Olá, primeiro post aqui ^^ já em um tópico bem polêmico, mas vamos lá...
Para mim, RPG e Tabuleiro são dois jogos completamente diferentes.
RPG é RPG, jogo de interpretação de personagens, a batalha em RPG é um acontecimento, é uma "reação" a interpretação e não ao inverso disso.
RPGS - como o D&D - investem cada vez mais em sistemas complexos de combate e cada vez menos em interpretação, isso torna D&D tão "divertido de jogar" quanto qualquer MMORPG na internet, ou Magic ou mesmo Xadres.
Jogar o 4E para mim, por exemplo, não tem diferença alguma de jogar tabuleiro com dados e cartas, ou jogar Final Fantasy Tatics.
Não estou dizendo que não gosto ou que sou contra o 4E, só sou contra essa visão que os autores adotaram.
Existem diversos livros que conseguem fazer com que você se divirta tanto interpretando quanto combatendo, um exemplo disso é a adaptação de MouseGuards - para quem não leu ainda, é um RPG de camundongos tentando sobreviver em seu habitat natural - que juntou em seu sistema interpretação e regras de combate.
E eu não estou falando de regras para beneficios quando algo é bem interpretado, nesse quesito eu concordo que um bom jogador tem que interpretar seu personagem mesmo quando não vai ganhar nada com isso. Afinal, se você joga um jogo de interpretação de personagens, nada mais certo do que se divertir interpretando e não apenas lutando.
O problema do autor é ao quotar John Wick, ele então começa a dissertar sobre como D&D não é um RPG e sim um combate tático.
Porém no texto que ele usa para dar sustento a essa afirmação em nenhum momento vai contra a ficha de D&D que ele postou ou as decisões de design do jogo.
Pode parecer estranho mas D&D pode e geralmente tem historias em seu conjunto e obra, ignorar isso prejudicou o resto de sua conclusão.
E eu concordo com o Shido...
D&D se torna cada vez mais um jogo de combate tático e menos um Roleplay...
Se você buscar na tradução literal de o que é RPG vai entender porque D&D está começando a deixar isso de lado e buscando cada vez mais o combate tático, tabuleiros, peças e cartas...
D&D pode ter histórias muito bem boladas, cenários com histórias ótimas, etc... Mas nada disso adianta se na hora do "pega para capar", na hora ali da mesa, você não constroe um personagem e sim um robô que joga dados e diz: "Te peguei".
Em momento algum o D&D ajuda alguém a construir um personagem partindo de sua história inicial, criando um plano existencial para ele, um "Quem eu sou e de onde eu vim".
Tudo o que ele te faz fazer é: role x dados e distribua seus pontos nestas x habilidades. Se você for um mago, coloque mais pontos na habilidade X, se for guerreiro na habilidade Y.
Ok, todos sabemos que esta parte é necessária, mas não só ela.
O RPG fica sem contexto, são só alguns personagens criados, pontos bem distribuidos, tabuleiros, cartas e vamos aos dados e as táticas.
Por exemplo, Shido então discute as recompensas de D&D, e usa o "tesouro" como o conceito de "recompensa". Enquanto Tesouros são adquiridos como recompensa, eles são nessesários para o jogo. Os personagens não conseguiram derrotar desafios mais poderosos sem o tesouro. A não ser que o mestre quebre o "protocolo" e balanceie os desafios para o grupo. Como é o mestre que tem o controle das recompensas, essa tal "recompensa" pode ser usada como isso, como elementos da historia, ou apenas como bonus mecanicos.
Ele também assume que um mestre não tem controle sobre XP sobre interpretação em D&D.
D&D é um jogo de combate tático . Porém ele é também um RPG.
Curiosamente, L5R possui ambos os jogos, porém é mais focado em usar o combate para pontuar sessões, enquanto D&D faz dela boa parte da "carne" da sessão.
Não existe certo e errado. Ambos são jogos de interpretação. Eles fazem coisas diferentemente.
Hobbistas e designers deveriam apreciar os diferentes.
Eu sou mais a favor da recompensa como um bonus do jogo do que um bonus mecânico.
Deixá-la como um bonus mecânico faz - novamente - D&D parecer com alguns MMORPGs que se vê por aí, "você mata aquele bixo pequeno e peludo que parece uma raposa e - NÃO SEI DE ONDE - ela "dropa" 5 peças de ouro, vamos matar raposas e ficar ricos!".
O matar e pilhar é divertido, mas mesmo isso tem que ter algum "nexo" dentro da história... Caso contrário, teremos cada vez mais jogadores querendo sair para rua matar goblins, conseguir tesouros e voltar para a "Fonte" para se recuperar.
Quanto ao "não existe certo ou errado", eu volto com o parecer sobre o que é - exatamete - RPG.
RPG nada mais é do que um jogo de interpretação de personagens, ponto.
Em momento algum é especificado ele como um jogo de combate tático.
Se você cria um RPG só de combate tático, então não é um RPG, é um Wargame...
Faz algum tempo que o D&D ruma para este lado...
Até porque nos seus principios ele era um Wargame.
Mesmo as regras "interpretativas" como Tendências, Alinhamentos, Comportamento das classes, são muito falhas desde a versão 3.0... Ao meu ver, na 4E eles largaram isso de mão, chutaram o pau da barraca e fizeram um jogo de tabuleiro, muito bom, mas muito mais voltado a combate do que Roleplay.