A Balada do Norte
Capitulo 1 - Salteadores do Gelo Negro
Parte 2 – A Terra do Gelo Negro
Obs: Aventura pronta retirada da revista Dungeon #115
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Maryolshka, a Rusalka |
Já fazia algumas horas desde Tonnsborg quando o grupo encontrou um rio. Por sorte a água era rasa, mesmo que o fluxo fosse rápido, então se prepararam para atravessar, checaram os cachorros e a bagagem, mas quando o druida pisou na água fria uma imagem se formou a sua frente. Era uma bela mulher, seus cabelos eram verdes como algas, sua pele de uma palidez sombria, mas estranhamente atraente. A beleza de seu corpo nu era incrível, mas também não era humana. Era exótica, distante, sobrenatural. Ela se levantou com majestade e de sua boca saiu uma voz poderosa, como as águas de uma catarata batendo nas rochas abaixo. “Vós entrais em meu rio. Pagai com sangue ou teu companheiro jamais chegará ao outro lado.”
Calisto imediatamente ficou nervoso e gritou, Garu atacou sem sucesso a fada do rio, que não revidou, apenas soltou sua voz em uma canção. A música era bela e a atraente e por um momento Midalin e Garu hesitaram. Batalhando brevemente as ilusões e mentiras eles viram através da malicia da canção, mas ao olharem envolta viram Calisto que em transe andava a passos lentos na direção do rio e de Maryolshka, a fada feiticeira do rio.
Um poderoso grito quebrou a canção da fada sanguinária. Era uma palavra de poder élfica, uma flecha esverdeada se formou diante de Midalin e zuniu conforme voou, acertando em cheio o ventre da feiticeira do rio. O grito agudo da fada quebrou o transe de Calisto que já estava perto o bastante para dar o golpe fatal. O corpo belo e inerte caiu e foi levado pela correnteza, não havia sangue, apenas a água fria do rio e Calisto com sua poderosa espada firme em mãos.
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Um anão enfrenta uma aranha do gelo como as que os aventureiros encontraram |
A viagem era longa e eles já estavam ficando exaustos, os cães cansados latiam enquanto lutavam para puxar o trenó mais um pouco. Mais a frente eles viram uma estranha formação. Era um circulo quase perfeito de não mais que 30 metros de diâmetro de árvores frondosas com as copas cheias de folhas verdes cobertas de neve, naquela imensidão branca com esparsas árvores congeladas e retorcidas aquilo era muito estranho. O grupo encontro um homem aparentemente normal, tremendo sob o frio do norte, usando roupas bem mais leves do que os aventureiros. Seria um louco? Eles não sabiam. O homem se apresentou como Edgar de Águas Profundas e disse que tinha sido transportado para lá por um mago vingativo, não explicou o porquê de tal hostilidade e a história não parecia fácil de acreditar. Eles deram a ele algumas roupas que tinham conseguido em Tonnsborg e enquanto se vestiam ouviram gritos que pediam ajuda dentro do circulo de arvores. Edgar foi o primeiro a adentrar naquela formação densa, talvez para se esquentar com o movimento mais do que por desejo de salvar alguém. Ele subiu pelo tronco de uma arvore e adentrou sorrateiramente, saltando entre as árvores com agilidade felina. Sua figura logo sumiu entre as arvores e os outros seguiram atrás dele incertos.
Garu, Calisto e Midalin ao ouvirem barulho de batalha aceleram o passo e encontraram Edgar enfrentando estranhas aranhas, eram brancas com presas azuis ávidas por morder Edgar, duas entre elas eram ainda maiores, quase tão grandes quanto um Halfling. Ao fundo viram o que parecia ser a toca das aranhas. Uma formação de rochas suspeita, se erguendo até quase passar as árvores e nela presos muitas criaturas, lobos, cavalos e até homens e goblins, que gritavam por socorro e pediam que fugissem.
Com grande agilidade Edgar as evitava e contra-atacava e logos seus companheiros vieram ajudá-lo. Garu foi mordido por uma das aranhas e sentiu o veneno viajar por seu corpo, frio em suas veias, fazendo cada músculo pelo qual passava dormente e dificultando o movimento. Mas Garu e seus companheiros lugaram habilmente e com certa dificuldade derrotaram as arranhas e libertaram os prisioneiros. Dentro da formação rochosa haviam muitos ossos espalhados, assim como carcaças, corpos e pedaços de corpos que o frio preservara em formas sinistras de agonia e dor. Eu meio aos corpos havia um elfo e dele Midalin tirou botas mágicas, botas leves que tornavam os pés ágeis e rápidos, elas acabaram ficando com Garu que passara então a ser mais acrobático. O grupo seguiu mais uma vez seu caminho, buscando encontrar a caravana inimiga antes que fosse tarde demais
Os quatro sabiam que estavam se aproximando mais e mais da caravana que perseguiam, os rastros eram cada vez mais frescos quando eles vieram algo que nunca imaginavam ver. Bruscamente a terra se elevava diante deles, formando paredes irregulares de gelo, mas o mais estranho não era isso, mas sim a cor do gelo, enegrecido como um vidro pintado negro. Ao subirem a parede de gelo descobriram que dali em diante a imensidão branca dava lugar a uma campo liso de gelo negro que se estendia até onde se podia ver em tons cinzentos. Também puderam ver ao longe a caravana, tentando esquecer a estranheza da região seguiram sorrateiramente a espera da noite quando atacariam de surpresa.
