Este tópico já teve momentos muito bons. Está uma porcaria da Dalfá até esse ponto.
Nunca vi tanta coisa idiota. Realmente era melhor quando o tópico funcionava de maneira seletiva. Depois que todo mundo decidiu dar palpite fica essa coisa. E se não respondemos as opiniões/pontos de vista mais idiotas ficam como se tivessem algum crédito, por não termos refutado-as.
Por isso o blog vai ser bom. Pessoas que já estão acostumadas a debater isso e já superaram o "ciência fez a bomba atômica e está destruindo o planeta", "se não existe prova do contrário então existe", "árvore que cai sem ninguem ver/ouvir", "tudo é relativo", etc.
O mais triste é que
tudo isso já foi refutado neste mesmo tópico outras vezes. Mas é o mal dos tópicos grandes, a coisa de quem não leu (e nem sei se deve, sei que é grande pra cacete) e vem batendo o martelo em cima de defunto.
Eu mesmo topei responder tudo isso anteriormente pq sei que é uma fase que temos que passar quando iniciamos um tópico sobre isso. São as objeções/argumentações primárias. Mas é tremendamente cansativo ver pessoas martelando isso como se tivessem feito a assertiva do século! É como começar a debater filosofia e vir alguem com a teoria das cores, relativismo, debater psicanálise e vir alguem falando que Freud achava que tudo era sexual, debater cinema e vir alguem falando que Titanic é o melhor filme da história.
Em qualquer debate ou livro que vocês procurarem sobre estes temas, se os envolvidos tiverem experiência nisso, é muitíssimo improvável que vejam eles falarem esse tipo de coisa. Da mesma forma que mesmo aqui a Spell não vemos o Aruon, o Faerunian e outros, remetendo a essas coisas bobas.
Meu pedido é: pensem, estudem, ler o tópico pode ser um começo, antes de virem com as tochas na mão. Que vocês
acham que são tochas aliás, e são palitos de fósforo já no final. O foda é que é difícilimo conseguir animo pra soprar todos esses palitos de fósforo, e o que ficar acesso vai proclamar que tem uma pira olímpica em mãos.
Enfim...
Desabafo over.
Vou utilizar um resto de ânimo pra responder algumas coisas.
Aruon:
Não condeno a religião-instituição por sí, tampouco os religiosos, mas reforço a importância da terceira clave - o pensamento religioso - na composição destes dois primeiros e como a ausência dele é fruto da maioria dos supostos "males" das religiões.
Gostaria de dizer que isso é interessante, mas é verdade é que sua linha de raciocínio, nessa sua curta amostragem, parece ser similar a de outros que já li e revi em muitos outros. Como Rollo May, Juvenal Arduini, Pierre Teilhard de Chardin, Carlo Maria Martini, etc.
Me corrija se eu estiver equivocado.
Mas seja como for gostaria de conferir, quando seu artigo estiver pronto.
1-Você não compreendeu - ou omitiu - o que é o pensamento religioso, ignorando inclusive a etimologia da palavra, fundamental para seu sentido.
Culpado. Ao menos em parte.
Eu
desconsiderei o que autores, como os acima citados, consideram como "pensamento religioso" e apontei o que eu mesmo vejo como sendo-o.
Aguardo você nos trazer o que é, para você, pensamento religioso. Desta forma poderei colocar a minha definição junto a ela e analisarmos ambas.
Sobre a etimologia da palavra, conheço-a, claro. Inclusive o título do blog,
Religares, e sua proposta como consequência deste termo, fui eu quem sugeri. Não acho que a descendência da palavra tenha muito a ver com o que ela nomeia não, a não ser que considere a religião como uma re-ligação do homem com Deus (ou deuses), aliás, o motivo pelo qual a palavra é utilizada.
A abstração além disso é por sua conta (e dos autores que citei acima tb) e caberá a você demonstrar aqui porque acredita que este seja, essencialmente, o pensamento religioso.
Você considera como pensamento religioso o pensamento supersticioso e mais do que isso, o pensamento supersticioso territorialista, absolutista, fragmentário e inconsequente.
Considero o pensamento religioso uma forma de pensamento supersticioso sim, mas não no sentido popular da palavra. A aplicação que faço é pegando o termo do behaviorismo, perfeito para essa questão.
