mas só a satisfação de ver Daniele se morder de despeito valeu a pena.
Adoro a Dani, isso que é pessoa Filha da ... Mãe. Mãe.
Huahuahuahua.
Obrigado milady e Malka. Dani tb agradece os comentários.
Eu jah gostei da forma q ele tratou o Loki
Hehehe, além de gato, é um filhote de cruz-credo feio e ruim. Ele merece.
Sombra
Parte 59: Planos
Felipe acendeu um cigarro, enquanto esperava nos fundos daquele velho boteco, onde há pouco estava jogando sinuca e bebendo uma cerveja. Seu convidado não costumava se atrasar, então, quando o horário marcado se aproximou, ele rumou para o ponto de encontro. Após a segunda tragada, ele apareceu, caminhando pelo corredor formado pela parede externa do boteco e o muro que o separava da propriedade ao lado. O recém-chegado vestia camisa social preta, sobretudo preto fechado, uma máscara negra com aberturas para os olhos, e um chapéu também preto. Possuía um ar sofisticado e estranhamente deslocado naquele ambiente sujo e mal cuidado, por onde chegavam os carregamentos de bebidas e saía o lixo.
Mesmo no escuro, Felipe fitou o olhar daquele homem, sentindo um arrepio percorrer sua espinha. Apesar de ser, aparentemente, humano, o Caçador, como era conhecido, conseguia ser mais assustador do que muitos vampiros. Ele se aproximou o suficiente para conversarem com privacidade e iniciou o diálogo com sua voz sombria. “O que você quer?”
“Boa noite pra você também, Caçador”. Felipe respondeu, assoprando fumaça para o lado, como desculpa para fugir daquele olhar.
“Vá direto ao assunto”.
“Sempre direto, hein? Certo. Um dos filhos do líder dos vampiros da cidade foi morto. Como era de se esperar, ele enviou seus assassinos para se vingar, mas o assassino também foi morto. Acredito que eles não sabem com o que estão lidando”.
“E você sabe?”
“Não, mas acho que podemos usar isso ao nosso favor”.
“Continue”.
“Acho que posso incitar uma guerra entre os vampiros, mas precisarei de ajuda”.
“E porque eu o ajudaria?”
“Ora, quanto menos monstros soltos por aí, melhor”.
“Quero saber qual o seu interesse nisso”.
“O mesmo que o seu, Caçador. Acabar com essa escória que vive nas sombras. Estamos do mesmo lado”. Caçador de repente, voa na direção de Felipe, apertando seu pescoço com uma mão, enquanto torcia seus dedos para trás, com a outra, imobilizando-o com a dor e a asfixia. Porém, quando falou, sua voz continuou sombria e fria, sem nenhuma alteração.
“Não pense que sou como os cadáveres com quem você anda, verme. Estamos do mesmo lado? É o mesmo que você diz para eles. Você vive nas sombras tanto quanto aqueles que você diz caçar. Vou te ajudar nesta sua guerra, mas você sabe que está fazendo uma dívida alta e eu sei como te encontrar e cobrar”. Dito isto, Caçador soltou Felipe, empurrando-o, enquanto ele se recompunha, encolhendo os dedos doloridos e levando a mão à garganta. Ao olhar novamente para o mascarado, mesmo sem querer, Felipe se fixou naquele olhar, que parecia atravessa-lo como lanças. Caçador voltou a falar.
“O mal se esconde na noite, devendo ser encontrado e destruído. Lembre-se disso, quando estiver agindo. Os cadáveres, com quem você anda, são monstros. São o inimigo. São o mal”. E tais palavras entraram fundo em sua mente, ecoando e se repetindo seguidamente, invadindo e se fixando, como um parasita. Felipe não conseguia negar aquilo. O Caçador estava certo. Seja lá o que ele for, estava certo.
Felipe expôs seu plano, enquanto o Caçador o ouvia atentamente. Eurípedes, o ancião insano, que acreditava ser o verdadeiro Patriarca da cidade, seria usado contra o Lorde da Noite. Uma guerra entre os dois lados surgiria, enquanto eles próprios, aproveitariam a oportunidade, lutando do seu próprio lado, secretamente. Com certeza, seria um duro golpe para a sociedade vampírica de Goiânia. Caçador teve de concordar que era um bom plano, apesar de não ter certeza sobre as verdadeiras intenções de Felipe. Ainda assim, acreditava que poderia mantê-lo na linha, durante algum tempo. Bastava lembra-lo de que o mal devia ser destruído.
