenei a Nix que atacasse, e ela o fez, rasgando o rosto de um dos soldados.
Eu acertei o elfo que carregava as armas retiradas de nós com uma adaga arremessada e, com um encontrão, o derrubei. Rolando para o lado recuperei minha espada e lutei. Milo tentava desesperadamente roubar o líder dos elfos para recuperar a jóia.
Lothar começou a correr em fuga e logo depois Milo também o fez logo que conseguiu recuperar sua espada. Os três guerreiros voltaram correndo desesperados trazendo consigo o fantasma de Jhaelle.
Os dois elfos restantes se uniram ao seu comandante que estava decidido a enfrentar Jhaelle. Enquanto recuperava meu arco alertei com um grito que era inútil tentar confrontá-la, mas me ignoraram e eu corri.
Jhaelle assumiu o controle da vontade do líder elfico e começou a nos perseguir. Com uma flechada certeira no meio da testa eu o matei e logo um de seus soldados estava ao seu lado lamentando e dando a oportunidade ao ser espectral que algum dia já foi Jhaelle.
Corri até alcançar Milo e logo alcançamos Lothar pouco a frente. Ele estava cansado e suas feridas sangravam. Tentei fazer um curativo em seus ferimentos, mas, ele me impediu e disse-nos para seguir a leste, até a estrada de Rauthauvyr, o que levaria um pouco mais de um dia e onde poderíamos encontrar auxílio.
Milo começou a correr na direção indicada e eu continuei meu tratamento que foi frustrado pelo elfo de olhos verdes que me dizia para prosseguir sem ele. Jhaelle estava a poucos metros e se aproximando rapidamente trazendo consigo uma densa névoa.
- Ou sairemos os dois daqui ou morreremos os dois - eu disse a Lothar e, com os olhos em lágrimas ele respondeu:
- Obrigado por tudo... E agora Vá! - Usando toda a força que lhe restava ele me jogou para longe da alma atormentada e se entregou para Jhaelle.
Eu segui a direção indicada e pouco depois encontrei os rastros de Milo que se escondeu à minha aproximação. Refrescando-me com um pouco de água, gritei por ele e depois de um tempo o pequenino apareceu.
Seguimos para o leste o máximo que Milo conseguia e então procuramos abrigo para passar a noite sob a vigília de Utgar. Agora, depois de uma noite tranqüila, Milo dorme calmamente parecendo uma criança enquanto eu aprecio os raios de sol.

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Mensagempor Sampaio em 16 Set 2007, 02:17

Já vi que se eu não postar pra dizer CONTINUAAAAA ele não posta nunca mais. :b

Façam coro a mim e nas demais que vcs estão acompanhando.
Spell: não somos bonzinhos, somos sinceros!
http://www.spellrpg.com.br/portal/index ... &Itemid=72

Perguntem qualquer coisa lá:
http://www.formspring.me/Pedrohfsampaio
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Mensagempor Crispi em 21 Set 2007, 11:31

To sem telefone e, consequentemente, sem net em casa. Tá osso. Ainda não consegui por meu avatar aqui. Oh!
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Mensagempor Allefcapt em 07 Out 2007, 03:31

Olá a todos,

CRISPI,
Parabéns pela narrativa.

O detalhe da "tosse com sangue" foi dramático.

Um abração,
"É o seu navio que faz o porto.
Lance ferros com sabedoria"

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"Todo o homem é culpado do bem que não fez." Voltaire
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Mensagempor Crispi em 08 Out 2007, 18:53

Valeu Aleph! Assim que der eu posto mais. Sem net, tá osso! Mas valeu!
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Mensagempor Crispi em 08 Out 2007, 19:00

PS: Allef...
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Mensagempor Crispi em 24 Out 2007, 23:15

Diário

Um dia de viagem se passou até alcançarmos a estrada Rauthauvyr e mais um seguindo pela estrada até que uma caravana nos alcançou.

Nossos suprimentos minguavam com os dias e já haviam se esgotado quando naquele fim de tarde percebemos a aproximação das 15 carroças.

Eu me escondi na floresta e Milo ficou no meio da estrada até forçá-los a parar. As 15 carroças fortemente guardadas por soldados e por, como mais tarde reconheci, dois arcanos acolheram Milo. Eu os segui pela borda da floresta.

Um pouco antes do anoitecer um dos arcanos fez com que o pequenino, que tagarelava com alguém, desmaiasse com o que me parece ser magia, acordando apenas mais tarde.

Agora os viajantes se aconchegam em suas barracas improvisadas e eu entre as árvores. Tomei uma decisão: Vou segui-los até o ponto da estrada que for mais próximo da vila élfica e me separar deles.

Tristan.

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O dia seguinte foi calmo, mas a noite foi agitada. Acordei no meio da madrugada com o rosnado de Utgar e fui investigar. Um bando de criaturas se aproximava da caravana.

Eu então me posicionei na borda da floresta em um ponto a partir do qual poderia atacar as criaturas a distância e chamei a atenção dos guardas com pedras.

O que veio a seguir aconteceu muito rápido: Os dois guardas foram identificar os barulhos provocados por minhas pedras e logo foram atacados pelo bando. Eram Orcs, mas tinham dois líderes de alguma outra raça monstruosa de uns três metros de altura e aparência rústica e bestial.

O primeiro foi arremessado para longe ao golpe de clava de um dos dois líderes e o outro soldado foi o seguinte. Os soldados da caravana e os orcs começaram a luta.

Minhas setas voaram pelo campo de batalha derrubando alguns orcs e os Magos disparavam rajadas incandescentes e até mesmo Milo foi para frente de batalha.

Muitos morreram homens e orcs. Em determinado momento Milo se tornou alvo de um dos abomináveis lideres. Eu acertei no líder duas flechas nas costas e ele saiu da batalha para encontrar aquele que fazia as setas penetrarem seu corpo. Soltei o arco e peguei as espadas que havia fincado no chão ao meu lado.
Nossa batalha foi rápida, porém mortal. Ele me certou com sua clava jogando-me metros para trás e eu o acertei com um golpe de espada que lhe cortou o peito.

Ele me acertou o braço esquerdo fazendo-me largar a espada curta e eu acertei seu braço com a longa. Tentei então uma acrobacia para recuperar a espada perdida, mas falhei e acabei no chão à sua frente.

Comigo caído aos seus pés ele desferiu um doloroso golpe em meu peito e bufou. Eu levantei em uma investida que deu início a uma seqüência de três espadadas, cada uma o ferindo mais profundamente e o último atravessando-lhe o peito. Ele caiu e arfou até a morte.

Recolhi minha espada perdida e voltei ao meu arco que derrubou mais alguns orcs, mas a batalha estava terminando. Os humanos deram fim aos orcs e ao líder restante.

Os gritos de comemoração pela batalha vencida logo deram lugar aos lamentos pelos companheiros perdidos. Eu me recolhi a um canto escuro para cuidar de meus ferimentos e eles foram cuidar dos seus.

Agora observo o último deles se afastar da floresta em direção ao acampamento depois de uma tentativa frustrada de encontrar àquele que com suas flechas deu fim a tantos orcs e um dos monstruosos líderes.

