Spell RPG

Bom dia meus caros.
Tudo bem com vocês?
Espero que sim.

Entre TGI, umas batalhas em Mìr e um punhado de conversas, peguei-me pensando nas influências que nossos trabalhos recebem daquilo que é "externo" ao trabalho escrito.

Talvez eu tenha soado pouco claro acima, mas já me explico.

Por vezes ouvimos que para escrever melhor é importante ler mais. E isso é uma grande verdade em vários sentidos. Conhecemos mais vocábulos, somos apresentados a novos modos de conduzir uma história e etc. E algumas dessas coisas ficam conosco, são assimiladas e, em um momento futuro, colocamos um pouco disso no papel.

O meu ponto, no entanto, é que não só as obras literárias tem esse poder, não é verdade?

Estava articulando minha continuação para "A Batalha de Mìr" pela terceira vez, em um terceiro arquivo diferente e percebi que cada uma dessas versões era amplamente destoante das demais. O primeiro arquivo continha minhas idéias mais antigas de continuação. O segundo arquivo era algo menos apegado aos indivíduos secundários da história, de modo que eu passei várias guilhotinas em vários momentos. Por fim, o terceiro arquivo era mais diplomático, mais rico em politicagem e barganha.

Notei que só os dois últimos que eu vinha atualizando e que curiosamente os horários eram bem distintos: o segundo eu articulava durante as madrugadas, após ver Prison Break, e o terceiro eu articulava durante as tardes, após jogar Firem Emblem

Alguns se inspiram ou ganham algumas influências com músicas, outros com filmes e jogos e, dentre esses, quem sabe algo relacionado ao RPG (refiro-me a uma aventura, um jogo de RPG eletrônico e/ou congêneres).

Mas minha questão é: quais são as influências que você recebe de meios de comunicação não escritos?
Ademais, qual o impacto dessa influência?

Pode ser legal "comparar" um pouco dessas últimas influências com trabalhos formulados mais ou menos na mesma época =)

E também me parece uma boa forma de conhecermos um pouco melhor uns aos outros e um pouco mais também das minúcias que cada trabalho guarda em segredo de seu processo de desenvolvimento.

Até mais!


Dahak Out

Considerando que para criar qualquer coisa você se utiliza do seu repertório pessoal, tudo o que você já viu, ouviu, leu, sentiu, cheirou, tocou e mais, pode servir (e de fato serve, ainda que às vezes inconscientemente) como uma influência não literária.

David Lynch disse que Veludo Azul nasceu de uma sensação.

Captain Beefheart escreveu:Considerando que para criar qualquer coisa você se utiliza do seu repertório pessoal, tudo o que você já viu, ouviu, leu, sentiu, cheirou, tocou e mais, pode servir (e de fato serve, ainda que às vezes inconscientemente) como uma influência não literária.

Estava pensando nisso. A resposta para quinze quilômetros de post é: praticamente qualquer coisa.

Interessante discussão. Lembro-me que alguns dos materiais que escrevi sofreu forte influência de fatores externos à literatura. Depois que eu comecei a trabalhar em uma redação de jornal, escrevi muita coisa que só depois, analisando com calma, era sem graça, fruto dos textos objetivos e diretos do dia a dia. Resultado: até hoje reescrevo.

Outra coisa que sempre me influencia é a questão dos seriados americanos. Assisto muito deles, e um em especial, Deadwood, da HBO, me fez elaborar diálogos mais marginais nas minhas obras. Nesse caso, a mudança foi intencional por ter virado fã dos textos da série, ao contrário do exemplo da redação.

Em relação aos horários, lembro que tive um breve período fértil à tarde, enquanto, na grande maioria das vezes, é de madrugada que produzo mais. Só que não sei até que ponto isso influenciou ou não.

Beef e Madruga, eu tinha em mente algo mais pontual.
Do contrário seria algo meio sem fim

Iaharra, você opta por esses diálogos mais marginais até hoje com facilidade/assiduidade?

No meu caso, essas séries trouxeram um efeito mais "momentâneo", coisa que passava depois de alguns dias sem contato.

Umas outras experiências mais antigas perduram mais, perduram até hoje em verdade.


Dahak Out

Dahak escreveu:Iaharra, você opta por esses diálogos mais marginais até hoje com facilidade/assiduidade?

No meu caso, essas séries trouxeram um efeito mais "momentâneo", coisa que passava depois de alguns dias sem contato.

Umas outras experiências mais antigas perduram mais, perduram até hoje em verdade.


Dahak Out

Sim, Dahak, até porque eu virei fã mesmo do seriado. Sempre gostei de diálogos mais "sujos", diga-se de passagem, como os de Bernard Cornwell. Ele é acusado até de tratar a humanidade como lixo por alguns críticos Eu, por outro lado, considero isso um dos pontos fortes dos livros dele. Achei o mesmo com Deadwood. Então, sempre que um personagem se encaixe em um cenário que peça por isso, eu não penso duas vezes e me inspiro bastante nos dois.

De momentâneo em relação a séries com certeza deve ter ocorrido algo, mas não lembro agora.

