por Argon em 25 Out 2008, 21:30
Capítulo 10 - Parte 1 - O Livro dos Mortos
Dia 4 do primeiro mês do inverno: O grupo se recolhe na casa da guarda de Paranor. Após o improvisado e merecido almoço o anfitrião Saruk chama o grupo ao seus aposentos pessoais e oferta camas no alojamento para que todos descansem durante a tarde. As crianças são as que mais demonstram o cansaço dos últimos dias e Tom já dorme ali mesmo na cama do draconato. Yash, Borandor e Aldar aceitam o convite e deixam o lugar após Verk assumir a guarda dos jovens irmãos sendo conduzidos por Saruk até o alojamento. O clérigo de Avandra puxa uma poltrona e se coloca ao lado da cama ordenando a Milla que também se deite e descanse. Aenis diz que não precisa de descanso e permanece ali com olhar perdido junto a uma janela. Derrin retorna do refeitório mas está pouco a vontade pra seguir com os demais ao alojamento e percebendo uma conversa se iniciar entre a maga e o clérigo resolve espioná-los atrás da porta.
Verk questiona porque um diario que ele chegara a folhear uma vez teria tanta importância embora reconhecesse que os acólitos e o necromante que viram na vila do Talho e no templo da necrópole tinham grande interesse na obra e através dela pareciam estar conduzindo um ritual poderoso. Aenis então pede a ajuda do clérigo para reavê-lo pois aquele livro pode fornecer o paradeiro do Necronomicron, o Livro dos Mortos de Vecna, fonte de grande poder e que lhe fora profetizado pelo oráculo dos elfos como a chave para o início de um grande mal em Aldus responsável pela queda e ruina do povo Élfico e dos demais povos civilizados no planeta. Verk não se convence de imediato, tomado pelo que já ouviu falar do oráculo dos humanos ele crê que tal informação possa ser por demais exagerada ressaltando o quão impossível seria transpor a floresta mágica dos elfos. Mas o clérigo se lembra das palavras usadas pelo necromante no ritual, "A Semente da Morte que Condenará a Todos" , e fica pensativo, deixando escapar que talvez o próprio diário seja algo mais do que aparenta e que talvez os objetos recuperados por Yash possam ajudá-los a desvendar o enigma, levantando-se e indo atrás do narayan em seguida.
Derrin se esconde antes que o clérigo o perceba e a jovem Milla que já se pressupunha estar dormindo volta a falar com Aenis. Ela se desculpa por ter achado que a eladrin queria o livro para si e reconhece agora o propósito nobre da maga em tentar obtê-lo embora ressalte não ter sentido igualmente a forma com que o oráculo dos elfos o deseja. A maga eladrin pergunta como pode saber e perceber estes sentimentos e a jovem diz que ela não sabe como isso ocorre e que lhe é algo natural, alheio a sua vontade.
O ladino então adentra os aposentos e interrompe a conversa entre as duas tentando fazê-las falar do livro. Verk tenta convencer Yash que Aenis tem bons motivos por querer ir atrás do livro e pede pra que eles se reunam no quarto do draconato. O morris questiona se tais motivos seriam maiores que levar os jovens em segurança até Troy e libertar e cumprir a promessa que fizeram a Zanthia e a Sverenshar provavelmente ainda presos injustamente, mas o clérigo ressalta que se a eladrin estiver certa, as coisas como conhecem poderão deixar de existir em breve e eles então retornam ao quarto de Saruk.
Ao depararem com Derrin no interior do lugar os ânimos se exaltam ao ouvirem de Aenis que o ladino deveria estar ouvindo a conversa anterior atrás da porta. Yash o indaga se ainda não estaria interessado em fazer mal às crianças alegando que estava com eles apenas com o propósito de salvar sua própria pele e por pouco uma discussão entre ambos não culmina em um confronto armado mas Verk mais uma vez usa de sua diplomacia e acalma as partes tentando inspirar no ladino uma proposta de mudança de vida, envolvendo-o na missão de recuperar o livro como uma forma de redenção pelos erros do passado.
O grupo então volta a debater sobre o livro. Aenis pede a Yash e aos demais que ajudem-na a recuperá-lo expondo o que havia falado antes a Verk. Entretanto isso não parece convencê-lo de imediato a mudar o foco de seus objetivos. O clérigo então pede para que ele deixe-o examinar os objetos recuperados com os acólitos e a seguir faz um teste com um pergaminho mágico que obtivera ao revistar o líder fanático vencido na ponte. Ao aproximar o objeto narayan de seus olhos Verk passa a ter um completo entendimento do conteúdo mágico do pergaminho deduzindo que ele permite a tradução de algo escrito magicamente mesmo não sendo treinado naquela escola de magia. Ele ressalta que é um ítem que faria qualquer mago feliz pois provavelmente poderia ler qualquer pergaminho com ele e lembra que os acólitos usavam os objetos junto ao livro supondo ser necessário para ler algo além do que a visão normal permitia, extrapolando que o livro possa não ser um diário apenas mas o próprio tomo dos mortos de Vecna.
