1) Precisão nos termos
"Ah, Apanhei-te", de Matin Gardner (cap. 3; Geometria…):
William James, na sua clássica obra de filosofia Pragmatism, apresenta uma discussão interessantíssima do paradoxo do esquilo e do caçador, como um modelo de um desentendimento puramente semântico. A discórdia desvanece-se quando as partes em desacordo chegam à conclusão que estão apenas a discutir como definir uma palavra.
"Nome da rosa", de Umberto Eco:
Tal é a magia das falas humanas, que por humano acordo significam muitas vezes, com sons iguais coisas diversas.
Muitos termos têm significados diversos e são vagos.
Deve-se explicar como é empregue os termos vagos em determinado contexto.
2) Precisão nas especificações
"Alice no país das Maravilhas", de Lewis Carroll:
O argumento do Carrasco era que só podia cortar a cabeça de uma pessoa se houvesse um corpo para degolar e que nunca fizera uma coisa dessas antes e que não era com aquela idade que ia começar a fazê-lo.
O argumento do Rei era que tudo o que tinha uma cabeça podia ser decapitado e que era bom não dizerem mais disparates.
"As viagens de Gulliver", de Jonathan Swift :
«Que todos os verdadeiros fiéis partam os seus ovos pelo lado mais conveniente.»
Blaise Pascal, in 'Pensamentos' (Fonte: Citador)
Que difícil é propor um problema ao entendimento alheio sem corromper esse entendimento pela maneira de propor! Se dizemos: acho isto belo, acho obscuro, ou outra coisa semelhante, arrastamos a imaginação para este juízo, ou irritamo-la, levando-a ao juízo contrário.
A maneira como se apresenta um problema é um passo para a sua resolução.
Deve-se especificar os problemas com precisão.
Deve-se ser preciso sobre o objectivo do problema.
Muitas vezes uma definição precisa dos termos usados no problema facilita a resolução.
Se um problema for muito abrangente, é uma boa ideia "dividir para conquistar" (uma técnica usada em computação), isto é, dividir o problema em subproblemas.
3) Compreensão das ideias
http://www.lionsportugal115cs.org/docs/ ... aLions.pdf :
Hoje, é reconhecido que uma das maiores, senão a maior, necessidade humana é ser entendido e apreciado . Para satisfazer esta necessidade, comunicadores eficazes procuram entender os outros antes de tentarem influenciá-los.
Entender os outros depende da empatia. Empatia, é a capacidade de olhar para uma situação sob o ponto de vista do outro e entender os sentimentos e as crenças dessa pessoa.
Bertrand Russell (Fonte: Wikiquote):
É importante aprender a não se aborrecer com opiniões diferentes das suas, mas dispor-se a trabalhar para entender como elas surgiram. Se depois de entendê-las ainda lhe parecerem falsas, então poderá combatê-las com mais eficiência do que se você tivesse se mantido simplesmente chocado.
Para criticar o argumento de alguém é preciso compreendê-lo.
Se as ideias de um argumento baseiam-se numa crença de um grupo organizado, em teorias de determinada área ou de qualquer convenção, deve-se estudar o assunto da fonte, dos seus partidários para entender a sua posição pública e de críticos com experiência no assunto.
Para compreender o sentido de determinadas frases deve-se ler o texto completo dos seus autores, das fontes citadas.
As fontes mais fiáveis para compreender uma teoria ou crença
são originadas pelos especialistas, autores e organizações reguladoras.
Todo aquele que fala sobre um assunto que não compreende, arrisca-se a revelar-se ignorante. E se fala como se fosse um especialista não sendo, arrisca-se a revelar-se estúpido.
Se alguém usa um termo que é vago na sua aplicação, deve-se pedir que se precise, isto é, que explique com precisão.
4) Informação pró-ativa
"Como fazer perguntas inteligentes", de Erich Raymmond :
Há uma tradição antiga e respeitada: se você recebe uma resposta escrita "RTFM", a pessoa que enviou pensa que você deve Ler A Porra do Manual ("Read The Fucking Manual"). E ele provavelmente está certo sobre isto. Vá ler o manual.
Fazer perguntas sobre algo que pode ser esclarecido por uma pesquisa por fontes acessíveis como dicionários, enciclopédias, manuais e Web faz perder tempo das pessoas, haver várias respostas repetidas e interromper o fio de um debate sem necessidade e impede o desenvolvimento intelectualmente e o espírito crítico.