Tristan.

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Aproximadamente duas dezenas se passaram nas quais segui pela floresta a caravana e que alcançamos a bifurcação da estrada. Num fim de tarde limpo no quais os homens da empreitada resolveram montar acampamento um pouco mais cedo como para que somente no dia seguinte seguir o caminho desejado.

Seria uma noite comum se eu não percebesse uma movimentação sobre a copa das árvores. Subi para investigar e então vi uma águia gigante, montada pelo que parece por uma criatura humanóide e depois mais duas, todas protegidas pelas sombras da noite e então elas pousaram no meio da mata.

Recolhi então minhas coisas, e contornei a caravana até onde pude encontrar Milo conversando com um dos homens da caravana, o homem que sempre o acompanhava. Com umas pedras chamei a atenção de Milo e de seu companheiro, que desconfiado começou a sacar sua espada, mas que enfim apenas o seguiu até mim após ser tranqüilizado pelo pequenino.

- Boa noite Milo, há quanto tempo – eu comecei.

- Sim, realmente faz um bom tempo – respondeu-me o halfling.

- Não sou seu inimigo – digo ao companheiro de Milo, um homem de seus aparentemente 40 anos, barba mal feita, com uma cicatriz no rosto. Retiro então uma das minhas flechas da minha aljava e mostrando-a para ele continuo – essa flecha é igual a tantas outras minhas que abateram vários de seus inimigos Orcs e Ogros, como disse, não sou seu inimigo.

- Sim, acredito que não é meu inimigo, pois se o fosse já teriam dois de nós mortos essa noite, além do tempo que tem estado escondido da caravana.

- Eu vos acompanho desde o dia em que Milo foi aceito no seu grupo mercante. Agora, porém, embora eu tenha alguns assuntos a tratar com Milo, temos assuntos mais urgentes a tratar. Há poucos instantes avistei três pássaros gigantes semelhantes a águias, pousarem na mata.

Os dois ficaram pensativos e trocando olhares até que percebemos uma movimentação estranha nos acampamentos. Eram três elfos que inquiriam os viajantes, fazendo sinais que claramente indicavam procurarem alguém da estatura de Milo.

O homem, seu nome é Azis, teve uma idéia, talvez pudéssemos fugir voando nas águias e então contornamos a caravana e eu indiquei o caminho até as majestosas aves.

Antes de nos ajudar, porém, Azis nos inquiriu qual a verdade por traz dessa busca – pois pelo que parece Milo havia contado uma de suas histórias absurdas na qual mata um dragão enforcado e sua credibilidade não era alta – mas explicamo-nos a ele resumidamente a história de como os elfos nos usaram para quebrar suas leis, adquirir o Amuleto e enfim nos punir.

- Quando conversar com os elfos, eles te dirão algumas coisas que é melhor saber através de mim – comecei dizendo e expondo minha face negra de curtos cabelos brancos como a lua cheia e olhos azuis e lhe expliquei melhor o que eu era diante de sua surpresa.

Azis deu a Milo uns papéis, pergaminhos parecem pelo que pude entender da conversa, Milo ficou emocionado e então traçamos os nossos próximos passos. Enquanto os dois furtivamente adentrariam as barracas para recolher os equipamentos de Milo que estavam guardados eu deveria amansar as incríveis aves para podermos montar uma delas além de sabotar as celas das outras duas.

Mas, infelizmente, elas eram inteligentes, não simples feras, e ao me aproximar elas se alvoroçaram. Acalmei-as com alguma dificuldade, tentei falar com elas na língua dos seres selvagens e não consegui, mas elas reconheceram o falar comum e responderam.

- Quem é você que se aproxima – uma delas, aparentemente a líder disse dirigindo-se a mim.

- Apenas um morador da floresta que deseja admirar tamanho esplendor nunca observado antes.

Mas as aves não se acalmaram verdadeiramente e nem deixaram que eu me aproximasse. Perguntas difíceis de se responder naquela situação foram feitas por ela e por mim mal respondidas.

Quando Milo e Azis finalmente chegaram assustaram-nas mais uma vez e com um pouco de custo fizemos com que voltassem no seu estado anterior.

De várias formas tentamos convence-las. Azis narrou de certa forma que desejávamos um favor, para viajarmos e podermos rapidamente entregar uma cura arduamente conquistada para minha mãe que perecia. As Águias, porém, concederiam com prazer esse favor, caso os seus donos permitissem.

Milo fez um longo discurso sobre o como elas deveriam tomar suas próprias decisões e não servirem aos elfos, mas de nada adiantou além de irritá-las ainda mais. Mas nosso tempo se esgotara.

Os elfos se aproximavam e cortesmente nos despedimos das deslumbrantes aves e nos escondemos na floresta. Milo próximo à clareira onde pousaram as águias, Azis, Utgar, Nix e eu mais para dentro da floresta, com armas a postos prontos para atacar.

Quando os elfos alcançaram à clareira em pouco tempo descobriram sobre nós com as Águias e começaram a nos procurar. Um deles avistou os brilhantes olhos de Utgar mais atrás de Azis e eu e seguiu na direção para averiguar. Passou por nós dois e continuou seguindo na direção do meu companheiro até que então eu soltei a corda de meu arco e uma seta voou certeira nas costas do elfo, tão certeira quanto a mordida de Utgar no pescoço dele.

Os gritos finais do elfo atraíram a atenção de um dos seus companheiros que veio até nós, em direção a Utgar e nos ignorou mais uma vez mais e uma vez mais uma seta voou de meu arco até o inimigo, porém não tão certeiro, mas Azis terminou rapidamente com ele.

Nix e Utgar foram até a batalha que Milo travava com o terceiro elfo. Milo, Utgar e Azis dispensaram uma terceira flechada minha.

Enquanto Milo se dirigia à clareira das Águias Azis e eu vasculhamos os corpos. Encontrei duas poções, um anel bonito que coloquei e algumas moedas prateadas que dei a Azis e ele me entregou um mapa da grande floresta de Cormanthor, rascunhado, com indicações estranhas. Após isso fomos até o terceiro elfo abatido e encontrei mais moedas prateadas que dei a Azis e uma adaga que recolhi.

Fomos então até a clareira, mas as Águias já não mais se encontravam lá. Após uma pequena vistoria do local, na qual subi no topo de uma árvore tínhamos certeza que elas não mais se encontravam lá.
Com algumas confirmações de Milo chegamos à conclusão de que as marcações provavelmente seriam marcações de portais elficos como os que os elfos que Milo viu em seu caminho encontraram e como imagino Leriolane tenha atravessado em seu êxodo.

Porém para ter certeza Azis sugeriu que consultassem um Mago de sua confiança que acompanha a caravana e eu os esperei na floresta do outro lado do acampamento.
Um bom tempo se passou até que Milo e Azis apareceram. Eles se despediram com um abraço e Milo veio até mim.

- Está pronto? - eu lhe perguntei.

- Sim, podemos ir - ele respondeu.

Seguimos por algum tempo até montarmos acampamento. E seguimos no dia seguinte acabando com as nossas ultimas rações para viagem. Nesse dia começamos a nos alimentar de raízes e frutas. Foi quando após chegar a um local mais frio encontramos um pântano.

