Não sei se já disse isso aqui, mas recomendo TUDO (eu disse TUDO) do selo America's Best Comics -- pra quem não sabe, é o selo do Alan Moore que ele adotou pra participar da franquia Wildstorm.
Todos os títulos (menos A Liga dos Cavalheiros Extraordinários, acho eu) fazem parte de um mesmo universo muito bem amarrado: ABC Universe. Os títulos se interligam através de personagens, falas e até mesmo mensagens implícitas em cada quadro.
Todas as tramas (e sub-tramas) do ABC Universe foram concluídas (vou citar apenas as que eu li):
A Liga dos Cavalheiros Extraordinários (The League of Extraordinary Gentlemen)
Volume Um
Volume Dois
Volume TrêsA trama se completa em três volumes (o último,
The Black Dossier, foi lançado esse ano -- de longe é o mais requintado de todos), e é uma festa de referências a obras literárias, personagens de todas as épocas e folclore. A própria Liga é formada por famosos personagens da Literatura, como Capitão Nemo, o Homem Invisível e Allan Quateirman. Não há como resumir a trama, pois é um verdadeiro emaranhado.
Quem gosta principalmente de aristocracia vai adorar
The League of Extraordinary Gentlemen.
Promethea (Promethea)
Volume UmEu não recomendaria Promethea à todos. Alan Moore só pôde ter escrevido uma HQ tão louca como essa 'aditivado', decerto. Há centenas (não, isso não é 'analogia') de referências sobre tarô, Cabala, mitologias, magia, Aleister Crowley, etc. Inclusive, a partir de uma certa edição, Promethea perdeu muitos leitores porque Alan Moore estava supostamente 'catequizando-os' através da revista sobre sua visão de magia, inferno, deuses, etc. O plot principal fala de uma entidade chamada Promethea, que é evocada pelas pessoas através de lapsos de imaginação -- por isso ela 'possui' principalmente escritores. Promethea surge apenas em mulheres, mas pode ser evocada também por homens, que a fazem vir pensando em suas amadas. Sophie Bangs, a última a incorporar Promethea, lida com sua vida comum, as descobertas sobre seu novo eu e uma profecia catastrófica (que seria spoiler citar).
Promethea atualmente está sendo publicado na Pixel Magazine.
Tom Strong (Tom Strong)
Tom Strong: Um Século de Aventuras, pela Devir.
Tom Strong é a homenagem de Alan Moore às
pulp magazines, revistas que, dos anos 20 aos anos 50, traziam histórias e personagens sobre-humanos e despretenciosos -- os autores de
pulps escreviam várias edições por mês, e nunca tinham crises de criatividade, pois eles não tinham tempo para isso!
O personagem-título é um "herói da ciência" (o sinônimo de "super-herói" no ABC Universe) que, por ter vivido desde o nascimento numa câmara de alta gravidade e passado por uma dieta e educação sobre-humanas promovidas pelo seu excêntrico pai cientista numa ilha chamada Attabar Teru, ficou incrivelmente forte e inteligente, chegando a um estado perfeito tanto físico quanto mentalmente. Tomas "Tom" Strong nasceu em 1900 e permaneceu forte e jovem até mesmo aos 100 anos, combatendo o crime na cidade de Millennium City. Além de sua carismática família (composta por Pneuman, o robô, Rei Salomão, o gorila falante, Dhalua, sua esposa e Tesla, sua filha que nascera com as mesmas habilidades do pai), Tom possui inimigos a altura: O Homem-Modular, capaz de transportar sua mente para coisas tecnológicas e se multiplicar a partir delas, os Astecas da Terra Alternativa, astecas que não foram chacinados por Cortez e sua 'trupe' e desenvolveram toda uma complexa tecnologia e dominaram mundo
s em escala temporal, as Swastika Girls, mulheres nazistas lideradas por Ingrid Weiss, a soldado nazista perfeita criada em laboratório, Pangea, uma entidade transmorfa do tempo em que a Terra tinha apenas um único continente, Paul Saveen, o terrorista e inimigo número um de Tom Strong, entre outros. É uma leitura leve e descompromissada, ideal para uma tarde de chuva.
Top 10
Volume Um
Volume DoisImagine uma cidade habitada apenas por super-heróis, cada um deles com seus poderes, identidades secretas e inimigos. Como seria o policiamento de uma cidade assim? Este é o Top 10, a polícia que investiga os estranhos casos da absurda cidade de Neópolis. É claro que os membros da delegacia de uma cidade tão estranha assim não poderiam ser normais, não é? Robyn "Toybox" Slinger, a novata, que o diga. Além de ter de suportar seu grande e ranzinza parceiro, Jeff Smax, ela precisa conviver com uma rotina cada vez mais bizarra e imprevisível: super-heroínas decadentes que descobriram na prostituição uma maneira mais fácil de ganhar dinheiro, um bolinador invisível, super-drogas, um gueto de robôs, assassinatos de deuses e tudo mais que você possa imaginar. Cada quadro que compõem Top 10 possui pelo menos uma referência aos mais diversos personagens da cultura pop e histórias em geral -- por exemplo: numa das celas, você pode ver Rorschach preso, ou então, no banheiro do bar dos deuses, encontrar na parede uma frase pixada escrita "Edipus is a motherfucker". Como é de praxe nas histórias de Moore, as tramas e personagens começam a se entrelaçar e fazer sentido, surpreendendo o leitor.
Moore trata de vários assuntos polêmicos com a maior normalidade: zoofilia -- César "Sarja" Kemlo, um sargento do Top 10 que na verdade é um cão falante vestindo um exoesqueleto, por exemplo, se excita com mulheres humanas e, mais para o final da série,
se envolve com uma ex-prostituta que tinha o sonho de ser veterinária e enfermeira
--, satanismo -- John Corbeau, o Rei Pavão do Top 10, é membro de uma religião variante do satanismo, na qual Lúcifer é chamado de "Melek Taus" --, homossexualidade -- Jackie Kowalski é uma lésbica, e, no final da série,
é mostrado que o delegado do Top 10, um sidekick dos anos 40, namora o super-herói do qual era ajudante
--, entre muitos outros.
Top 10 ainda gerou vários
spin-offs, como a engraçadíssima mini-série
Smax e
Top 10: The Forty-Niners, HQ que mostra o começo de Neópolis e sua delegacia especial.