Bem...

Meus textos sempre trazem marcas profundas das coisas que estou lendo/assistindo, e quem me conhece consegue até pontuar quando eu comecei a escrever algum texto, mas depois de iniciado as influências ficam limitadas, às vezes aparece algum elemento novo, mas é algo focado que (geralmente) é ignorado depois.

Faz um tempo que não crio nada novo (nem dou continuidade a coisas antigas) então ainda não escrevi nenhuma história com um banho da sangue inspirado por Gantz/Black Lagoon, mas é pura questão de tempo...

Por outro lado algumas (raras) vezes eu pego uma idéia mais espontânea e corro com ela, gerando algo que é difícil de apontar influências especificas, ambora aspectos mais gerais das minhas criações (influências orientais e sci fi) se mantenham.

O meu dia a dia. As pessoas ao meu redor.
A maioria das minhas histórias acabo me baseando ao que eu vejo ao meu redor, modificando a gosto pessoal.
Raramente consigo escrever algo me inspirando em séries/filmes. Já tentei me inspirar em músicas, mas raramente saiu algo que me agradasse. Até me sinto plagiando em alguns casos.

Inté!

Uma coisa que já aconteceu muitas vezes é de filmes - estranhamente na maior parte das vezes filmes ruins ou medíocres - inspirarem. Coisas bem pontuais e específicas, já que procuro não roubar construções inteiras de contextos, cenas ou sequer sentimentos. Um ponto de uma cena que me inspira a escrever algo, geralmente nada a ver com o filme em geral e absolutamente irreconhecível para quem tiver contato tanto com o filme como tb com meu escrito.

Um exemplo: uma cena nada importante do fraco filme A Batalha de Riddick me inspirou a escrever algo sobre suicídio.

Sampaio escreveu:Uma coisa que já aconteceu muitas vezes é de filmes - estranhamente na maior parte das vezes filmes ruins ou medíocres - inspirarem. Coisas bem pontuais e específicas, já que procuro não roubar construções inteiras de contextos, cenas ou sequer sentimentos. Um ponto de uma cena que me inspira a escrever algo, geralmente nada a ver com o filme em geral e absolutamente irreconhecível para quem tiver contato tanto com o filme como tb com meu escrito.

Um exemplo: uma cena nada importante do fraco filme A Batalha de Riddick me inspirou a escrever algo sobre suicídio.

Qual foi a cena, Sampaio? E o conto está aqui na spell?

Loffon escreveu:David Lynch disse que Veludo Azul nasceu de uma sensação.

Uma sensação de nojo? Porque por mais que me digam que aquele filme é uma pérola do cinema, só consigo ter nojo dele... Acho que é demais para a minha pobre intelectualidade.

Anonimous escreveu:Faz um tempo que não crio nada novo (nem dou continuidade a coisas antigas)

Pois é, sinto falta da continuação dos seus contos...

Sampaio escreveu:Um exemplo: uma cena nada importante do fraco filme A Batalha de Riddick me inspirou a escrever algo sobre suicídio.

Acho que sei que cena é, mas fiquei curiosa. =)

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Bom, minhas influências não-literárias podem vir desde sentimentos até quadros pendurados numa parede. Aqui o terreno é fértil demais.

Só para citar alguns exemplos:

A idéia d'A Batalha de Mìr surgiu de uma sala de uma galeria de arte em que eu trabalhei! (risos)

O Piano surgiu de uma música instrumental tocada nos créditos do filme A Queda.

Eles... surgiu de uma noite de insônia, enquanto, para tentar retomar o sono, observava uma aranha que tecia sua teia na parede.

Normalmente os filmes me inspiram bastante a escrever. Mas minha associação acontece mais de forma inversa. Costumo associar filmes, clipes e músicas a coisas que leio, o que se reflete bastante nos meus comentários aqui na seção de Contos.

Chero!

Elara escreveu:Pois é, sinto falta da continuação dos seus contos...

*Se esconde*

Na verdade, o principal que eu tava postando já está terminado (pelo menos os dois primeiros "livros", o terceiro eu larguei na primeiro capitulo quando a campanha respectiva parou...)...

Esse conto não está postado na Spell, e nem postarei pois irão se decepcionar. Primeiro porque é ruim, é um rascunho que nunca voltei a ele nem pretendo; segundo que, como antecipei, apesar de ter sido inspirado por uma cena do filme, ele nada tem a ver com a cena em sí.

Sim, como provavelmente vcs imaginaram, é a cena do cara que se joga lá no sol, pra ser destruido e desintegrado enquanto caminha. Algo assim.
A cena não tem nada demais, mas como o filme estava morno remeteu-me a uma reflexão sobre suicídio longa e bem mais interessante do que a cena em sí.

As coisas que as pessoas dizem sempre me dão uma luz. Tenho tentado apurar o meu ouvido para isso, onde cada trejeito ou tom de voz é importante! Nada de caderninho, na memória mesmo. Observar as pessoas na rua (com discrição, moçada!) tb é algo que faço muito.

Não vejo séries.