Gavagai
União Espiritual de Gavagai
União Espiritual de Gavagai
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Gentílico: gavmoi, ou ciápode (coloquialmente)
Idioma oficial: petzim
Regime: teocracia
Regente Atual: Smaim Grafnui da Chuva
Exportações: carne, lã, tricerontes, especiarias, venenos, artesanato
Importações: metal, papel
Principais Cidades: Rabimai, Smetoe, Gvaril, Csariis
Demografia racial: 95% humanos, 5% outros
Características Gerais
Gavagai é um região quente e úmida, com uma vegetação basta e solo propício para a agricultura e criação de animais. Tendo fronteiras com Kotrug, Pehelnaur, Phaak Mlat, Gerav, Snegsara e Neerghul, a união espiritual de Gavagai é uma surpreendente mistura de cosmopolitismo e espiritualismo.
O contraste entre as cidades gavmoi e as cidades que a circundam é bastante grande, mas isso se deve mais a um desinteresse no urbanismo do que a um atraso cultural, como muitos pensam: diversos desenvolvimentos tecnológicos são realizados pelos nativos da região, mas são simplesmente direcionados a fins considerados por eles mais úteis, como o desenvolvimento de técnicas pastoris, venenos, remédios, rituais ou mesmo habitações.
Chove bastante em Gavagai, evento que é bem quisto pelos mais fervorosos: uma tradição nos casamentos gavmoi é que diversos convidados joguem água nos noivos, sendo esse um símbolo da passagem, da fluidez da água e da pureza do que se acabou de forjar. Dessa forma, a chuva é vista como um pequeno recomeço, um ritual dos espíritos para abençoar a terra.
Expulsos recentemente da enorme cidade-estado de Kan Sufir, os ciápodes se adaptaram muito bem a suas novas terras: mais de um século se passou, e cinco grandes cidades já apareceram na região, incluindo um porto de proporções razoáveis. Centenas de pequenas vilas pontilham a paisagem, algumas chegando a não possuir nem governo formal. A ajuda dos povos de Pehelnaur, Snegsara, Daguna e Phaak Mlat foi essencial na reconstrução da sociedade gavmoi: interessantemente, a cidade-estado de Kan Sufir e arredores foram simplesmente ocupados pelo povo ciápode há centenas de anos, de forma que as técnicas de construção precisaram ser importadas. Ninguém sabe exatamente que povo vivia em Kan Sufir antes dos ciápodes, mas eles se fixaram muito bem na cidade sem fazer perguntas, mantendo apenas a estrutura física e o nome original, encontrado em diversos prédios.
Dessa forma, é interessante ver como as cidades de Gavagai são diferentes entre si, construídas que foram por diversas mãos, diversos povos e diversos arquitetos. É essa mistura caótica que forma também a identidade de um povo sofrido: enquanto viviam em Kan Sufir, os ciápodes também pagavam tributos a Neerghul, que os defendia dos goblins ao mesmo tempo que incentivava a criação de mecanismos de defesa, como a dança da lâmina e o combate das quatro armas. Hoje, a dividida Neerghul não pode dispensar recursos para perseguir os ciápodes, e eles se viram subitamente livres do jugo do povo do tigre.
A cidade de Kan Sufir ficou encravada e foi dominada pelos goblinoides, mas logo depois sofreu um influxo estranho de espíritos elementais, criaturas-planta, animais atrozes, entre outros. Muitos clãs de goblins ainda lutam para continuar a habitar a cidade, mas essas forças da natureza resistem, e nem mesmo os gavmoi sabem o que elas querem ou de onde vieram. De qualquer forma, a cidade virou uma espécie de “tampão” estratégico, impedindo que os goblins saiam por aquela fronteira. Neerghul também reconhece isso, e sabiamente todos os povos das Terras Sagradas resolveram deixar Kan Sufir onde está... exceto os eventuais caçadores dos lendários tesouros ocultos da cidade.
Religiões
Os gavmoi são um povo animista. Apesar de terem sido catequizados pela Confraria dos Oito de Pehelnaur, mantiveram muito de suas crenças e mesclaram-nas ao dogma do Uno, gerando uma religião única.
Crendo que tudo no mundo tem alma, os gavmoi procuram viver em harmonia com o mundo. Afinal, em cada uma das onze encarnações a que uma alma tem direito no mundo, a passagem deve ser justa, e cabe aos seres mais evoluídos – sejam eles humanos, humanoides ou animais – colaborar com as outras almas no mundo.