5) Empatia e honestidade intelectual
Karl Jaspers, in 'Iniciação Filosófica' (Fonte: Citador) :
Só alcançamos a verdade do nosso pensamento quando incansavelmente nos esforçamos por pensar colocando-nos no lugar de qualquer outro. É preciso conhecer o que é possível ao homem. Se tentamos pensar seriamente aquilo que outrem pensou aumentamos as possibilidades da nossa própria verdade, mesmo que nos recusemos a esse outro pensamento.
"O nome da rosa", de Umberto Eco (Sexta, Vésperas) :
Tive a impressão de que Guilherme não estava de modo nehum interessado na verdade, que mais não é que a adequação entre a coisa e o intelecto. Ele, pelo contrário, divertia-se a imaginar o maior número de possíveis que fosse possível.
Naquele momento, confesso, desesperei do meu mestre, e surpreendi-me a pensar: «Ainda bem que chegou a Inquisição.» Tomei partido pela sede de verdade que animava Bernardo Gui.
Há atitudes éticas num debate que devem incentivar a honestidade intelectual.
O objectivo de alguém que debate não é vencer.
O objectivo de um debate é encontrar soluções pragmáticas.
Os resultados são mais importantes que os métodos.
Um debate é uma oportunidade de compreender as posições contrárias e de nos desenvolvermos intelectualmente.
Um debate pode melhorar as nossas ideias e corrigir os nossos erros.
Um debate pode mostrar não só os erros dos outros mas também os nossos.
6) Falseabilidade e evidências
"História da Filosofia", de Bryan Magee:
O «justificacionismo», como Popper acabaria por chamar-lhe, é completamente obstinado. Se construirmos uma casa sobre estacas num pântano, é preciso enterrar as estacas a uma profundidade suficiente para sustentar a estrutura e sempre que ampliarmos a casa é preciso enterrar ainda mais as estacas, mas não existem limites para esse processo: não existe um nível «definitivo» de fundações que sustente tudo sozinho e não há uma base fornecida ou «natural» para esta ou aquela estrutura.
"O falsificacionismo de Karl Popper", de David Papineau :
As leis de Newton, por exemplo, dizem-nos exactamente onde certos planetas aparecerão em certos momentos. E isto significa que, se tais previsões fracassarem, poderemos ter a certeza de que a teoria que está por detrás delas é falsa. Pelo contrário, os sistemas de crenças como a astrologia são irremediavelmente vagos, de tal maneira que se torna impossível mostrar que estão claramente errados.
Carl Sagan (Fonte: Wikiquote) :
Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar.
"O nome da rosa", de Umberto Eco:
Os livros não são feitos para se crer neles, mas para serem submetidos à investigação.
Francis Bacon (Fonte: "História da Filosofia", de Bryan Magee) :
Estamos muito gratos a Maquiavel e outros que escrevem sobre o que os homens fazem e não sobre o que eles deveriam fazer
Num debate só são relevantes argumentos debatíveis.
Os dogmas por definição não são debatíveis.
Se assume-se um conhecimento completo, então torna-o incontestável, e por isso um dogma.
Toda a crença que é sempre sustentada por justificações em qualquer contexto, é um dogma.
Todo o argumento só é debatível se for falseável.
Todo o argumento relevante tem como objetivo resolver o problema proposto de forma pragmática.
As soluções pragmáticas são verificáveis e mensuráveis.
As soluções pragmáticas tomam o maior número de vantagens e o menor número de desvantagens.
Crenças não são evidências.
O que deve ser (norma) não é o mesmo do que é (descrição).
7) Simplicidade
"Nome da rosa", de Umberto Eco :
Querido Adso, não é preciso multiplicar as explicações e as causas sem ter necessidade disso.
"Merton" (Fonte: A CIENTIFICIZAÇÃO DA SOCIEDADE - A POLITIZAÇÃO DA CIÊNCIA :
Estava claro que na explicação do erro e da opinião não demonstrada havia a necessidade de invocar fatores extrateóricos. E que eram necessárias explicações especiais a partir do momento em que a realidade do objeto não podia explicar o erro.
KISS - "Keep It Simple, Stupid!".
"Se há várias explicações igualmente válidas para um fato, então devemos escolher a mais simples".
"Entia non sunt multiplicanda praeter necessitatem" ("as entidades não devem ser multiplicadas além do necessário").