Decidi tentar contornar, mas após uma longa caminhada preferi descobrir os limites dele atravessando com uma corda amarrada à cintura e a uma árvore. Péssima idéia.

Após seguir bastante adentro até um ponto que realmente não daria para Milo atravessar eu comecei voltar até que fui surpreendido por três criaturas reptilianas nuas, com uma longa calda e armas toscas, sujas e enferrujadas além de escudos de madeira toscos sobre o antebraço que saíram da lama e me atacaram.

O frio da água e a dor do primeiro ataque recebido nas costas me fizeram atacar de mau jeito e um deles aproveitou a oportunidade e me mordeu o ombro, dentes afiados, e a dor insuportável me fez jogar à lama a espada curta numa tentativa frustrada de atacar.

Após essa primeira perda eu matei o lagarto com um só golpe furioso na cabeça enquanto Nix arrancava o olho de um segundo com suas afiadas garras.

Pouco a pouco, com erros e acertos fui recuando enquanto os feria e era ferido a garradas até que ao chegar à beirada onde Milo pode flanquear a criatura que me flanqueava.

Terminamos com eles, mas me feri muito. O frio e a lama não me permitiam estancar o sangramento, então, com a visão turva, resolvi arriscar as poções que adquiri com o elfo, de imediato não fizeram efeito algum, mas parece que alguma delas o fez depois de um tempo, assim saímos para seguir caminho continuando a contornar o pântano.

Depois de um tempo procuramos abrigo para dormir e o encontramos em uma descida sob o tronco de uma grande árvore caída. Dormi rapidamente por causa dos ferimentos e sem armadura. Durante a madrugada Utgar me acordou com seu rosnado e eu saquei o arco para prevenir e observei, um trio de viajantes do qual um deles tive certeza que era um elfo, mas que logo desapareceram na distância então voltei a dormir.

Na manhã seguinte acordei antes de Milo e fui procurar caça, mas essa tarefa se mostrou infrutífera além de provocar um pequeno acidente no qual me feri. Seguimos viagem durante todo o dia até encontrarmos um grupo de criaturas reptilianas próximos à margem e as contornamos evitando batalha. Logo depois eles entraram em batalha com um ou mais inimigos além da névoa do pântano e foram mortos a flechadas e mais.

Continuamos a viagem até encontrarmos mais um trio desses seres nojento que arrastavam um corpo e dos quais não tivemos a sorte de nos desviar desta vez e com uma emboscada, Utgar ao meu lado e Nix sobre mim enfrentei dois dos três enquanto Milo enfrentava o terceiro. Feri-me um pouco, mas os aniquilei os dois com minha espada longa já que a curta se perdeu na lama do pântano. Assim ajudei Milo flanqueando o seu inimigo e logo demos fim a ele. Milo se feriu bastante e eu lhe fiz um curativo.

O corpo desfigurado, esquartejado e coberto de lama não era uma visão agradável e nem nos fornecia nenhuma pista sobre o homem assim continuamos viagem. Terminamos de contornar o pântano durante o dia e buscamos abrigo para passar a noite.

Na manhã seguinte nos afastamos daquele lugar maldito e logo encontramos caça e no final da manhã encontramos uma marca incrustada em uma pedra em elfico antigo ilegível. Logo adiante encontramos um terreno mais plano e pedregoso.

Ao subir em uma das pedras avistei uma antiga construção de dois andares demolida e fui a sua direção. Era uma torre de vigília que o tempo e a intempérie acabaram por derrubar e talvez algo mais. Parte da construção dos segundo andar veio abaixo sobre o primeiro proporcionando uma frágil escalada até o segundo andar.

Gritei o nome de Milo que veio até a construção e sem mesmo precisar dizer palavra alguma me entregou sua mochila e subiu. Ele observou de cima da construção junto a uma janela com uma balestra e então precipitou-se construção abaixo em direção a algo que viu.

Ao segui-lo vi então a construção em seu todo, um grande forte em sua maioria em ruínas com quatro torres de vigília sendo que a que encontrei era uma delas.

Tudo estava em ruínas menos uma construção central, um pátio para o qual Milo correu. Eu o segui, mas ele entrou primeiro na construção e desapareceu na escuridão...

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Mensagempor Hentges em 25 Out 2007, 16:04

Saudações,

Narrativa interessante. Ainda não li a última inserção, mas fiquei com a impressão de que os pensamentos do personagem tinham mais importância quando a ação era mais escassa. Se possível, gostaria que você relatasse a ação mental tanto quanto a física. Eu acho especialmente interessante.

Gracias,
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Mensagempor Sampaio em 26 Out 2007, 22:39

Concordo com a empobrecida da narrativa.
Desânimo?

Pq aconteceram coisas de sobra, mas a narrativa burocrática não anima muito.

Mas continua excelente, continue postando!

E pelos céus, esse personagem , Milo, é fantástico! Quem é o magnífico jogador que o interpreta???? :roll: :bwaha:

Abraços
Spell: não somos bonzinhos, somos sinceros!
http://www.spellrpg.com.br/portal/index ... &Itemid=72

Perguntem qualquer coisa lá:
http://www.formspring.me/Pedrohfsampaio
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Mensagempor Crispi em 26 Out 2007, 23:19

Ah... Isso! Aquele halfling? Um inútil, como é mesmo o nome. Acho que é Sampaio. Nada que preste!
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Mensagempor Crispi em 26 Out 2007, 23:21

PS: Como ponho foto aqui. Até hoje não consegui.
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Mensagempor Crispi em 02 Nov 2007, 14:53

Diário

A construção é uma parte de um prédio que permaneceu de pé enquanto todo o segundo andar trouxe o restante abaixo. Em forma de um ângulo reto de 90° a construção escurecida pelo restante do teto e segundo andar estava rodeada com os destroços do restante de seu corpo. Uma porta jazia entreaberta na parede mais bem conservada.

Quando me aproximei escutei que Milo começara tocar sua flauta e, por mais inusitado que fosse o ato de tocar naquela situação, mais inusitado foi o brilho que sua flauta emitia enquanto tocava. Iluminando a área obscurecida seu instrumento irradiava uma luz branca que oscilava entre muito forte e muito fraco até que então se apagou finalmente. Então entreguei sua mochila que eu carregava.

- A minha flauta apagou, estranho, não deveria ter apagado. Disse Milo com uma expressão de sincera incompreensão.

- Ela não deveria é ter acendido - respondi eu.

- Agora não posso enxergar nada – Milo me disse e então ficou olhando para mim como que esperando.

Então eu retirei uma tocha de minha mochila e ascendi logo entregando a ele. Com a iluminação na mão Milo adentrou a porta e logo atrás dele eu fui.

A sala seguinte era uma sala de alvenaria que havia sido soterrada mais de sua metade pelo desmoronamento do andar superior, sendo que assim ela dava acesso a uma porta localizada na mesma parede da porta pela qual entramos, porém mais à esquerda.