O que não sabiam é que eram esperados. Alguém havia saído pouco depois da batalha com os goblins em Tonnsborg, atrasou-os pondo fogo na vila e fugiu para avisar a caravana. Eles atacaram, mas assim que se aproximaram Lyotar, o líder da caravana empregou uma cruel tática. Pegou os reféns capturados e prendendo-os por uma corda fez um verdadeiro escudo humano contra os heróis e atrás deles atiravam com arcos e bestas contra os heróis. Enquanto isso pediu que Angmesh, o covarde que queimara a vila, fugisse para avisar seus superiores.
“Evedon Atunurar!” gritou Midalin e uma luz laranja saiu de suas mãos, por pouco atravessou o espaço entre dois reféns e atingiu a neve atrás, explodindo em uma poderosa bola de fogo. Os goblins e Lyotar foram pegos de surpresa e muitos dos goblins caíram ali mesmo. Os que sobraram soltaram os lobos atrozes que puxavam os trenós restantes. Os heróis não se deixaram abalar e rapidamente Edgar e Calisto investiram contra os goblins, saltando ferozmente por cima do escuro humano e caindo com golpes ferozes.
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Um membro do povo gélido de Auril |
Enfrentando lobos e goblins Calisto e Edgar chegaram até Lyotar e puderam vê-lo de perto. Não parecia ser humano, pelo menos não mais. Seus cabelos eram longos e brancos, sua pele pálida e seu olho esquerdo, totalmente azul, soltava uma fumaça branca, como a que as vezes sai do gelo ou do hálito de alguém no frio. Não era mais um homem, mas um do povo gélido abençoado e amaldiçoado por Auril, a deusa do gelo e do frio. O homem o encarou e do olho esquerdo saíram ventos e nevoa fria que queimavam sua pele como adagas de gelo entrando em seu corpo. Calisto não se deixou abalar e atacou furioso, bradando um grito de guerra dos Uthgardt.
Enquanto isso lobos atrozes saltaram sobre Midalin e Garu, suas presas os atingiram e os feriram mas não tombaram. Garu se concentrou e seu corpo mudou, pelos negros cresceram em seu corpo, suas mãos viraram patas e seus quadris e colunas se curvaram em uma forma quadrúpede, era um feroz lobo negro, poderoso mas menos do que os lobos cinzentos de povo gélido. Midalin também tinha se preparado e contra-atacou com um feitiço, projeteis de energia prateada saíram da ponta dos seus dedos e giraram brevemente no ar antes de atingir em cheio o lobo atroz, que cuspiu sangue.
Calisto e Lyotar se embrenhavam em uma luta feroz, o bárbaro gritava e girava poderosamente a grande espada, e logo Lyotar soube que não podia vencer o bárbaro do Pônei Celeste. Lyotar fez uma breve prece a Auril e gritando o nome de sua deusa investiu contra o bárbaro. Sem pena Calisto se esquivou e com um golpe em arco acertou um golpe profundo no rosto do guerreiro de Auril, o olho azul dançou no ar e caiu na neve. Lyotar o seguiu, agonizando. Calisto havia vencido.
Edgar tinha voltado ao trenó e seguia Angmesh e os goblins restantes tão rápido quanto podia. Logo Calisto correu tão rápido quanto podia e saltou no trenó junto a Edgar. Angmesh forçou-se ao máximo, mas conseguiu saltar sobre o trenó junto a Edgar que gritava para os cachorros seguirem mais rápido.
Era uma luta feroz entre dois animais, um era grande e rápido, o outro era veloz e astuto. O lobo atroz tentava abocanhar o negro, Garu vestindo o corpo de um lupino, com sua enorme boca.Garu entretanto,era mais rápido e desviava, esperando o momento certo. Suas presas e garras abriam feridas nos flancos do grande lobo cinzento que não conseguia acerta-lo. Garu saltou, girou e esquivou enquanto feria o lobo, o sangue pintava a neve de vermelho, primeiro eram algumas gotas, mas a mancha foi crescendo e crescendo conforme Garu fazia mais e mais ferimentos. Depois de muitos golpes o lobo tombou, já havia perdido muito sangue. Garu, exausto parou por um segundo, o gosto de sangue na sua boca lhe causava uma sensação de deja-vu, mas ele não sabia por que. Virou-se a tempo de ver Midalin muito ferido lançar uma grande esfera de energia prateada que finalmente derrubou o outro lobo.
Angmesh tentava se livrar de seus perseguidores, mas não era possível, seu trenó era pesado demais. Calisto saltou de um trenó para outro, com exatidão, os machados dos goblins perfuraram seu corpo, estavam preparadas para sua queda. O sangue jorrou e os goblins riram alto. Calisto apenas encarou um deles e com um golpe de sua espada lançou a criatura para fora do trenó sangrando. Edgar foi o próximo a saltar, seu salto foi melhor calculado, entre os machados dos goblins, que já não riam mais.
Um por um os goblins foram caindo, no final só restavam Edgar, Calisto e Angmesh. Calisto mesmo em sua fúria não matou Angmesh, apenas o derrubou do trenó, que já estava quase parando pela falta de um guia. Ao covarde Angmesh Calisto não deu o prazer da morte, o bárbaro arrancou o olho místico do filho de Auril e o abandonou sangrando no deserto gélido. Um covarde injusto não poderia morrer por sua lamina.
A viagem tinha sido longa, mas eles já vislumbravam seu objetivo. Por sobre a neve negra se erguia uma fortaleza de preto e cinza, era a Cidadela Gélida aonde os últimos camponeses de Tonnsborg estavam, era o objetivo da jornada deles. Os quatro seguiram lentamente, esperando que ainda contassem com o elemento surpresa.