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Crysis me surpreendeu, eu esperava que fosse apenas mais um jogo de tiro genérico que só pega carona na fama dos bons gráficos e de seu antecessor (Farcry), mas na verdade ele é um jogo bom por seus próprios méritos.
Pontos positivos:
- Obviamente, os gráficos. Não é à toa que são comentados.
- O traje cibernético traz variações bem legais na jogabilidade. A qualquer momento você pode usar o traje pra se mover 2x mais rápido, aumentar muito sua resistência a dano, ficar com super-força (arremessando objetos e inimigos longe, dando socos poderosos ou saltos bem mais altos) ou ficar invisível por algum tempo (correr gasta a invisibilidade rápido, e atirar a desativa). Isso significa que tem várias estratégias diferentes pra enfrentar seus inimigos - você pode dobrar a blindagem e entrar de frente atirando, usar a camuflagem pra se infiltrar até a retaguarda e matar um por um silenciosamente, usar a super-força pra pular por cima dos telhados, agarrar um inimigo pra usar como escudo humano e depois arremessá-lo contra seus companheiros...

- Há uma interatividade muito boa com o cenário, tiros podem rachar e derrubar árvores, objetos comuns podem ser pegos e arremessados, prédios não tão resistentes (como as cabanas meia-boca usadas em algumas bases dos coreanos na ilha) podem ser derrubados, e por aí vai.
- Os veículos - coisa quase obrigatória em FPS hoje em dia - estão presentes, mas com um ponto importante: eles são realmente úteis, tanto pra ir de um ponto a outro da ilha com velocidade, quanto pra matar os inimigos mais rapidamente, pois vários deles são equipados com metralhadoras, e você pode mirar e dirigir ao mesmo tempo. Eles também são, em geral, muito bons de controlar. Exceções ficam com o tanque de guerra que você controla em uma das missões, e a aeronave da penúltima missão.
- O clima do jogo é bem manejado, apesar de a história não ser nada muito original, ela é bem executada, e algumas cenas dão um ar bem cinemático à coisa. Especialmente as que mostram alguns eventos bem colossais, como uma montanha que começa a rachar e pedaços dela despencarem, enquanto você vai correndo pela floresta até uma mina na base dela e pode observar tudo isso do caminho.
- Os diálogos estão MUITO bem feitos, com dublagem perfeita, e alguns personagens carismáticos. Vale a pena. Ponto bônus por seu personagem não ser um herói mudo.
Pontos negativos:
- Os gráficos. Não, eles não são ruins, eles apenas exigem muito do PC - o que significa que muita gente não pode jogar Crysis porque não tem uma placa de vídeo boa o bastante. Isso acaba sendo um ponto negativo.
- Apesar de dar uma certa liberdade de em que ordem cumprir os objetivos primários e secundários da fase, que caminhos tomar e que lugares explorar ou deixar de explorar, no fim das contas Crysis ainda é um jogo linear na sua progressão de fases. Isso não é um ponto tão ruim, mas é um ponto que poderia ter sido muito melhor - com cenários belos e vastos daquele tamanho, o elemento de exploração e liberdade poderia ter sido explorado bem mais.
- A última fase é um tanto anticlimática. Foge do padrão do jogo, sendo beeeem mais linear e mais focada em diálogos de exposição do enredo e ir de ponto A a ponto B fazer algo, depois de ponto B a ponto C resolver outro problema, e assim repetidamente até o fim. O último chefe segue a mesma linha, porque apesar de a batalha em si ser bem climática, você fica com a impressão de "OK, mas não chegou a realmente acabar ainda, será que não daria pra eu jogar essa conclusão da história ao invés de eles apenas deixarem implícito que os heróis foram lá e fizeram isso?".