Próximo a porta jazia um corpo elfico e negro. Embora Milo tenha chegado nele antes de mim, no momento em que pousei os olhos na figura reconheci o drow. O corpo possuía cortes, principalmente um que abria seu peito de um lado ao outro em diagonal e parecia ter sido revistado. Saquei minha espada e com sua ponta toquei o ferimento do elfo negro: o sangue ainda estava fresco.

Milo foi até a outra porta que, feita de madeira e entalhada em relevo com gravuras representantes de temas silvestres, como folhas e caules, estava arrombada. Enquanto isso eu tentava escutar alguma coisa com o olvido colado ao chão.

Meu pequenino companheiro adentrou a sala seguinte e logo eu o segui. A sala seguinte era um pequeno cômodo quadrado com uns poucos destroços de desmoronamento e em seguida uma porta de madeira semelhante à primeira e igualmente arrombada.

A porta seguinte dava acesso a uma sala deformada pelo desmoronamento e que possui duas passagens, um grande portão duplo de ferro em frente na direção oposta da qual viemos e uma passagem em forma de arco à esquerda.

Enquanto Milo foi a direção da passagem em forma de arco eu permaneci no centro da sala com a espada em punho tentando escutar alguma coisa e depois tentando escutar através do chão, mas não havia nada além dos sons emitidos por Swift Song vasculhando a sala do arco. Quando ele voltou, encontramos respingos de sangue coagulado no chão assim como pegadas na poeira secular.

Nós dois fomos até o portão que, com alguma dificuldade, conseguimos abrir puxando uma das argolas. Assim que deu passagem para o halfling miúdo ele tratou de passar me deixando para trás, novamente com sua mochila que não poderia carregar para passar pela estreita passagem.
O próximo cômodo era uma pequena sala com uma escada esculpida na pedra que descia até onde minha visão especialmente aguçada no escuro não podia mais ver.

A escada deu lugar a um vasto salão sustentado com três pares de pilastras que subiam até o teto. O chão agora era de uma pedra semelhante ao mármore polido.

Estátuas ruídas sustentavam vazios suportes para velas ou tochas na parede oposta ao do portão lateral. O vasto salão possuía duas passagens, todas as duas, portões duplos de ferro, um à nossa direita e o outro na extremidade oposta.

Muitas pegadas na poeira estavam bem visíveis. Junto ao portão lateral haviam dois outros drows mortos e revistados. Primeiramente abrimos, com muito esforço, o portão da extremidade oposta. Próxima ao portão havia rastros de um acampamento, uma fogueira apagada e resto de comida, além de marcas de pessoas na poeira.

O portão dava acesso a um corredor não muito extenso. Em seguida abrimos, com muito esforço e intervalos para descanso, o portão lateral que dava para outra escada. Com essa passagem aberta pensei ouvir sons de batalhas vindo de algum lugar abaixo e relatei isso ao meu companheiro.
Ele então falou de suas estranhas superstições sobre que deveríamos vasculhar primeiramente todo aquele andar antes de seguimos ao próximo. Seguimos então para o corredor do outro portão.

O pequeno corredor terminava em uma pequena sala quadrada com uma grande e já desgastada tapeçaria com o símbolo da senhora das florestas, Mielikki, a cabeça de um unicórnio, e um novo corredor à esquerda.

Seguindo esse segundo corredor saímos numa grande sala que parece ter sido antigamente onde se tratavam os doentes e possuía oito leitos divididos em quatro junto a cada parede, a esquerda e a direita. Este possuía duas passagens: um corredor na parede oposta a qual viemos e uma porta de madeira do nosso lado direito.

Dois dos leitos, os mais próximos a nossa esquerda, estavam ocupados e cobertos por lençóis brancos. Puxei o lençol mais próximo e vi um esqueleto vestido de um manto elfico. Milo o cobriu e foi em direção à porta.

- É inútil! Sejam onde derem essas passagens, aqueles que vieram logo antes de nós já vasculharam e levaram tudo que pudesse ser importante. Vamos voltar e descer as escadas – eu disse.

Mas Milo quis continuar assim mesmo. Encostei-me na parede ao lado da passagem por onde viemos enquanto Milo vasculhava os locais aos quais a porta e o corredor davam acesso.

Logo depois ele voltou confirmando minhas suspeitas. Então voltamos pelos corredores até o salão maior e seguimos para a passagem das escadas. As escadas eram longas e Milo, seja por quais motivos, decidiu descer tocando sua flauta, chamando assim a atenção de quem quer que pudesse nos emboscar e eu mantive-me a metros dele e com o arco na mão.

Não demorou muito até que, no final da escada, uma repentina escuridão sobrenatural o engoliu, uma escuridão que me fez lembrar dos drows. Sons de agressão puderam ser ouvidos.
Atirei uma flecha que pareceu não ter acertado ninguém e então eu peguei minha rede de pesca e ataquei sobre quem emitia os sons da escuridão.

E então ataquei com a espada às cegas acertando o oponente e o seguindo, até que a escuridão se acabou e vimos um imenso salão e carregando Milo um anão de armadura, ao seu lado uma elfa de cabelos longos e negros, pele clara e vestes rústicas empunhando uma cimitarra e um homem com um arco pronto para desferir um golpe em mim.

Milo estava desacordado e eles me ordenaram para largar as minhas armas e jogar para eles e, relutantemente, eu obedeci. A elfa me observava curiosa tentando enxergar meu rosto e eu lhe disse:

- Será mais fácil se me questionar.

- Quem são vocês e o que fazem aqui?

- Somos viajantes aventureiros que encontraram essa ruína e a vieram investigar e temos vistos seus passos marcados nos lugares e corpos de drows pelo caminho até aqui.

- Mostre seu rosto – me disse a elfa.

- Eu sou um meio-elfo – comecei enquanto jogava para trás o capuz – do tipo errado de elfo.
- Um DROW – disse a elfa.

Todos se assustaram e no susto o humano soltou a corda do arco e a seta voou certeira atravessando minha coxa esquerda me fazendo cair ajoelhado.

- Não sou um drow, mas sim um meio-drow. Como pode ver adoro o senhor das florestas (eu disse fazendo referência ao pingente de Silvanus no meu pescoço) e não aos deuses negros das profundezas.

A elfa se aproximou de mim e chutou meu peito me fazendo cair para trás. E começou a me examinar com a espada em minha garganta.

-Apesar de sua pele negra você não é um drow. O que você é?

- Um meio-elfo – respondi.

- Você não é um meio – elfo! O que você é?

- Um filho de um estupro drow em um a humana, está mais claro assim? Meu nome é Tristan, filho de Essembra, criado por Dhennar de Enael e treinado por Leriolane de Beliram.

- Esses nomes não me dizem nada drow.

- Não sou um drow.

Assim eles nos amarraram e vasculharam nossas coisas. Até que acharam no meio dos equipamentos de Milo o mapa e me inquiriram sobre ele. Detalhadamente eu expliquei o que era e eles ficaram satisfeitos, pois estavam no local certo.

Observando melhor o salão, ele era o maior dos quais já havíamos estado. Com quatro passagens, sendo a escada pela qual viemos uma delas e ao lado oposto outra escada descendo e no meio do salão, de cada lado, duas escadas subindo, uma a direita e outra a esquerda.