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Andrei me ordenara a ficar de vigília na frente daquele prédio, pois disse que seu contato suspeitava que a pessoa que procurávamos morava ali. Ele me descreveu um rapaz de, no máximo, uns dezoito anos, com cabelos pretos compridos. Praticamente, uma criança. Até achei que fosse piada, mas como Andrei nunca faria piada quanto ao assassino de seu irmão, imaginei que o tal contato estava de sacanagem. Mas lembrei que o Cicatriz também não deixaria ninguém sacaneá-lo.
Cheguei bem cedinho, pra evitar que perdesse o garoto saindo para a escola. Fiquei de longe, dentro do carro, olhando com um binóculo sempre que percebia alguma movimentação na porta do prédio. Vi algumas pessoas saindo, especialmente estudantes, mas nenhum que se encaixasse na descrição que recebi. De repente, algo realmente me chamou a atenção. Um rapaz de cabelos pretos compridos, vestindo camiseta preta e calças jeans, aparentemente úmidas, chegara no prédio àquela hora. Ele carregava algo também negro, embolado, em suas mãos e parecia bem cansado.
Continuei minha vigilância. Silvio trouxera uma marmitex na hora do almoço e perguntou se eu tinha algum resultado. Contei pra ele o que vira, mas não deu muita atenção e logo foi embora. Depois do almoço, o sono bateu, mas me mantive firme, enquanto ouvia música. Por pouco, não percebi o mesmo rapaz dentro de um carro, que cruzou comigo, tendo uma mulher no volante. Fiquei tentado a segui-los, mas decidi me limitar às ordens que me deram, para não haver risco de confusão. Não tinha certeza se era o mesmo rapaz e muito menos de que era o único jovem de cabelos compridos naquele prédio.
O dia se arrastou lentamente. Mal acreditava que estava perdendo meu sábado em atividade tão inútil. Se não estivesse sendo muito bem pago, iria embora. Música e leitura me entreteram durante a tarde. Quando escureceu, liguei o carro e estacionei mais próximo à portaria, mas do outro lado da rua, ainda mantendo alguma distância. Mal desliguei o motor, um outro carro chega, trazendo o mesmo rapaz, junto a uma garota japonesa. Eles se despedem amigavelmente do casal de dentro do carro e entram. Continuo minha vigília, até que meu celular toca, para que eu dê meu relatório.
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Tirei o telefone do gancho e comecei a digitar o número da minha casa, quando me ocorreu um pensamento. Desliguei-o e fui até a cozinha, onde Athos esperava o aparelho de microondas aquecer alguns pedaços de carne crua, para depois levar ao chão, onde o gatinho preto miava faminto. Não me percebera ali, sendo flagrado enquanto falava com o pequeno felino.
“Ta aí. Mas larga de ser folgado e vai caçar uns ratos. E fica longe da Graça. Não quero você se metendo com ela”. Ao se virar pra porta, ele se espanta com minha presença.
“Ué, você ta aí? Não ia ligar pra sua mãe?”
“Não sabia que era felinoglota”.
“E não sou. Ele é que é humanoglota”.
“Qual o nome dele?”
“Lóki”.
“Está com ciúmes de mim com o Lóki, só por ele ser um gato?” Digo, brincando com o duplo sentido da palavra.
“Há, se Lóki é um gato, eu sou um tigre. Literalmente”.
“Uh, tigrão, o que vai fazer amanhã?”
“Almoçar com minha avó”.
“E depois?”
“Não sei. Estudar, talvez”.
“Não quer sair?”
“Pra onde?”
“Não sei. Andar à toa. Ir num cinema”.
“Ei, estou precisando comprar umas roupas. Podemos aproveitar pra fazer isso”.
“Vai me deixar dar palpite no seu guarda-roupa, é?”
“Claro. Mas se vou segui-los, é outra história, hehe”.
“Você que sabe, se quer ficar bonitão ou bonitinho”.
“Veremos”. Ele diz, envolvendo minha cintura em seus braços e me beijando ternamente, para depois aumentar o ritmo, apertando meu corpo contra o dele. Ficamos assim, nos aproveitando, por algum tempo. Ao terminarmos, eu o olho, fazendo aquela carinha de bobo que eu tanto gosto. Deito minha cabeça em seu peito, enquanto desfruto daquele delicioso abraço.
“Posso ficar com você?” Eu pergunto.
“Hã?”
“Hoje. Posso ficar aqui?”
“O quanto quiser”.
“Amanhã eu saio pro almoço e nos encontramos de novo, no shopping, pode ser?”
"Claro".
“Então deixa eu ligar pra minha mãe”. Digo, me afastando dele e, enfim, termino de digitar o número de minha casa.