Descanso Eterno
Autor: Lair José Mazzarioli do Nascimento
Fundada há mais de 20 anos, Descanso Eterno era antes um ponto de troca e venda de mercadorias, por ficar no centro de uma rota comercial.
Pessoas vinham de diversos lugares para adquirir itens únicos, provenientes de diversas partes do mundo.
Quando a rota comercial foi desativada, devido a problemas em um dos pontos da mesma (o cruzamento por um extenso rio, que teve a única ponte destruída), o ponto comercial foi desativado, e os prédios do local abandonados.
Foi quando Séfiro chegou ao local, e vendo nele um bom lugar para começar o trabalho de sua vida, fundou a vila de fachada, Descanso Eterno.
Como o lugar possuía quatro torres de vigília, uma em cada ponto cardeal, Séfiro achou que ali seria o lugar ideal para seu trabalho, e de seus irmãos.
Os quatro Lichs
Foi quando Séfiro, na ocasião, ainda humano, convocou seus três irmãos, Baltazar, Sal’lazar e Winfried.
Os três, que recentemente tinham passado pelo ritual para tornarem-se lichs e adquirirem a vida eterna, rumaram para o local a fim de começarem a trabalhar em seus experimentos.
Visivelmente abandonado, e numa zona neutra que não era afetada por nenhum reino, o antigo ponto de comércio, possuía casas e espaço suficiente para sustentar uma pequena vila, bem como um cemitério clandestino, onde eram enterrados bandidos que tentaram assaltar o lugar em seus dias de glória, mas foram rechaçados pelos milicianos locais.
Antes de começar o ritual para se tornar o quarto lich, Séfiro tratou de nomear a vila como Descanso Eterno, para não chamar atenção indesejada.
Alguns meses depois, pouco tempo após ter ascendido à imortalidade, Séfiro, Baltazar, Sal’lazar e Winfried assumiram cada um uma das torres, e de lá começaram aquela que seria a mais profana, complexa e inimaginável experiência de suas vidas.
Eles começaram a trabalhar no primeiro portal que ligaria o mundo mortal ao submundo.
A Vila
Com o tempo, os quatro Lichs foram criando Zumbis para popular a vila.
Mas não eram Zumbis comuns. Eles cuidavam para que sua aparência fosse perfeita, e não aparentassem estarem mortos.
Os zumbis andavam bem vestidos, podiam comunicar-se e sua carne mantinha-se intacta, devido a poderosos feitiços conjurados pelos quatro lichs.
Até mesmo poderosos clérigos e campeões do bem não conseguiam identificar tais mortos, nenhum meio não mágico poderia revelar a natureza dos habitantes de Descanso Eterno, e a vila começou a crescer.
Levantados, primeiro a partir de corpos trazidos pelos próprios Lichs, e depois de transeuntes que vinham visitar o lugar, ou de pessoas de vilas próximas, a população Zumbi crescia cada vez mais.
Após dez anos, na metade de tempo de existência de tal vila, a população local atingiu o numero impressionante de 60 Zumbis.
Eram homens, mulheres, idosos e crianças. Compunham famílias artificiais, arranjadas pelos quatro lichs.
Trabalhavam em fazendas, tavernas e ferrarias. A vila enganava qualquer um que visitasse, e sua população de marionetes eram cordiais e amistosos.
Uma vila de clima tropical, em uma antiga rota comercial. Sempre atraiu forasteiros, seja pelas deliciosas frutas comercializadas, pelo agradável clima – que parece ser verão o ano inteiro - ou para cortar caminho em direção ao reino.
O Povo da vila
Uma população simpática, de pele pálida e sorriso apático. A derme pálida e gelada era o único indicio de que o povo da vila não mais vivia.
Mas, obviamente isso nunca foi suficiente para revelar a natureza do local.
Os zumbis tinham sua mente dominada pelos quatro lichs, e possuíam um comportamento bastante simpático.
Sendo que muitos forasteiros que passavam pela vila, sentiam-se muito bem.
O propósito principal dos lichs era não chamar a atenção, enquanto eles trabalhavam no ritual para abertura do portal, trabalho esse que levaria cem anos para concluir.
A fauna local também era propícia a isso, uma vez que não há feras na região, e os maiores animais encontrados nos arredores são gazelas; roedores e corujas também são muito comuns, bem como algumas poucas aves de rapina.
Locais de Interesse
Obviamente, os lichs criaram alguns lugares para deixar a vila ainda mais real. Sendo que no lugar há uma Ferraria, uma Taverna, uma Estalagem, um Cemitério e, por fim, um Clericato, que está desativado.
A Ferraria: Comandada por Rufus Estevan, um competente ferreiro que comercializa dos mais diversos objetos mundanos, bem como uma pequena coleção de armas brancas.
O simpático ferreiro, com um sorriso imutável no rosto, sempre dispõe descontos amigáveis a quem pechinchar.