Logo depois eles levantaram, me mandaram ficar de pé e fomos andando com o caminho iluminado por um tipo de gema mágica que eles carregavam.

O anão começou a carregar Milo que logo acordou e começou com seu falatório. Ele falou de como me conheceu e um pouco sobre mim e com o tempo foi descontraindo grupo, mas não teve uma maior chance, pois mais drows se aproximavam.

Eles nos soltaram e devolveram nossas armas. Eu preparei meu arco e espada e fiquei atrás da ultima coluna da esquerda, o anão ficou no meio das pilastras esperando. A elfa ficou logo atrás dele. O humano e Milo ficaram atrás da outra pilastra.

Quatro elfos negros desceram dois preparam seus arcos e tentam acertar o anão. Eu lancei minha flecha que acertou um dos arqueiros negros. O anão grita para eles virem e a elfa se esconde atrás da pilastra junto a mim. O humano erra sua flechada. Milo começa a cantar uma canção inspiradora durante a batalha.

Avante, guerreiros!
Não temamos a morte!
Com golpes certeiros,
guiamos a sorte!


Mais uma saraivada de flechas erra o anão que se esquiva delas. Mais uma vez eu acerto o elfo negro e dois dos drows vão para cima do anão. Dois para um, o anão começa a enfrentá-los.

Mais uma flecha minha acerta um drow e a elfa vai enfrentar um dos inimigos flanqueando-o. O anão luta muito bem, acertando gravemente um deles e se esquivando e aparando os golpes letais dirigidos a eles. Mais uma vez a flecha do humano erra o alvo. Milo corre para a batalha. O humano desiste do arco e saca a espada indo para a batalha também.

Minha ultima flechada acaba com um dos drows e eu vou em direção a batalha, lutando com um dos drows, entre a elfa e o anão, para equilibrar. Chego nele e atravesso minha espada em sua barriga matando-o. O anão feria mais oponentes e era ferido; a elfa desferia golpes mortais; Milo acertava um; e o humano errava mais uma vez. Mas aos poucos, terminamos com eles.

Recolhemos nossos equipamentos espalhados e começamos a seguir para a nova escada. Milo se aproximou de mim e cantou:

Se a canção corta, a canção cura
Que venha a mim a mais bela melodia
Traga às minhas mãos a luz do dia
Que cure pela palavra mais pura


Eu o olho estranhando a atitude, mas mais estranhos são meus ferimentos se fechando ao seu toque. Mas não há tempo para questionar.

Descemos as escadas que dão num pesado portão com fechaduras. O humano vasculha o portão e encontra uma armadilha, pelo que diz Milo. E pelo que se supõe é uma armadilha mágica antiga deixada pelos elfos.

Eu permaneço com o arco pronto voltado para a escada, a elfa ansiosa com a sua cimitarra na mão, o anão com seu majestoso machado enquanto o humano tenta abrir o portão.

Tristan.
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Diário de Tristan

Mensagempor Crispi em 10 Nov 2007, 22:22

Diário

- Ainda não sei qual é teu nome – eu digo a elfa.

- Vassla Tenessir – ela responde.

Esse foi o pequeno intervalo que tivemos entre o encontro com o portão e a próxima batalha. Não deu tempo de abrir o portão antes que os drows chegassem. Primeiro foi uma grande concentração de aranhas a se aproximarem que me chamou a atenção, depois foram os elfos negros, quatro deles e por ultimo uma sacerdotisa negra.

A batalha teve início quando eles nos atacaram, o anão foi para frente imediatamente atacando-os, o humano esperou, a elfa teve logo o seu oponente e eu tive o meu. Milo uma vez mais cantou:

Nos preparemos para a batalha
Toda nossa força contra o mal que se espalha
Que nossas espadas venham a brandir
Nossas flechas dispararem
Quando o inimigo surgir
Todos! Todos! Se preparem

Deixem o suor cair
O sangue escorrer
Nossa força irá fluir
Para nossos inimigos combater

Não importa quantos nos confrontarem
Que os deuses nos protejam
A glória será nossa, que todos vejam
Todos! Todos! Se preparem



Imbuídos por uma coragem inspirada pela canção, a batalha foi feroz. Com certa rapidez eu consegui eliminar o meu oponente com três espadadas, mas o humano teve trabalho e a elfa teve de enfrentar dois. Eu lhe prestei auxílio e logo estávamos ao lado do anão.

O anão por sua vez teve de enfrentar a sacerdotisa e várias vezes ele a acertou e várias vezes por ela foi ferido. Sua maça cravejada fez jorrar muito de seu sangue, até que finalmente ele caiu. A elfa e eu tentamos ajuda-lo, mas, uma vez no chão, a elfa negra esmagou seu peito em um ataque certeiro de cima para baixo com sua maça empunhada com as duas mãos.

Milo se aproximou do anão e cantou uma vez mais a canção curadora para o anão e, a medida que cantava, suas mãos se iluminaram e ele tocou o anão, mas nada mudou.

Juntos, a elfa e eu conseguimos ferir a sacerdotisa o bastante para ela fugir. Ela conjurou o mal proveniente de sua deusa negra e desapareceu bem na nossa frente.

Eu então concentrei todo meus sentidos em encontra-la, ouvindo seus passos com meus ouvidos rentes ao chão. Eu persegui o som escadaria a cima até que finalmente ela se encontrava em algum lugar à minha frente. Eu golpeei o ar duas vezes antes de escutar seus sussurros indistinguíveis invocando o poder divino então a acertei.

Ela me tocou e seu toque queimou minha pele e minha carne, mas mais uma vez eu a acertei e ela tombou. Enquanto isso os outros verificaram que o anão estava realmente morto e o deixaram próximo ao portão encostado à parede.

Voltei até o portão onde Milo me aguardava e logo descemos mais um conjunto de escadas alcançando os outros que seguiram na frente. A armadilha no portão não foi ativada, logo o humano havia tido êxito, ou foi isso o que pensamos. Ao descermos eu escutei um som grave vindo do alto da escadaria.

O salão ao fim da escada era o maior no qual já estivemos. De forma retangular ele possuía estátuas junto às paredes e fontes com uma água suja a muito não usada. E quatro pilares sustentando o teto. Não havia tochas, mas luzes mágicas e esverdeadas pairavam junto ao alto teto, iluminando perfeitamente o local.

Na extremidade oposta havia uma passagem que começava com uma grande tapeçaria velha e rota que seguia corredor adentro. Investigamos brevemente o local, pois possivelmente haveriam mais drows e seguimos o corredor. Chegamos então em um pequeno aposento circular.

No centro do novo aposento, guiado por um pequeno número de degraus, havia um arco com inscrições elficas antigas que não conseguimos identificar. Fora da plataforma onde estava o arco, construído nas paredes, havia sete sinos de tamanhos e formatos diferentes e com inscrições diferentes.

Após uma breve análise Milo descobriu que cada sino tocava uma nota diferente das sete notas musicais existentes. Tentamos de várias formas diferentes acionar o portal, até que o humano e eu decidimos, por curiosidade, voltar para o salão do portão para saber o que havia acontecido.
Antes mesmo de ver podíamos sentir o cheiro de queimado e logo vimos o que julgamos serem os corpos de mais perseguidores drows que foram pegos pela armadilha mágica dos elfos e carbonizados por algo de extremo calor.

