Eaí pessoal tudo bem? Eu estou com um blog onde posto algumas ilustrações minhas e também comecei a colocar alguns contos do meu cenário em desenvolvimento, mas eu estou cometendo muuuitos erros e gostaria de contar com a contribuição dos usuários para ir evoluindo. Por isso corrijam a vontade
Caçadorores parte I
Naquela noite a lua majestosa não aparecia no céu como de costume. Densas nuvens negras encobriam sua majestade e reinavam em seu lugar. Os animais noturnos rastejavam sorrateiros pela folhagem úmida que forrava o solo por entre pedaços de pau podre e pequenas criaturas que o dia ignora, mas são bem vindas à noite.
Num casebre simples de madeira, um homem se levanta lutando contra o sono sabendo que muitas horas ainda faltam para a luz da aurora. Calça suas botas rústicas e sobre a roupa simples de tecido grosseiro veste um colete de couro, nada que o proteja da persistente chuva fina e gélida que por vezes se transforma em tempestade, que tem castigado suas já escassas plantações.
O tempo parecia estar mudando, hora persistindo por meses com calor intenso ou com chuva interminável que alaga as plantações, ambos igualmente letais para a lavoura. Mas se o trabalho de sol a sol, embora o sol raramente e muito tímido apareça sob as nuvens, não tem abastecido a mesa da família se vê obrigado a caçar à noite. Pega seu velho punhal herança, de família, e um arco pequeno de aparência frágil e credibilidade duvidosa, seleciona algumas flechas dando atenção especial às penas, “cada tiro precisa ser certeiro” pensa o homem. Testa algumas vezes a corda do arco, e após um beijo breve na esposa, que se revira um pouco incomodada, caminha com passos firmes rumo à saída, mas rapidamente se detém e retorna alguns passos até estar diante do brasão da família em um escudo gasto que remonta um passado de glória e bravura que rasgavam o mar em busca de terras amplas e férteis.
Mas o futuro é incerto, e os deuses que ainda habitam o velho mundo castigam a ambição humana, transformando valentes desbravadores em camponeses famintos. Ao sair ele não ouve, ou apenas finge não ouvir a voz frágil de sua mulher que diz: _ Não vá Rudolf, não vá…
O chão parece se mover enquanto uma serpente desenha lentamente seu trajeto no solo úmido, alguns animais que já perceberam sua presença silenciam o seu canto enquanto o predador procura algum pequeno e incauto roedor.
Rudolf não se meche, seus músculos estão tensos e seu corpo, coberto de gotículas de água, se transformou em parte da paisagem, ao redor, a mata selvagem imersa na escuridão talvez desconheça a presença de um novo predador, que não treme ou mesmo respira enquanto o animal desliza perigosamente roçando em sua bota. O arco está retesado, a flecha pronta e a serpente, ainda que não fosse exatamente o que esperava ter no ensopado com lentilhas de Joana sua esposa, serve de entrada.
Um milésimo de segundo antes de disparar o arco o coração do caçador gela quando percebe o que está acontecendo. Algo bem maior desliza pelo seu ombro direito, o corpo do animal em certo ponto chega a ser mais grosso que sua coxa e sua boca se abre revelando dentes enormes. A gigantesca cobra continua descendo passando a um centímetro de seu rosto, seu corpo se estende até metros acima aonde se enrola em uma árvore, ela parece estar preparada para atacar algo, “como ela não me viu ainda?”, pensa Rudolf quando enfim consegue perceber alguns metros à frente, um homem completamente vestido de preto, emergindo da escuridão.
Levou menos de um segundo. O homem de preto num salto ágil cravou um enorme punhal de lâmina curva e brilhante dentro da boca do animal, atravessando a sua cabeça. Morto, metros acima o gigantesco corpo da cobra despencou da árvore caindo sobre Rudolf. Ainda atônito com o acontecido, ele se levantou assustado e fugindo do corpo do animal procurando o seu arco, mas ficou novamente imóvel ao perceber que o misterioso homem de preto também com a sua bota esquerda havia esmagado a cabeça da outra serpente, da qual já havia se esquecido.
Continua…
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