Dessa forma, o povo de Gavagai procura sempre estar em sintonia com as almas que habitam tudo que existe nesse mundo: pedras, plantas, animais, outros seres. Eles costumam fazer isso através de pequenas orações entoadas ao espírito de qualquer coisa que eles pretendam manipular: ao forjar uma arma, o ferreiro faz uma pequena reza ao espírito do metal; ao abater um animal, o caçador ora ao espírito dele antes de levá-lo para casa; ao realizar uma colheita, o agricultor faz uma prece às plantas. Essa prece costuma ter poucas palavras, mas é parte do que representa para um gavmoi se servir de um espírito menos evoluído para sobreviver: eles sabem que eles mesmos, em outras vidas, serviram a outros seres mais evoluídos e assim puderam reencarnar.
Os sonhos também são importantes na vida de um gavmoi: é nesse momento que eles creem que o espírito se desprende do corpo e vaga pelo mundo espiritual, podendo receber mensagens de outros espíritos (mais ou menos evoluídos), presságios e até profecias.
A potestade “extra” que existe nos mitos gavmoi é o Ciápode, uma criatura singular que possui uma só perna, mas é capaz de correr como o vento e espalhar diabruras pelo mundo. Os de Gavagai acreditam que o Ciápode era um trapaceiro, um espírito rebelde que resolveu ensinar aos humanos como fazer fogo, plantar, construir e caçar meramente porque estava aborrecido com o marasmo da Criação: ele queria fazer com que as criações florescessem ao invés de meramente servir aos desígnios de seus criadores. Dessa forma, ele também provocou as outras potestades e espalhou o caos pelo mundo, fazendo com que muitas das coisas conhecidas chegassem à forma que hoje têm.
Para homenagear o Ciápode, muitos dos seguidores tomam seu nome literalmente; os “pés-de-sombra” tatuam diversos padrões em ambos tornozelos e pés, muitos chegando a parecer, de longe, que possuem os pés negros de tantos desenhos. Essas tatuagens são rituais, feitas com ossos de triceronte ou serpente cerasta e sempre bastante dolorosas. Os guerreiros e xamãs dedicados ao Ciápode quase nunca usam calçados.
Instituições, organizações, guildas
Existem poucas organizações formais na sociedade gavmoi. Embora a sociedade se divida bem em diversas funções, a natureza espiritual de Gavagai costuma não favorecer a formação de sociedades com fins próprios.
Os clãs
Uma unidade característica da vida gavmoi é o clã. Pela crença nos espíritos, cada família de Gavagai se diz descendente de um totem, ou espírito primordial. Dessa forma, cada clã tem um nome de um elemento da natureza, como o clã da Nuvem ou o clã da Rocha. A unidade familiar é importante nas relações de um gavmoi com outros, muitas vezes determinando sua especialidade profissional: o clã da Grama é um dos maiores criadores de venenos e fármacos de Gavagai, ao passo que o clã do Céu quase monopoliza a criação de tricerontes, bois e ovelhas na região.
É fácil achar, contudo, que os setores da sociedade gavmoi estão divididos em clãs; assim que se pisa em uma cidade ciápode é que se percebe que isso está longe da verdade. As especialidades lendárias dos clãs estão mais ligadas a tradições de família (ou seja, números brutos de profissionais) e a certos segredos guardados a sete chaves. Hoje em dia, principalmente depois da dominação de Neerghul e do exílio forçado de Kan Sufir, os clãs aprenderam a se unir mais e dividir suas perícias.
O clã do Vento
Antigamente os regentes do povo ciápode, a família do Vento perdeu muito de seu poder com a queda de Kan Sufir, quando o povo gavmoi foi obrigado a abandonar suas terras em decorrência de uma invasão goblinoide que nem os captores de Neerghul se dispuseram a combater.
A mudança espiritual que esse êxodo causou ao povo ciápode foi enorme: o próprio nome Gavagai significa “terra dos espíritos”, e mesmo o clã do Vento enxergou um portento espiritual naquela guerra perdida pelo povo dos pés de sombra. Tendo que abandonar sua longa história de realeza primeiro por causa dos invasores de Neerghul e depois pelos de Kotrug, o clã do Vento hoje se dedica – em sua maioria – à união espiritual dos ciápodes, e muitos xamãs e sacerdotes se formam no seio dessa família.
Hoje mais humildes (embora recentemente um membro tenha tentado tomar o poder da comunidade de modo traiçoeiro), o clã do Vento é igual a qualquer outra família de Gavagai: espirituais, trabalhando pela união de um povo sofrido e, principalmente, tentando lutar contra sua própria história.
O clã da Sombra
A única organização conhecida em Gavagai que se chama de “clã” sem ser uma família, o clã da Sombra é composto de batedores, caçadores e rastreadores a serviço do reino. Após a expulsão de Kan Sufir, os líderes das famílias mais importantes se reuniram a fim de criar uma espécie de rede de informantes que pudesse rapidamente agir em caso de uma nova invasão por parte dos inimigos de Gavagai. Diz-se que o clã da Sombra tem ligações com o clã da Penumbra de Snegsara, e que a afinidade dos dois grupos vai além da semelhança entre seus nomes. Os membros do clã das Sombras têm uma série de códigos para reconhecer uns aos outros, bem como tatuagens específicas e uma língua de sinais secreta.
