por Vincer em 27 Abr 2011, 21:40
Sabe qual um dos maiores problemas do d&d, que o e8 parece estar herdando?(principalmente pelo pessoal ser tão arraigado nessa filosofia d&d?)
Tensão.
Combate traz tensão. Ok. Mas como d&d e abordagens similares colocam os personagens... outras formas de tensão desaparecem.
Parte do problema é do gênero fantasia(mas isso poderia ser reduzido): é mais complicado gerar problemas e tensão quando existem magias para resolver tudo...
Mas o principal problema está no combate. No caso, como ele é feito e como o potencial dos personagens é colocado. Por causa da mecânica, resolver as coisas na porrada sempre é viável(exceto quando o narrador força a barra para alcançar o contrário). Lei? Guardas? Um reles assassino do chefe do crime local?
Por mais que vitaminem habilidades não-agressivas, a filosofia do jogo nunca vai mudar... porque o combate ainda será o ponto central a focar e, olhe só, o maior coringa: sempre dá para usá-lo. Alguém poderia falar que mesmo em d&d, situações delicadas diplomáticas não podem ser resolvidas na porrada... até certo ponto, realmente não. Mas no que diz respeito ao jogo, fazem essa diferença??
Vou ser direto: por mais elaborada que seja a trama, nada bate em prioridade 'o que afeta ao personagem'. Mesmo que todo o mais dê errado, a diplomacia falhe, reinos entrem em guerra... essas falhas não geram impacto no personagem. Ele ainda vive, anda e luta como fazia antes. Ele ainda está com a mesma experiência e evoluindo... é aquela mesma tecla que já bati várias vezes: a mecânica determina MUITO mais do jogo do que aparenta. Querer levar o jogo para um lado quando o sistema não contabiliza nada por isso... é no fundo a mesma coisa que 'jogar representando': tem quem goste, pode enriquecer a experiência, também faz parte do rpg... mas não passa de um bônus ou conselho de como jogar, não faz diferença no jogo.
Falando de game design, quando se coloca nas mãos dos jogadores uma ficha que diz respeito apenas a seu personagem, com uma área dizendo quanto de 'chances de viver' ele tem, já está subentendendo que o jogo é principalmente sobre os personagens e sobre sobreviver. A exemplo do dinastias do Akimeru ou jogos de estratégia, o que se coloca nas mãos dos jogadores são outros elementos.. e o foco do jogo muda.
É o e8. Eu sei. Mas falo em d&d porque o e8 partiu dele. Se querem mudar esses pontos, precisam sair mais da raiz e mudar mais da essência. Eu vejo dois caminhos:
-O mais radical e desconstrutivo é mudar a ficha e o que os jogadores controlam e importa no jogo... isso é gerar um jogo totalmente diferente. Menos ideal, não é a idéia do e8.
-A opção menos radical, mas que não deixa de ser radical... é mudar o peso e 'como' do combate a níveis mais profundos. Existirem ameaças e tensão real em outras condições, que evidenciem a importância e impacto de habilidades fora do combate.
Do meu ponto de vista, isso envolve mudar o impacto das habilidades de combate no jogo. Eu só não vejo solução óbvia, até porque não entendo muito da raiz(d&d) e por consequência do e8. Uma solução simples que vai contra o estilo do jogo é torná-lo mais realista e menos heróico...
Ou buscar um meio de misturar ambos. Mas não é fácil. O ponto é, num jogo de 'super heróis' querer que os supers não usem seus mega-poderes e ao invés usem soluções mundanas... não rola. O jeito é colocar limites nesses poderes. Do jeito que está as perícias vão ficar mais atraentes, mas no sério, vão continuar absurdamente atrás nas prioridades e geral ainda vai preferir um '+1 de ataque'.
Ruim? Não exatamente. Mas querer o mesmo nível de tensão e emoção fora do combate não funciona num jogo assim.