por Youkai X em 31 Ago 2007, 00:40
Desde que chegaram ao centro das planícies de Kamuk-Aaśuurog a mais de 1200 anos atrás e os ancestrais dos śusk’os se depararam com a visão de um gigantesco cadáver quase totalmente descoberto e reluzindo sua mórbida imponência póstuma na obscura e aterradora região eles sentiram uma espécie de fé restaurada, como se tivessem chegado à terra prometida e de que a partir dali se reconstruiriam em uma nova e poderosa sociedade. Tal busca pela superação das dificuldades ambientais da península de Kootgokśoz é o que move a raça em suas conquistas e buscas por escravos. Durante os primeiros 125 anos os primeiros cultos a Kamuk-Aaśuu foram iniciados como se fosse uma simples adoração primitiva de caráter idólatra, com rituais simples e crenças de seu poder espiritual como se fosse uma manifestação direta e imediata, embora seus primitivos xamãs (conhecidos nas antigas linguagens dos śusk’o como bahup’og) ainda mostrassem poderes tão fracos e semelhantes aos de antes de encontrarem tal ser. Essa época ainda era miserável e os śusk’o viviam apenas para uma subsistência precária, com altas taxas de mortalidade devido aos poderes maléficos da aura de energia negativa do local e de suas inúmeras bestas invertebradas de feições bizarras e asquerosas, que também ganharam diversos cultos baseados no medo e admiração dessas criaturas. No fim da Muśrajoag (Era dos Vermes) surgiram xamãs que notaram que uma simples adoração feita nos moldes do passado sem nem mesmo estudar direito as reais propriedades de Kamuk-Aaśuu não passava de uma idolatria vulgar, que mantinha a extremamente fragilizada e em vias de extinção raça śusk’o alienada e mantendo fracamente o status já decadente dos tradicionais xamãs.
Essa nova geração de religiosos ao invés de cultuar de longe e temerosamente o grande ser preferiram adentrar as sombrias cavidades e relevo deixados pelo majestoso e colossal esqueleto e partes mumificadas da pele do monstro. Nesse processo houve muitas mortes e em igual número descobertas e novas teorias e correntes teológicas acerca da real natureza de tal divindade. Os estudiosos que ousaram estudar de perto Kamuk-Aaśuu descobriram como canalizar um grande poder místico e a partilhar com fiéis e seguidores suas bênçãos, alterando ao longo de gerações a fisiologia e fisionomia dos praticantes das novas religiões, fazendo com que as tribos que ainda adotassem o antigo sistema religioso fossem extintas. Os 87 anos de estudos iniciais e formação do que viriam a ser as bases das três facções religiosas principais dos śusk’o e a diminuição drástica das tribos que seguiam os costumes antigos receberam o nome de Guakunćo Joag (Era Guakunćo. Guakunćo seria uma palavra especial indicando introdução aos estudos, embora não se saiba ao certo o significado original, possivelmente adaptações de antigos dialetos śusk’o para eremitas aventureiros). Nessa época o contato constante entre os primeiros estudiosos e fiéis leva a formação do moderno idioma śusk’otug e de sua escrita (que é silábica, tirando de uso a antiga escrita pictórica em diversos pontos assemelhada a uma versão primitiva da escrita chinesa), que é quase uniformemente falado pelos śusk’o.
Em seguida foi o momento de levar as novas crenças acerca de Kamuk-Aaśuu para as tribos sobreviventes que ainda seguiam os antigos moldes religiosos. Foi uma época de muitos conflitos em busca da evangelização dessas tribos, algumas delas em pontos distantes e quase que fora da região de energia negativa, tendo algum contato distante com outras raças que habitavam as terras ainda intocadas pela corrupção sombria tão características de Kamuk-Aaśuurog. Vários conflitos tribais entre os evangelizadores (denominados munak-anttuśuk) e as tribos não-convertidas desenrolaram durante 36 anos e depois disso a evangelização se tornou mais fácil, demorando mais 45 anos para praticamente terminar. Também começou-se a construção de cidadelas aos arredores e interiores de Kamuk-Aaśuu durante esta era conhecida como Munak-anttujoag (era do evangelho).
O verdadeiro conflito aconteceu a partir do aprofundamento dos estudos religiosos, quando surgiram 3 correntes religiosas muito diferentes sobre o deus adormecido. Demorou cerca de 50 anos para começar a se tornarem mais intensas as divergências de credos e teorias, mas quando desencadeou foi intenso. Novamente a população dos śusk’o caiu severamente, embora não tanto quanto na Muśrajoag, até mesmo por causa das taxas de natalidades bem maiores nessa época. Nesse época os três principais centros da grandiosa cidade de Wuugusoć’azmuo foram criados como fortalezas enquanto fora de suas muralhas guerras violentas fervilhavam. Com o passar de algumas eras os śusk’o fizeram um pacto de não-guerra e colocaram a imposição do poder de sua raça como objetivo maior, pois apesar das fortes discordâncias e dos rancores gerados pelas guerras o objetivo de todos era a expansão do poder de suas espécie e de seu deus sobre outras espécies.
1ª facção: Womutać’ok’ar (Fôlego Vermelho)
“Somos as fibras, músculos, veias, sangue, ossos, humores, hálito e fragmentos espirituais que levantarão Kamuk-Aaśuu para a Sexta Era.”
Waturak’ut Naśtooro – Sumo Sacerdote do templo womutach’ok’arwuz de Gorpaahu.
“A oração e as garras são inseparáveis. Sem garras se é um fraco pedindo clemência. Sem oração se é uma besta condenada ao abatimento.”