Então anunciei minha decisão de ir até o exterior para reencontrar Utgar e Nix, ele protestou mas, no final, eu segui e ele voltou. Eu subi todos os níveis da construção com a maior cautela possível.
Chegando na saída vi que já era noite. Então chamei discretamente por Nix e Utgar, apenas Utgar apareceu. Ele tentava transpor a montanha de pedras da ruína quando foi abatido por uma flecha. Haviam mais perseguidores!

Eu corri construção adentro em direção dos outros, mas, meus ferimentos me atrasaram e permitiram que, no ultimo lance de escadas, fosse alcançado e me atingiram com uma flecha nas costas. Cai então escada abaixo para a escuridão.

Quando acordei, tudo o que senti foi dor por todo meu corpo e um gosto horrível na boca. Inicialmente não conseguia me mover ou abrir os olhos. Lentamente meu corpo voltou à vida, Uma luz me cegava, luz do dia, e estava em meio a uma floresta, fria, porém, agradável. Milo debruçado sobre meu corpo sorria para mim.

- Quanto... Quanto tempo eu estive desacordado? – eu perguntei com a mão na cabeça que doía enquanto me sentava (estava posto entre as raízes de uma grande árvore) e tentava, com dificuldade, abrir meus olhos cegados pela claridade.

- Uma dezena – respondeu Milo, o que me fez despertar totalmente com o susto. Então ele começou a rir e continuou: - Viu? Funcionou! Ele abriu os olhos. Apenas um dia mais ou menos.

Milo e o humano (Daegor Derronan é o seu nome) riam. E eu perguntei onde estávamos. Ele então me contou que haviam atravessado o portal e apareceram na floresta e se esconderam. Pouco depois Quatro indivíduos atravessaram o portal também, me carregando inconsciente e, após um pequeno mal entendido, e da elfa convence-los a me libertaram, eles partiram.

O encontro com os elfos nos trouxe o conhecimento que provavelmente estávamos no norte de Cormanthor, bem longe de onde esperávamos estar, isso explicava o frio.

- E que gosto ruim é esse na minha boca? Eu perguntei, e, divertidamente, o humano me contou que Milo me havia feito tomar a água podre do templo.

Eu estava vivo, mas não poderia seguir viagem antes de descansar, então conversei com Vassla que parecia chateada:

- Há algo errado? Eu comecei.

- Sim, Milo me contou que vocês invadiram o cemitério sagrado dos elfos.

- Ele te falou então sobre minha mãe? Perguntei e após ela confirmar com um movimento de cabeça eu continuei: Então ele te contou também sobre a cilada até a qual fomos guiados?

- Então também pensas que foi uma armadilha? Ele me contou que foste criado por elfos, mas então o que aconteceu?

- Sim, óbvio! Amra nos enviou para cometer um crime e logo atrás de nós já enviou nossos carrascos. Eu nasci em Essembra e, quando meu pai adotivo morreu, um companheiro dele levou minha mãe, deixando-a para ser cuidada pelos elfos de sua aldeia natal enquanto eu ele levou para ser treinado por ele, pois nunca seria aceito na comunidade.

“Quando voltei para a aldeia, dez anos depois, reencontrei minha mãe, que deveria ter 40 anos, mas aparentava ter 80. Amra disse que havia certa maldição na região, que não afetava aqueles possuidores de sangue elfico, mas afetava os humanos e ela assistiu a degeneração de minha mãe com prazer durante esses últimos dez anos. Sim, tenho certeza que foi uma cilada, que ela desejava o artefato para ela e como seria crime tomá-lo para si, nos enviou para realizar seu trabalho sujo e então nos sacrificar como criminosos”.

- Eu não entendo como uma elfa seria capaz de fazer algo assim.

- Quando estivemos com ela, ela nos disse que amava aquele de sua aldeia que se apaixonou por minha mãe e logo depois morreu. Então ela nos enviou com um de seus guerreiros, Lothar, para encontrar um clérigo que empunhava uma mão segurando relâmpagos lhes escapando por entre os dedos como símbolo sagrado e ele nos deu a localização do túmulo.

- Apenas sofrendo por uma paixão um de nós seria capaz de fazer algo dessa natureza.

- Por dez anos? Isso não justifica.

Dormi e quando acordei me sentia bem melhor, apto a continuar a viagem. Depois de um desjejum, apressado pela ainda mal-humorada Vassla. Após reunirmos nossos pertences e antes de partir pedi a Milo que subisse no topo de uma árvore, para observar onde estávamos e para onde seria mais prudente ir e ele saiu resmungando:

- Eu salvo a vida dele e ele me retribui assim “Suba na árvore”! Eu vivo me decepcionando com as pessoas e vice e versa - e começou a subir a árvore.

Depois de um tempo Milo volta e narra ter visto apenas floresta para todos os lados, um vale ao norte e uma árvore que parecia estar sendo tombada, também ao norte, antes, porém, do vale.

Após uma breve discussão resolvemos rumar para o norte, em direção à árvore que estava sendo tombada. No caminho encontramos pegadas de cavalos. Comentei com os outros que esses cavalos estavam ferrados e possivelmente montados e, diante da incapacidade de entenderem as pegadas brinquei com eles “Não são capazes de identificar as marcas das ferraduras? É tão óbvio! Vê essa?”, apontei para uma pegada e em seguida para outra e outra, dizendo que um cavalo estava doente, outro era gordo, outro carregava duas pessoas até que Vassla esclareceu que era impossível precisar tais detalhes, mas que os cavalos estavam realmente fazendo uso de ferraduras, então prosseguimos.

Era tarde quando alcançamos as proximidades do local que desejávamos encontrar. De longe escutamos os sons do trabalho braçal e os grunhidos. Era um grupo de orcs, uns 20, derrubando uma única árvore, imensa, como são as árvores de Cormanthor. Provavelmente se aproveitando da ausência dos elfos para tentarem dominar o local.

Posicionamos-nos sobre algumas árvores com meu arco e a besta de Derronan preparadas. Vassla e Milo se esconderam logo atrás. Planejávamos atrair os orcs em pequenos grupos para dentro da floresta fazendo barulho e então abatê-los-íamos aos poucos.

Foi então que escutamos os sons dos cascos se aproximando. Logo dez centauros passaram correndo logo abaixo de nós com armas em punho para atacar os orcs.

A clareira onde estavam os orcs se tornou o centro da batalha. Havia muito além dos 20 que havíamos contado. Após um breve período de perplexidade, voltamos a agir. Vassla correu com sua arma em punho em direção da batalha. Eu desci da árvore e os ataquei com o arco. Daegor permaneceu sobre a árvore, com sua besta em punho.

Um grupo de seis orcs, fugindo da batalha veio em nossa direção. Milo e eu nos escondemos. Eu permaneci atrás de uma árvore e assim que eles passaram por mim, ao calcular o que deveria ser o penúltimo, me virei atacando o que julguei ser o ultimo. Com um rápido movimento horizontal e em forma de arco de minha espada sua cabeça rolava pelo chão. Mas não era o ultimo.