O territorialismo, absolutismo, fragmentarismo, inconsequências e outros, são consequência relacionadas à institucionalização deste comportamento supersticioso e suas consequências.
Mas apontei também problemas do pensamento religioso mesmo a nível indívidual, não apenas institucional. Certamente vc não pulou essas partes, né?
2-Você sái, algumas vezes, do aspecto do pensamento religioso para as doutrinas religiosas.
Explicado acima.
Elas são consequências do pensamento religioso, mas tb abordo a questão do pensamento
per se.
Não que haja algum problemas com elas, mas é fundamental não confundir estes magistérios.
Penso diferente: embora possível, acho até imprudente
não associa-los.
Mas mais relevante ainda, você tendenciosamente seleciona exemplos nos quais a doutrina religioso parece afastar as pessoas e ignora os infinitos casos em que a doutrina religiosa permite aproximar as pessoas, levando aos povos ou a vivência individual idéias como a compaixão, a misericórdia, o altruísmo, a aceitação do outro, o desapego às vaidades, etc.
Dou mais destaque aos aspectos negativos sim oras, afinal de contas eu estava justamente demonstrando
os aspectos negativos!
Mas não ignoro tudo isso que vc apontou, muito pelo contrário.
Fiz um extenso post sobre como tudo isso pode/deve ser conseguido sem a religião de maneira ainda mais eficiente e sem os contras, absolutamente terriveis e inviabilizantes, da religião.
Nem toda ciência submete-se a esses critérios. A teoria epistemológica é bem distante da prática científica. Muitos dos conhecimentos bem aceitos hoje sequer são passíveis de serem verificadas desta forma.
Verdade.
Luminus:Religiões existem porque existem, e sempre existirão, acontecimentos inexplicáveis.
Existe pq existe não é lá um pensamento que contribui muito.
Não tenho certeza sobre o sempre existirão. O rumo da humanidade aponta a possibilidade do contrário.
Com relação aos acontecimentos inexplicáveis concordo. Acho isso bem possível e até espero que seja assim.
Mas qual a relação disso com a religião? Mais importante, como isso justifica a necessidade da religião?
Não apenas porque faz sentido, mas sim porque precisamos, nas nossas vidas, equacionar o máximo de coisas possível.
Isso não é verdade. É possível aprender a lidar com o não-saber e até acredito que se a maioria da população mundial não fosse modelada desde seu nascimento para acreditar nas mitologias religiosas isso seria bem mais frequente.
Seja como for, temos vários exemplos de criações laicas e pessoas que demonstram que lidar com o não-saber é bem possível, até mesmo mais saudável. Lembrando que isso não quer dizer que devemos nos conformar em não-saber, mas apenas que não deveríamos inventar respostas que não temos.
Sorte, destino, coincidência e tantos outros são apenas fenômenos inexplicáveis
Nenhum destes três são fenômenos, pra começar. São palavras, expressões. Estude o que é fenômeno.
no meio de tanta coisa "fora de controle" acontecendo, é incrível que ainda estejamos vivos. (...)
Não é não, acho vergonhoso um geólogo, um cientista, um
professor como vc, não conhecer a Seleção Natural ou outras seleções e/ou não aplica-las aqui.
É simplérrimo, básico, guti-guti. Esse questionamento vc deveria ter feito na 6a série ao ver o primeiro vislumbre sobre como foi possível a vida na Terra e ter perguntado pro seu professor.
Vá estudar.
Sim, a gravidade é um dogma dentro da ciência, e não é o único. O atrito, por exemplo, é outro grande vilão...
Ela não é um dogma, ela está suscetível a ser modificada/apliada/etc, como aliás já foi, e tb a ser absolutamente descartada. Existem muitas evidências e comprovações da gravidade, mas se alguem expor uma contra-prova, uma hipótese melhor pra explicar os fenômenos que atribuimos à "gravidade", ela será descartada.
Isso
tb é básico.
Isso aqui foi lindo. Liiiiindo. Imagina só, as coisas só passam a existir depois que existe prova de sua existência. Parece que, no final das contas, as árvores não caem no meio da floresta...
Podem cair, mas só vamos saber que cairam quando tivermos como saber isso, oras. Mas isso não elimina a possibilidade das árvores cairem, afinal já sabemos que existem árvores, que elas caem, etc. É uma asserção bem diferente da questão divina ou outros pensamentos supersticiosos. Estes estão no mesmo patamar do "não poderemos saber se os gnomos alados caem até que verifiquemos isso". Pq não temos nada sobre os gnomos alados, nem sobre eles cairem.