Os farmacologistas
Gavagai é bastante conhecida na região pela maestria no cultivo e preparo de ervas, seja para fins medicinais ou para fins mais escusos. O clã da Grama é o mais proeminente dos herboristas de Gavagai, embora sejam mais especializados em venenos; o clã do Lago guarda diversos segredos de remédios quase milagrosos, e é daí que essa família retira sua fortuna.
A presença de certos animais, como a serpente cerasta, também favorece os gavmoi, que conseguem retirar de dentro do chifre dela uma base que serve para venenos e antídotos. Da mesma forma, certas misturas dessa substância com ervas e especiarias também têm efeitos tão ricos quanto os produtos alquímicos dos vunyatra, que vêm mantendo um intercâmbio constante de especialistas com Gavagai já há algumas décadas.
Os dançarinos da lâmina
A dança da lâmina é também uma instituição em Gavagai. Apesar de não ser uma organização per se, os dançarinos da lâmina costumam ser adeptos ferrenhos da espiritualidade gavmoi e ter um tipo de tatuagem específica. O kukri é uma arma típica do povo ciápode, e preferida por seu tamanho e ferocidade. Não demorou muito até que um estilo de luta surgisse com a combinação de dois kukris ou de um kukri e uma mão vazia.
Embora não tenha sido suficiente para debelar a invasão de Neerghul e dos goblins, a dança da lâmina é um estilo brutal, ensinado aos melhores combatentes dentre os clãs. Torneios anuais são feitos nas cidades de Gavagai, disputados com kukris de madeira (para não ferir os participantes) e com grandes prêmios em disputa. Um sistema de apostas também prolifera nos entornos das competições.
O combate das quatro armas
O combate das quatro armas é um estilo de luta desenvolvido em Gavagai nas décadas de servidão a Neerghul. Com a proibição dos kukris (e o desenvolvimento secreto da dança da lâmina), o povo ciápode precisava desenvolver um meio de defesa eficaz nas cidades e campos. Dessa forma, a luta das quatro armas foi desenvolvida com uma ênfase maior em movimentação e uso dos pés para atacar e dos braços para defender.
Diversas escolas pontilham as vilas e cidades de Gavagai, e muitas das danças religiosas são realizadas por praticantes das Quatro Armas.
Os pastores
Não só o clã do Céu cria tricerontes e outros animais: diversas outras famílias criam diversos tipos de animais pelos campos de Gavagai, ocasionalmente combatendo os pássaros roc que vêm das Gatsekaires para se alimentar dos rebanhos. A criação de animais é um dos fatores mais importantes da economia ciápode, que exporta desde carne, lã e couro até tricerontes amestrados como bestas de carga.
A escola dos alísios
Amantes da arte de contar histórias como ninguém, o clã da Noite fundou essa escola em Csariis, com o intento de reunir e arquivar todo tipo de lenda possível. O nome dos ventos alísios se refere a um ditado popular ciápode, que reza que “boas histórias são carregadas por bons ventos”.
Viajantes que pernoitem na Escola pagam sua estadia com histórias de suas terras, e diversos membros da escola devassam as Terras Sagradas em busca de novas lendas para trazer. Como contar histórias é parte da vida ciápode, espera-se que um gavmoi tenha no mínimo um certo repertório e um pouco de habilidade narrativa. Diversas famílias enviam seus jovens à Escola para ampliarem seu conhecimento e sua oratória.
É claro que a cidade de Csariis fica infestada de jovens, muitos deles dispostos a passar o tempo que ficam fora da Escola fazendo todo tipo de algazarra, tentando conquistar mulheres casadas, metendo-se em rinhas e jogos de azar, brigando entre si e contra a milícia local ou mesmo bebendo em tavernas. Faz-se um pouco de vista grossa para essa animosidade da juventude, e muito dinheiro corre na cidade por conta do comércio, do crime e das propinas que os jovens – muitas vezes organizando vaquinhas – acabam por pagar aos guardas para poder continuar com seus pequenos excessos.
Principais áreas e cidades
Rabimai é a capital física e espiritual do reino de Gavagai. De construções baixas e feitas de materiais parcos, a cidade parece miserável se comparada às grandes capitais de reinos próximos. Entretanto, é nas labirínticas vielas e nos casebres amontoados nas muralhas que a cidade pulsa com vida: lojas, padarias, barbearias, mercados, farmácias, consultórios, centros religiosos se entrelaçam e tornam difícil mesmo para os nativos navegarem na cidade.