Milo se pos em posição para enfrentar os que haviam passado por mim e eu os encarei, fazendo um deles fugir amedrontado. Após dar cabo dos que permaneceram comigo fui ajudar Milo que já terminava com os seus.

Então voltamos nossas atenções para a batalha na qual Vassla participava. Com o arco eu abati alguns e errei outros poucos. Virotes voavam de cima dá árvore para o caos. Quando um dos orcs veio até nós, Milo o enfrentou e foi ajudado por Daegor.

No centro da batalha Vassla e os centauros visivelmente galgavam aos poucos a vitória. Pouco depois Vassla se encontrava cercada, então Milo e eu fomos a seu auxílio. Logo o perigo já não mais existia e ela nos agradeceu com uma leve reverência.

Pouco tempo depois a batalha estava terminada, com os centauros vitoriosos e alguns poucos orcs fugitivos. Vassla foi em direção dos centauros e eu a segui. Ela se curvou em frente um deles, permanecendo semi-ajoelhada e eu a imitei.

Poucos instantes todos os centauros estavam ao nosso redor. Dentre eles se aproximou um, belo, de longos cabelos loiros e utilizando um elmo que tinha como enfeite uma crina de cavalo – o único que utilizava elmo.

Ele se aproximou de nós e retirou o elmo sacudindo o cabelo molhado de suor. Atrás dele todos os outros se organizaram em uma fila, como um exército atrás de seu líder.

Quando os centauros viram Daegor se mostraram incomodados e um grupo de uns três foram em direção dele.

- Esse humano é um companheiro nosso de batalha senhor, não um inimigo.

- Quem são esses que o acompanham elfa – perguntou o líder deles a Vassla.

- Esses são meus companheiros de viagem e batalha, o pequenino chama-se Milo, tem o humano, Daegor e esse... cavalheiro Tristan.

Começando a viagem Milo me pergunta se talvez poderia ir montando em um centauro.

- Será que eu poderia ir montado num deles – começou a pergunta.

- Nem tente – eu respondi – ou estaremos mortos.

Seguimos viagem com os centauros por boa parte da tarde, quando paramos para um breve descanso à beira de um lago.

- Talvez seja hora de revelar a eles o que eu sou – comecei para Vassla – mais cedo ou mais tarde eles descobriram, que seja então agora do que mais tarde, no refúgio deles.

- É uma atitude sensata – concordou ela.

Após os centauros se banharem, o que quase todos fizeram – exceto os dois que ficaram vigiando Derronan que permanecia emburrado – me dirigi ao líder deles.

- Com licença senhor das florestas, eu gostaria de palestrar contigo se for esse o teu desejo.

- Podes dizer – ele me respondeu.

- Eu possuo, como muitos podem dizer, uma deformação senhor...

- O que ele quer dizer senhor – me interrompeu Vassla – é que ele foi desafortunado ao nascer. Nasceu sob uma maldição, mas não têm culpa sobre isso.

- O que querem dizer – me perguntou ele diretamente.

- A poucos dias encontramos os elfos negros e batalhamos com eles, suponho que já os conheça.

- Sim, já os encontramos também.

- Bem, apesar de seu sangue negro os drows são elfos, como Vassla, e são capazes de gerar descendentes com os humanos, senhor.

- Nunca ouvi falar disso – disse ele e com um movimento de mão chamou um outro dos seus, de longos cabelos negros e muito belo – Herel!

- Bem senhor, há um pouco mais de 20 anos um exército de drows invadiu Essembra, matando, pilhando, estuprando e enfim, deixando alguns descendentes entre eles e as humanas, dentre estes, eu. Apesar de minha aparência, sou um humilde devoto de Silvanus e não carrego a maldade e podridão dos elfos negros.

Com um olhar de espanto ele começou a conversar com o centauro, Herel, que se aproximou ao seu chamado, confirmando minha história.

- Sim senhor, já ouvi tais lendas, mas nunca pude presenciar tal criatura.

- Mostre-se – me ordenou e lentamente joguei para trás o capuz, revelando meu rosto.

Todos se aproximaram, observando-me com uma mescla de apreensão e admiração.

- Então és duas vezes amaldiçoado, com o sangue negro e o sangue humano!

- Decidi senhor, contar-te a verdade agora, pois caso eu não seja bem vindo entre os seus, poderei seguir outro rumo não profanando assim o teu recanto com minha indesejada presença.

- Como já disse, foste de valor no campo de batalha e te mostraste um bom aliado, é bem vindo, não importa tua aparência.

- E como devo me dirigir ao senhor?

- Meu nome é Ulaumeth Crina Dourada.

- Se for o teu desejo, nosso pequeno companheiro, Milo é um trovador e poderia contar-te essa história de maneira mais requintada – disse apontando para Milo.

- Temos entre nós um trovador também – respondeu-me apontando para Herel.

Após explicar a Milo o que acontecia ele se mostrou muito bem disposto a apresentar suas habilidades e compartilha-las com o trovador centauro.

- Teu talento é proporcional ao teu tamanho, pequeno? – perguntou Herel a Milo na linguagem comum.

- Sinceramente, senhor, espero que não!

E dito isso começou a cantar a melancólica balada contando a triste história do ataque a Essembra. Seu desempenho foi excepcional e atraiu a atenção de todos emocionando a muitos.
Quando começou a tocar fui até Daegor que parecia desconfortável e lhe ofereci meu cantil.

- Como estás?

- Como posso estar, cercado por esses cavalos burros que nem sabem falar?

- Eles sabem falar, só que uma língua deles. Aqueles dois – falei, indicando Herel e Ulaumeth Crina Dourada – sabem falar a língua comum também, então tenha cuidado com o que falares perto deles.

- É surpreendente que sejam capazes de falar mais de uma língua!

- E tome cuidado com o que for falares deles perto de Vassla.

- Não te preocupes amigo – me respondeu com um pequeno tapa no ombro – eu conheço a elfa.

Depois de um tempo seguimos viagem. Milo empolgadamente conversava com Herel, Derronan continuava emburrado. Eu segui ao lado de Vassla. Cobri meu rosto com a capa mais uma vez.

- Não é mais necessário que te ocultes – disse-me Vassla – eles já te aceitaram como o é.

- É o costume – respondi com um sorriso enquanto retirava a capa.

Era noite quando chegamos à aldeia deles. Era pequena, com um posso em lado e diversas choupanas de onde saiam vários outros centauros, na maioria, femininas e crianças, que iam saudar seus respectivos esposos, pais ou familiares. Havia também uma grande fogueira no centro da aldeia.

Ulaumeth se adiantou pronunciando a vitória sobre os orcs, apresentando os convidados – nós – e informando sobre a comemoração o que foi seguido de vários “Vivas” – aos quais Milo se juntou mesmo não sabendo o que se passava.

Após saber o do que se tratava Milo se viu na obrigação de começar a festa e começou a tocar seu bandolim e a cantar dançando ao redor da fogueira, fazendo gracinhas, sorrindo e piscando para várias centauras e crianças.

Por um instante todos fizeram silencio e olharam ao mesmo tempo para Milo, admirados e assustados, mas logo se juntaram a ele. Uma centaura trouxe um barril de bebida enquanto outra trouxe carne a ser assada na fogueira.