Havia uma tradição de oralidade, uma cultura de se aprender uma história e repeti-la fidedignamente após ouvi-la uma única vez. Dessa forma, o livro sagrado só chegou a existir porque escribas acompanharam-no durante os 22 anos nos quais ele proferiu as revelações, recitando as palavras diretamente vindas do emissário divino. O texto então foi escrito fracionadamente e, só após a morte do profeta, é que tudo aquilo foi juntado e definido como um livro sagrado
Cristianismo é ainda mais tosco: nenhum que escreveu foi testemunha ocular, os
primeiros (poucos) foram apenas da tradição oral (quem conta um conto aumenta um ponto? telefone sem fio?) algumas
dezenas de anos após a morte do dito cujo.
Mas enfim...
A religião ali descrita, o Islamismo, prega a união entre os povos e a submissão às leis do Alcorão, uma delas é o status sagrado da vida humana.
Não é bem assim. Pelo jeito vc nunca leu o Alcorão, mas resolveu fazer um discurso demagogo em cima do que ouviu falar dele.
Em
várias,
VÁRIAS passagens ele incita o homicídio, genocídio, tortura, ataque a grupos rivais, dominação global, punições dignas de filmes de terror para as coisas mais tolas do planeta, etc etc etc.
Estude.
Lumine:Porque uma pessoa que tem não tem uma religião pode simplesmente afirmar que não tem e ficar por isso mesmo, enquanto que uma pessoa que tenha alguma religiosidade tem que provar por A+B o motivo dela ter?
No dia-a-dia, na vida cotidiana, é claro que pode. Quer dizer, depende da postura de cada um, mas eu e muitos outros ateus achamos terrivelmente invasivo e tosco sair colocando alguem contra a parede gratuitamente. Eu, por exemplo, só falo deste assunto quando relevante e só exponho minha opinião se sou convidado a faze-lo.
Na vida cotidiana aliás, geralmente o oposto é que é verdade: pessoas que inquirem vêemente o pq da descrença e mais frequente ainda, simplesmente usam adjetivos não muito legais conosco após saberem disso.
Quem entra neste tópico obviamente está vindo para o debate, logo é natural que questionemos o que ele acredita aqui. Conforme mencionado pelo VA, quem descrê em algo não precisa justificar-se por causa do ônus da prova. Isso
tb já foi extensamente debatido neste tópico, explicado e clarificado.
Cebolituz:"
O tal "objetivismo" que você quer dizer é baseado em... subjetivismos. Teorias do qual certos autores acham que funciona melhor do que outras que podem ser baseadas em experiências empíricas ou não. A questão é que, diferente das exatas, elas não são... exatas. Elas discordam entre si, elas tem dualidades, elas se contradizem algumas vezes. Muitas delas não são passíveis de teste e aplicação. E assim, elas não são "objetivas plenas" conforme os métodos científicos pregam.
Há um problema de epistemologia aqui (e em todos os demais que vieram falar do relativismo do método científico). Diferentes campos das ciências utilizam diferentes "rigores epistemológico-metodológicos". O que é exigido para que algo torne-se uma teoria da física aceita pela comunidade científica, não é o mesmo rigor exigido de uma teoria sociológica.
Essencialmente, a área de humanas tem o menor rigor de todas as ciências. Isso pq os estudiosos das psicologias, antropologias e outros, tb queriam o carimbo de "CIÊNCIA" para seus campos de estudo, mas nada nestas áreas era passível de ser verificada empiricamente. Portanto, através de vários epistemólogos - principalmente Bachelard - foram dando novas concepções de "Ciência" de modo a englobar estas (e outras) áreas. Basicamente, o primeiro movimento foi o que se chama de "mudança do vetor epistemológico", aonde deixou de ser o vetor Experiência -> Razão e virou Razão -> Experiência, e este último de maneira bem menos rigorosa.
Mas segundo defendem aqui, que para ser verdadeiro tudo tem que ser passível de experiências científicas.
Eu não concordo com isso. Acho que há várias outras maneiras de sabermos de algo, de nos "aproximarmos da realidade" (relativismos a parte, please), de descobrirmos coisas.