A praça central de Rabimai é talvez o único marco arquitetônico da cidade: feita com base na estrela de nove pontas, ela tem um pequeno obelisco no centro, cheio de inscrições (similares às tatuagens que os ciápodes fazem), em homenagem ao Ciápode. Nove ruas principais partem da praça, e são talvez as únicas ruas em Rabimai onde duas carroças podem andar lado a lado. Dessas ruas, miríades de ruelas cabriolam em direção aos bairros mais afastados.
Interessantemente, a sede do líder espiritual de Gavagai não tem nenhuma relevância regional, tendo sido construída aleatoriamente em um dos distritos. É vantajoso o fato de que forasteiros tendem a se perder em Rabimai, e assim a própria cidade protege seu líder por sua virtude de labirinto.
Chegando a superar Rabimai em tamanho e riqueza, Csariis é uma cidade que praticamente gira em torno da Escola dos Alísios, cujos alunos alimentam fortemente o comércio local (e outras atividades menos lícitas). É um dos pontos mais conhecidos de Gavagai, e conta com diversos estrangeiros realizando toda sorte de negócios; por consequência, o crime é bastante elevado, e pequenas gangues assolam os moradores e visitantes com pequenos delitos.
Outra vista famosa em Csariis é o Bazar das Feras, um distrito onde são negociados animais e todo tipo de recurso ligado à criação e manutenção dos mesmos. Uma parte mais afastada da cidade, o Bazar também é bastante procurado por forasteiros para a compra de tricerontes, cavalos, cães, couro, lã, carne seca e todo tipo de subproduto animal.
Maior centro portuário de Gavagai, Smetoe fervilha com navios carregados de produtos estrangeiros. Talvez a cidade menos espiritual do reino (já tendo sido chamada de “decadente” por alguns anciões das cidades mais tradicionais), Smetoe conta também com diversos estrangeiros, comerciantes, mercados, bazares e, principalmente, sindicatos criminosos (muitos dos quais têm relação direta com organizações fora-da-lei de Pehelnaur).
Curiosa fusão de passado e modernidade, Smetoe ainda demonstra apego às tradições (por exemplo, ritos celebrados em torno da estrela de nove pontas ou jovens com as tatuagens do Ciápode) apesar de ser o ponto mais cosmopolita do reino.
Áreas selvagens e despovoadas
Os arredores de Kan Sufir são evitados pela maioria da população de Gavagai. Após a expulsão do povo ciápode do reino (e é curioso notar que o nome “Kan Sufir” não tem significado no idioma petzim, já que o reino tinha sido ocupado pelos ciápodes, outrora pastores), os goblins tomaram seu lugar e ocuparam a região por alguns anos, até que estranhas aparições surgiram por ali e expulsaram os invasores de Kotrug.
Hoje, a região está tomada por estranhos espíritos da natureza, elementais vingativos, criaturas-planta irracionais... como se a terra estivesse tentando tomar de voltar o que outrora lhe pertencia. Grupos de goblins ainda tentam ataques na região, mas com variados graus de sucesso. Aventureiros intrépidos também buscam explorar as principais cidades de Kan Sufir, pois fortes rumores afirmam que riquezas estão escondidas em catacumbas e galerias que nem os ciápodes descobriram quando lá residiam.
Gavmoi mais experientes apenas levam seus rebanhos para pastar pelas redondezas. Outros, principalmente integrantes do clã da Sombra, são enviados para obter informações sobre o que está acontecendo com o reino. Por fim, xamãs têm um interesse especial em descobrir que espíritos furiosos da natureza ocuparam o lugar e, principalmente, por que eles estão ali.
Em uma região afastada das grandes cidades, o lago das almas é uma área de congregação de xamãs: em datas importantes (solstícios, equinócios, eclipses) ou mesmo em dias mundanos, diversos sacerdotes se reúnem para celebrar os espíritos e renovar seus laços. No fundo do lago, conta-se que há uma barreira finíssima para o mundo espiritual... e após alguns incidentes com mortes de jovens impetuosos, os anciões de Gavagai resolveram proibir o acesso ao lago. Afinal, ele não é muito profundo nesse mundo, mas a saída para o mundo espiritual é difícil demais para quem não tiver preparo.
A fronteira com Kotrug é um ponto de tensão bastante conhecido e incômodo. Apesar de terem sido expulsos de Kan Sufir pelo contingente interminável de guerreiros goblins, os ciápodes forjaram uma aliança com a Palma Escarlate de Pehelnaur e conseguem, a muito custo, manter a fronteira limpa dos odiosos goblinoides. Muitos deles, contudo, acampam nas proximidades (e se reproduzem como coelhos). A aliança com a Palma é sólida, contudo, e muitos dos melhores estão por ali.
Ganchos para aventuras
Pô, PRECISA?