Taverna do Alvorecer: O único lugar da vila onde pode se ter uma boa refeição. Com frutas frescas e legumes, plantados nas fazendas da vila e carne de aves criadas pelo próprio taverneiro, viajantes ficam satisfeitos com os serviços prestados por Bor Barbalarga, o dono do local.
A taverna oferece boas bebidas, de vinhos a cervejas, bem como sucos das mais diversas frutas.
Estalagem Descanso Eterno: Marina comanda a única estalagem do local. Quartos com camas macias e confortáveis são oferecidos a preços muito baixos. A jovem e bela dona do lugar, sempre de feição simpática, costuma, além de prestar os serviços de governanta, conceder dicas e informações dos arredores, para viajantes e aventureiros.
No local também perambula Samanta Sterns, uma moça ruiva, bonita de rosto e corpo, que se prostitui por uma grande quantia de dinheiro.
O Cemitério: O coveiro do local, Cervius, é um homem frio, de feição séria e andar carrancudo. Ele faz a manutenção do cemitério, recebe os visitantes e administra o local. O cemitério é pequeno, com pouco mais de vinte jazigos, e um número ainda menor de covas abertas.
O Clericato: Descanso Eterno não possui nenhuma religião atuante, ao menos não que os forasteiros saibam. O clericato do local está fechado (na verdade, nunca foi aberto), e sempre que um forasteiro pergunta sobre o porque do lugar não funcionar, os moradores prontamente respondem que, “recentemente, um tremor de terra abalou a estrutura, e o lugar está para desabar. Estamos esperando por trabalhadores do reino para consertar o local”.
O interior do prédio, que antes, na época do ponto de comercio, era uma loja de temperos, está vazio. A porta está bem trancada, e dois milicianos sempre vigiam o lugar, para que nenhum transeunte entre e corra o risco da estrutura “desabar”.
Milícia: um único prédio abriga a milícia local. Dez homens fazem a segurança da população. Sendo que, no prédio, há sempre dois guardas durante o dia, e dois durante a noite, alternado.
Dois milicianos sempre ficam em frente ao clericato, e dois patrulham a vila durante o dia, e dois durante a noite.
Na masmorra da milícia, há um senhor de idade preso, bem abatido, e dois jovens, irmãos. Os crimes dos três não são revelados.
Muitos visitantes que já foram e voltaram a Descanso Eterno, dizem que eles sempre estão lá.
Comércio
A vila é uma importante exportadora de aves (galinhas e patos), frutas (maçãs, laranjas e bananas) e legumes (cenouras e beterrabas). Uma única caravana sai do local a cada dois meses, e vendem as mercadorias no reino.
Alguns visitantes também visitam a vila, a fim de adquirir tais itens.
Regente
A vila é comandada por Bartolomeu, um senhor bigodudo, barrigudo e simpático. Ele quem toma as decisões, administra as riquezas e cria as leis do lugar.
Obviamente, assim como qualquer morador da vila, Bartolomeu é nada mais, nada menos, do que um fantoche dos quatro lichs. Quem comanda a vila são os quatro, mas fazem isso através de suas marionetes.
As quatro torres e o Ritual
Ninguém tem permissão para entrar nas quatro torres, em verdade, suas portas estão seladas com tijolos.
A resposta mais comum dos milicianos, é que a estrutura das torres também foram abaladas pelo tremor de terra, e correm o risco de desabar, e por não possuir homens suficientes para vigiar tais entradas, elas foram lacradas.
Séfiro, Baltazar, Sal’lazar e Winfried possuem personalidades parecidas. São frios, malignos e megalomaníacos. A razão por estarem trabalhando no ritual, é que eles acreditam que, ao abrir o portal, poderão partir para o submundo, subjugar os demônios, e ascenderem à divindade.
As quatro torres são interligadas por túneis no subsolo, e, bem no centro da vila, embaixo da terra, onde os quatro túneis se ligam, há um grandioso salão oval, com um altar, onde os lichs fazem suas oferendas, e trabalham em seu ritual.
Uma grande biblioteca, artefatos poderosos, criaturas e demônios bizarros, são encontrados em tal lugar.
Os quatro, num intervalo de quatro meses, mandam dois zumbis buscar nas proximidades, virgens, de boa aparência, do sexo feminino. Eles precisam sacrificar oito donzelas nesse período de tempo, para dar continuidade ao ritual.
Isso, por vezes, trás investigadores para Descanso Eterno, e em situações extremas, podem fazer com que os lichs intervenham pessoalmente para manter o anonimato da vila.
O trabalho está quase 20% completo, uma vez que eles já trabalham há vinte anos nisso, desde que Séfiro chegou à vila. Por estar ainda no começo, não despertou muita atenção. Mas, demônios de diversos tipos já foram avistados na região, desde que Descanso Eterno fora fundada, e a incidência dessas criaturas aumenta a cada ano.
Talvez seja questão de tempo para que tais eventos chamem a atenção do reino, e esse tome alguma providência.