Eu questionei a um centauro se haveria por perto um riacho, lago ou outra qualquer fonte de água corrente da qual poderia fazer uso por ali e, após me indicar fui até ele, um pequeno córrego que passa a uns poucos metros da clareira dos centauros.

Lá me banhei e lavei minhas roupas sujas e armadura, vestindo uma muda de roupa limpa de minha mochila e deixei-as em um bom local para secá-las. E alto o suficiente para ficarem fora do alcance das crianças centauro.

Voltei então para a aldeia, onde a festa acontecia, Milo tocava ao redor da fogueira junto a Herel e bebericava uma caneca, desproporcional ao seu tamanho, da bebida silvestre. Vassla conversava alegremente com um pequeno grupo de centauros e Daegor comia moderadamente sentando em um canto, ainda desconfortável.

Fui até o centro, me servi de um pouco de carne e frutas e da bebida, de um dourado translúcido, hidromel – maravilhoso – e me sentei em um canto apreciando a música, me alimentando e concentrado em desenhar a alegre cena que se desenvolvia a minha frente.

Madrugada já alta e a lua cheia iluminava o centro da clareira quando Vassla veio até mim.

- O que estás fazendo – me perguntou.

Mostrei o desenho a ela.

- Não sabia que possuía dotes artísticos. Está muito bom. Ulaumeth deseja conversar conosco.

Eu a segui então até a tenda de Ulaumeth. Sentamos-nos diante dele.

- Desejavas nos ver senhor – perguntei.

- Sim. Vassla me contou que vocês irão prosseguir até Essembra, o que vão fazer lá?

- Bem, falo por Milo e por mim, nós vamos até uma aldeia élfica próxima a Essembra, para encontrar minha mãe e meia-irmã.

- Ela me contou sobre a doença de tua mãe. Encontraste a cura para o male dela?

- Teoricamente, sim senhor, mas tenho meus motivos para crer que as coisas não sejam tão simples.

- Quando amanhecer e fores partir, procure por Thendritann, a leste daqui, ele conhece os melhores caminhos para encurtar vossa viagem. Vá até ele em meu nome e, se vos julgares digno, ele vos guiará.

- Obrigado senhor.

- Então, Vassla, decidiste que rumo seguirá a partir daqui – perguntei a ela em particular.

- Ainda não, deixarei essa decisão para amanhã.

Após ter certeza onde poderia descansar, me acomodei em sua cabana e dormi sob meu cobertor.

Na manhã seguinte, acordei junto com o sol. Na choupana onde me encontrava haviam centauros dormindo então sai de lá fazendo pouco barulho. Do lado de fora a vida continuava e vários centauros e centauras já estavam realizando seus afazeres domésticos diários.

Após procurar um pouco encontrei Vassla próxima a um arado conversando com um centauro. Ela trajava um vestido e não a pesada armadura, e estava limpa.

- Bom dia – eu comecei cumprimentando Vassla e o centauro e me dirigindo a ela prossegui – eu poderia falar contigo em particular?

“Claro” ela respondeu e se despediu do centauro com quem conversava e me seguiu até a beira do riacho onde havia deixado meus pertences lavados.

- E então, decidiste que rumo tomará?

- Sim. Fui convidada a permanecer aqui um tempo, devo ficar até pelo menos o fim do inverno, não prosseguirei com vocês.

- Daegor já sabe disso?

- Ainda não – respondeu-me ela com uma expressão que previa a reação negativa do companheiro.

- Deixe-me pedir-te uma coisa então – eu disse e, após um breve aceno de concordância continuei

– Apesar de eu ser um guardião das florestas e servo do Senhor das Florestas e da Vida Selvagem, sou inexperiente e vejo que Ele já intercede através de tuas mãos. Poderia me ensinar um pouco sobre Silvanus?

A manhã passou enquanto ela me ensinava sobre os segredos dele. Eu, recostado em uma árvore, aproveitei a ocasião para desenhá-la em uma das folhas de meu diário. Um desenho de busto, o mais detalhado possível, captando uma revigorada e bela Vassla de cabelos lisos e soltos ao redor do rosto sorridente iluminado pelo sol matinal de um dia que parecia diferente de todos os outros: um pouco mais alegre e sem cansaço.

Quando terminei meu desenho fiquei a ouvir até que ela por fim se esgotara. Era já sol alto quando terminamos. Mostrei meu desenho a ela.

- Ficou lindo!

- Obrigado – respondi ao elogio – não foi difícil, tive uma bela modelo.

Ela sorriu em resposta e então, após decidirmos que já era hora de encontrar nossos companheiros, me levantei e a ajudei a levantar, arrumei minhas coisas e voltamos para o acampamento.

Milo estava sentado no centro, perto da fogueira, comendo. Aproximamos-nos desejando-lhe um bom dia e eu me aproveitei de seu desjejum – ao que ele me respondeu com uma cara emburrada.
Após uma breve conversa na qual Milo expôs seu desejo de permanecer ali por mais tempo, e de esclarecer que isso não seria possível decidimos os três procurar por Daegor.

O encontramos dentro da mata se arrumando.

- Logo vamos partir – eu disse.

- Talvez possamos ficar um pouco mais – disse Milo sorrindo para Daegor.

- Já estou pronto – respondeu esse para o desânimo de Milo que parou de sorrir no instante seguinte.

- Bom dia Daegor – começou Vassla – tenho que conversar com você.

- Bem, Milo, vamos arrumar nossas coisas enquanto eles conversam – eu lhe disse.

- Elas já estão arrumadas – respondeu-me ele com interesse na conversa dos dois.

- Bem, vamos recolher provisões então.

- Pode ir você, eu quero escutar o que ela...

- Vejo ali mais hidromel – eu interrompi.

- Não te preocupes, tenho um cantil cheio de hidromel.

Com a paciência esgotada peguei-o embaixo do braço e carreguei para longe de Daegor e Vassla.

- Hei! Mas eu quero escutar!

- O que eles vão conversar é entre eles apenas. Ela está dizendo que não viajará mais conosco.

- Como assim?

- Os centauros a convidaram para permanecer aqui.

Vimos à distância, Daegor respondendo furioso Vassla e se separando dela. Ele passou por nós dizendo “Então? Vamos?” e nós fomos atrás de Vassla.

- Ele não aceitou bem a notícia. Ele é um homem de valor, apesar de ser meio atrapalhado de vez em quando. Por favor, tomem conta dele.

- Pode deixar – respondemos.

- Foi uma honra viajar contigo, Vassla, espero que tudo dê certo para ti – disse Milo enquanto beijava sua mão – Espero encontrar-te novamente.

- Foi um grande prazer viajar contigo pequenino – respondeu ela sorrindo.

- Milo, como és tu o melhor com as palavras, atrase Daegor que já está saindo da mata – disse-lhe eu apontando para Daegor – enquanto eu e Vassla recolhemos alguma provisão para nossa viagem e despeço de Ulaumeth. Milo saiu correndo atrás de Daegor enquanto Vassla e eu caminhamos em direção ao centro da aldeia.

Tristan
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