A questão é que dogmas e o pensamento religioso não fazem parte destes.
Faerunian:
Sampaio, a passos lentos, mas verei se dá pra desenvolver algo aqui. Reli algumas páginas do tópico, mas como vi que o seu posicionamento em alguns posts foi posto em resposta à algo, e como discordei de vários "algos", preferi começar do 1° post. Se tiver ânimo (até mesmo pra copiar e colar suas respostas), vamos lá.
Conforme tb lhe disse, os meus primeiros posts,
especialmente este primeiro, são em grande parte feitos apenas para desafiar, provocar, etc, dado como o tópico surgiu. Tinha o intuito de fazer afirmativas propositadamente provocadoras e generalizadas para poder fazer uma masturbação mental - esse exercício de debate, que foi a desculpa inicial do tópico - para poder fazer o treco andar. Obviamente funcionou.
A base de tudo isso é de fato o que penso, mas adianto que será complicado discutir semântica nesses primeiros posts. Admito de antemão, abertamente, que ele pode ter umas hipérboles e afirmativas apressadas.
Mas vou procurar explicar justamente isso que é, de alguma forma, a "base" para este post.
Quando você diz que a humanidade estaria melhor sem o pensamento teísta, critão ou superticioso, se refere ao que?
Estes três têm algo em comum, que é o pensamento mágico e irrevogabilidade para explicar nosso mundo, nós (seres humanos) e até mesmo como devemos agir, em que devemos acreditar, etc.
Estaríamos melhor sem isso e abolindo dogmas, adoração de coisas inexistentes, investimento em todo esse castelo imaginário fruto deste pensamento.
Melhor em quais aspectos?
Acredito que poderíamos eliminar um grande vetor de irracionalidades (que é por sí só o dogma), de guerras, de conflitos milenares, de ódios, de justificativas para os maiores absurdos, que refreia bastante os avanços científicos, que refreia o ensino, que refreia a compreensão do mundo a sua volta, que fomenta ainda mais explorações, que motiva condutas éticas/morais/até mesmo leis somente baseadas em textos sagrados,etc.
Além de tudo não há absolutamente nada que a religião tenha de positivo que não possa ser conseguido de uma outra maneira, provavelmente ainda mais eficiente e melhor, e sem estas
terríveis consequências.
Você faz uso de alguma espécie de índice pra quantificar esse melhor?
"Melhor" é um aspecto qualitativo, como vc bem sabe. O que é possível de quantificar são exemplos, como fiz acima.
Se refere a coisas como maior preocupação das pessoas com o "agora"?
Não sei. Com toda sinceridade tenho que pensar mais a respeito.
Sobre se o pensamento religioso tb torna as pessoas menos preocupadas com o "agora".
De maneira indireta sim, por tudo que apontei acima e está presente agora, mas de o pensamento religioso leva necessariamente ou tem como consequência muito possível isso, é algo a se pensar.
Você se inspira em algum exemplo específico de país/povo que fez isso e obteve melhorias nesses ascpetos que vc considera melhor
Infelizmente não tenho conhecimento de nenhuma civilização sem religião para lhe dar. Se isso sucitar-lhe a pergunta: "Então como pode saber se vai ser melhor?", adianto que já debati essa questão mais atrás no tópico, pouco depois dessa nova "reatividade" dele, que re-começou justamente com um post meu.
Caso queira procurar.
Sampaio, se tiver ânimo, me explique o que é vontade fraca e irracionalidade primitiva. Quero usar as suas definições.
Quando falo de vontade fraca me refiro a incapacidade de questionar aquilo ao qual vc desenvolveu um profundo laço emotivo. Ou seja, incapacidade de utilizar sua "vontade" para confrontar-se consigo mesmo e com aquilo que lhe dá conforto, não confrontar suas ilusões, em pról de um conforto afetivo.
Quando falo de irracionalidade primitiva me refiro ao pensamento dogmático, que primitivamente era o predominante para explicar o mundo a nossa volta e já deveria ter sido superado.
Porém, nao entendi o "preocupações da saúde mental". Está dizendo que são doentes mentais, ou algo do tipo, e que precisam de tratamento ou punição?
Acho que eles incitam muitas "loucuras" (pra não entrar em termos psicológicos mais específícos), quando não são "loucos" eles mesmo, e deveriam ser olhados mais de perto pela Saúde Mental.