Unno Komot’azzu – General da 8ª Divisão de Infantaria do Forte Guk’abokma
Esta facção crê que Kamuk-Aaśuu é um deus guerreiro abatido em um grande conflito. Dizem que ele deseja ter forças para se levantar e um novo exército para lhe servir para a nova batalha apocalíptica que supostamente virá conhecida como Quinta Era e da qual os poucos sobreviventes terão o domínio absoluto sobre os perdedores. Uma Sexta era de glórias inimagináveis aos vencedores sobre os espíritos dos derrotados. De acordo com os womutać’okarwuz (o nome dos que professam essa linha religiosa) é necessária uma grande quantidade de energia para acordar seu senhor para tal momento derradeiro, energia essa obtida através de muitas guerras e da morte de milhares, talvez milhões em momentos chaves ditados pelo fluxo dos vulcões (a tentativa de prever tais eventos é uma “ciência” um tanto inexata). Com certeza é a facção mais forte e militarista, sempre achando a guerra o meio mais eficaz de sobreviver e obter sucesso. Em Wuugusoć’azmuo a Womutać’ok’ar se concentra mais fortemente nas regiões da mandíbula, maxilar e na caixa toráxica (especialmente na região onde fica algo parecido a um esterno).
Outras denominações para Kamuk-Aaśuu: O Grande General (Rozkurśuuzao), 9000 Erupções (Notagć’uutaa Haokanuśkabu).
Livros Sagrados: Registros da Quarta Era (Gozć’uunauga Korp’uwojou) Fôlego Vermelho(Womutać’ok’arjou)
2ª Facção: Oag-gakara (Espinha Azul)
“Cada rastro nas nuvens, cada configuração dos raios e trovões. Pistas para a forma da prisão que mantém neste mundo Kamuk-Aaśuu.”
P’atzug Raomaju, Eremita proeminente da Munak-anttujoag.
A 9.341.810 anos uma miríade de deuses menores sacrificaram parte de suas essências e lacraram em uma grande prisão cósmica Kamuk-Aaśuu para impedi-lo de transcender a um plano de existência superior, ato este causado por inveja e medo de tais entidades menores e de seus espíritos protegidos. Pelo menos essa é a crença central dos Oag-gakarawuz e supostamente confirmada por longos estudos. Eles crêem que desvendando o enigma dessa prisão gravada nos céus e nas formações dos raios, nuvens e ocasionalmente das estrelas é possível descobrir como libertar Kamuk-Aaśuu e assim poder ter o direito de seguir com ele pela viagem à transcendência, tornando-os seres superiores. Desde a Guakunćojoag os Oag-gakarawuz se estabeleceram na região das vértebras e partes das costelas de Kamuk-Aaśuu, construindo observatórios rudimentares e torres de vigia. Os pára-raios foram inventados no ano 67 da Goz-anunak’un-orattajoag (Era da Primeira Guerra dos Três. Uma alusão à época de conflitos intensos entre as três facções de śusk’o) e segundo os Sábios Celestiais (uma casta especial de Sacerdotes oag-gakarawuz conhecidos também como Sazmat’ummobak) tem ajudado bastante no mapeamento das teias de energia astral que tanto buscam. Atualmente acreditam que muitos dos segredos da prisão que lacra Kamuk-Aaśuu estão nas mãos dos outros povos, como humanos, cinocéfalos, ciápodes entre outros, achando prioritário pesquisar melhor esses povos e se necessário exterminá-los. É a facção que mais se expandiu e enviou exploradores para outras regiões do reino e até mesmo fora dele mais recentemente
Livros Sagrados: Mapa da Prisão Astral (Rak’uono-ok’omunt’o Nottujou. Na verdade são vários mapas menores e em constante atualização), Cânticos da Libertação (Oć’atma Akkunjoośuu), Segredos das 1000 Formas dos Céus (Saz-uhomaja Anutta Baknajaba).
3º Facção: Majuśwoppurja (Víscera Ocre)
“Como podem nossos semelhantes cometer a loucura de rezar para um ser tão forte que nos devorará assim que acordar?”
Guawuś Wuukak’uran, teólogo do início da Guakunćo Joag.
“Nós oramos pra adormecer e então absorver a energia dos Grandes.”
Mat’ooru Wukkam, sacerdote do “templo” de Śaat-hooka Mak’aora.
Os Majuśwoppurjawuz tem a visão mais radical acerca de Kamuk-Aaśuu. Consideram-no uma ameaça que caso acordada poderá pôr em risco toda a sua espécie e vêem com maus olhos os cultos das outras facções, embora considerem bem proveitoso “orar” de forma a manter em seu estado de morte e sugar sua energia divina restante, comportamento esse veementemente reprovado pelos Womutać’ok’arwuz e pelos Oag-gakarawuz e que promoveu verdadeiros massacres contra os Majushwoppurwuz – E muitos assassinatos misteriosos, sabotagens inexplicáveis a templos entre outros acidentes contra essas facções. Os Womutać’ok’arwuz e os Oag-gakarawuz consideram os Majuśwoppurjawuz muito traiçoeiros e perigosos, temendo pela integridade do próprio Kamuk-Aaśuu. Em Wuugusoć’azmuo os majuśwoppurjawuz se fixaram desde cedo na região onde ficam pedaços das vísceras de Kamuk-Aaśuu, ainda em estado médio de decomposição, mas assustadoramente em alguns momentos ainda se mexendo e contorcendo. Essa é a menor facção, mas a mais temida pelos “acidentes” e “desastres” que acontecem quando contrariados. Objetivam saber da existência de outros “Kamuk-Aaśuu” para serem sugados até o seu fim.
Outras denominações para Kamuk-Aaśuu: Hospedeiro (Ponrubak)
Livros Sagrados: Cânticos dos Vermes e do Sono (Zuzuro Muśraja ar Akkunjoośuu).
Texto com reformas ortográficas by Youkai X