Eu sempre tive a idéia de fazer esse tópico, mas nunca tive coragem porque achei que não iria render. Mas vá lá:
Milton Nascimento e Lô Borges - Clube da Esquina nº1
Provavelmente o melhor disco nacional que já ouvi. A voz do Milton está maravilhosa e os arranjos de Eumir Deodato e Wagner Tiso são absolutamente lindos. O som é acima de tudo humano. As letras remetem a um regionalismo, mas não de maneira limitante, pois qualquer um pode ouvir o disco e se identificar com o saudosismo e a paisagem de Minas. Ademais, a gangue está completa, com Toninho Horta, Beto Guedes e outros. As músicas são feitas e tocadas com extrema sinceridade e sem delírios de grandeza, com acordes na medida. Destaque para as faixas "O Trem Azul", "Cravo é Canela", "San Vicente" e "Paisagem da Janela", minhas preferidas. 1971.
David Bowie - The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars
Glam rock insano do alienígena preferido da música. No entanto, o disco não é tão insano assim, mas muito eclético, com algumas faixas hit - Moonage Daydream, Starman, Lady Stardust - e outras rock'n'roll - Suffragette City - e até uma que parece funk americano - It Ain't Easy. É um disco conceitual sobre um alienígena rockeiro que vem para a Terra tentar salvar seu planeta, Marte, mas acaba sendo morto pelos próprios fãs. É uma espécie de pop-rock bombástico, mas muito original e com ótimos solos de guitarra, além de músicas perfeitamente na medida. É de ouvir, ouvir, ouvir e não se cansar. 1972.
Aphrodite's Child - 666
Opera-rock bombástica e satírica sobre o apocalipse cristão. O Aphrodite's Child é uma banda grega de pop/rock/progressivo. O progressivo veio aparecer nesse disco, mas de forma muito mais experimental e inovadora do que era de praxe. O tecladista da banda não é ninguém menos que o Vangelis, famoso compositor de trilhas sonoras - entre elas 1492 e Blade Runner - mas não se espante, nessa época ele ainda não fazia as músicas de new age que faz hoje. O vocalista também não é ninguém menos que Demis Roussos, mas também não vá se espantar, na época ele não era o cantor de pop brega que acabou se tornando. É um disco duplo, com faixas que se completam, de maneira conceitual, formando a história do apocalipse. No entanto, é necessário dizer que as letras não são lá muito convencionais. São letras anarquistas, de face política, e satíricas, como vemos na faixa "The Beast", onde o diabo é tratado como um travesti desvairado. O disco também é cheio de experimentalismos, com a penúltima faixa "All the seats were occupied" tendo 20 minutos e se mostrando genial, fundindo todas as músicas anteriores do disco com um riff pra lá de surreal. Também é de se destacar uma faixa que foi cortada do disco em alguns países na sua versão original, trata-se de "Infinity" onde Irene Pappas simula um orgasmo enquanto repete os dizeres do alfa e ômega: "I am, I come, I was". O trabalho de guitarra de Silver Kolouris também merece todo o nosso respeito, com solos perfeitos, como vemos em "The Four Horsemen", "Do It" e "The Battle of the Locust". Trata-se portanto de um dos mais importantes discos de rock progressivo já feito, no entanto, se você não tiver uma certa "bagagem musical" antes de ouvir, poderá soar muito estranho e experimental. Não é nem de longe um disco introdutório do estilo. 1971.
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