Aenis acredita que enquanto estiverem com os objetos eles não poderão decifrar o livro novamente mas que virão atrás de quem os possuir para concluirem o ritual. Yash pondera que se ele estiver longe com os objetos não terão como usar o livro mas Verk e Aenis argumentam que ele estaria só e uma hora tombaria já que mesmo todo seu povo não conseguiu impedir que as relíquias fossem roubadas. Yash parece se ofender e retruca afirmando orgulhosamente que seu povo tem bons guerreiros e é capaz de proteger os objetos como sempre o fizera, mas o clérigo de Avandra mais uma vez argumenta tentando fazê-lo compreender que nem mesmos os tão renomados elfos em seus domínios estavam seguros quanto mais um povo dividido em tribos e que ainda lutam entre si. Aquelas palavras parecem enfim fazer o narayan lembrar da dificuldade constante que seu povo tem de proteger suas terras, de obter alimento e expulsar os estrangeiros escravagistas, tarefas que vê seu pai fazer há vários anos muitas vezes com dolorosas perdas. Ele diz que um dia também será um grande guerreiro de seu povo, um guardião Isha, e que sua missão nestas terras é parte de seu treinamento.
Aenis e Verk tentam fazê-lo crer que tudo possa estar ligado e que em breve todos eles terão que passar por provações e mostrarem-se realmente preparados. O clérigo devolve os objetos a Yash e completa dizendo que o que diferencia as chances deles de obterem sucesso nesta empreitada é o simples fato de terem o conhecimento da situação como um todo e se tal conhecimento fosse compartilhado pelos seus inimigos eles não teriam levado apenas o livro.
Derrin contradiz e provoca Yash e novamente a discussão que se segue quase termina em sangue derramado mas dessa vez chega a chamar a atenção de Saruk que sai de um outro aposento ainda recompondo suas vestes atrás de explicações pra toda aquela confusão. Ainda bastante alterado o narayan se detém de forma súbita com a leve mão de Milla em seu antebraço preparado para sacar contra o ladino. A jovem de voz suave pede pra ele se acalmar e sua ira desaparece enquanto ela lhe agradece por ter salvo a sua e a vida de seu irmão de um destino cruel. Ela ainda se desculpa por chamar seu povo perjorativamente de morris, se corrigindo prontamente pelo nome correto narayan, dizendo que todos os grandes povos possuem grandes guerreiros e que ela sente que ele é um dos escolhidos a perpetuar tamanha honra mas que ele devesse escutar Aenis pois ela teria sentido verdade em suas palavras quando mencionou e se lembrou do que vira quando esteve em frente ao oráculo dos elfos. Milla também vira Aelflaed arder em chamas através da memória da maga eladrin quando conversava com Verk e confirma a tragédia que irá se abater sobre os elfos através de um poder muito maior que nem mesmo a aliança dos povos poderia conter.
Yash pergunta de onde ela retira tanto saber e a jovem responde que apenas sente as coisas ao seu redor. Verk diz que retornar os objetos a sua terra não iria significar sucesso em sua missão pois precisariam destruir o livro, entretanto Aenis afirma que o livro não pode ser destruido e que ela deve levá-lo ao oráculo dos elfos que prometeu escondê-lo em segurança mas Milla diz que sente que o oráculo o quer para si.
Yash diz que pensará no assunto e se retira alegando precisar descansar. Todos concordam em irem dormir e discutir novamente o assunto depois do jantar. Antes porém o narayan procura por Saruk e lhe pede um favor.
Temendo sobre a segurança dos jovens naquela cidade ele solicita ao draconato que providencie um destacamento para levar Verk e as crianças até a Vila do Talho em segurança. Saruk diz que tem poucos homens para cuidar da segurança da vila mas com a esperada chegada do destacamento da vila do Talho que deve ocorrer nos próximos dias com a última caravana ele pode fornecer alguns homens pra uma escolta rápida até lá devendo retornarem em seguida. O draconato ainda pergunta se eles irão atrás do livro, pois acredita que as criaturas aladas o tenham levado a uma caverna em direção às montanhas. Ele o alerta a não irem pois se recorda com pesar de ter perdido bons homens naquele lugar no passado. Ele mesmo acredita que Bahamutt tenha sido o responsável por sair de lá com vida mas afirma conhecer alguém que teria interesse em acompanhá-los caso decidissem ir. Yash aceita a oferta e pede para que o chamem a presença do grupo logo mais.
Os heróis enfim descansam até o anoitecer quando o grupo é acordado para o jantar...
Parte - 2 - A Vingança de Tradok
O grupo é encaminhado a um refeitório militar onde uma pequena fila de soldados reais se forma para receber uma espécie de sopa quente. As grandes mesas de madeira permitem que uma tropa bem maior que os atuais guardas da cidade possam se alimentar ao mesmo tempo, mas com a reduzida ocupação de lugares o grupo pode ficar mais recolhido a um canto fazendo repousar os curiosos olhares dos militares que disciplinadamente entretanto não lhes dirige a palavra. A maga eladrin e o morris são os mais visados devido a raridade de suas raças naquela região.
Depois de se fartarem Saruk os chama a um pátio interno, provavelmente um lugar de treinamento visto a presença de bonecos alvo de feno que rapidamente viram vítimas das brincadeiras das crianças. O draconato pede para que o esperem ali e sai. Os demais se sentam em bancos rústicos de madeira ao redor de um singelo chafariz e reiniciam a conversa sobre o rumo a seguir. Yash diz que vai com Aenis atrás do livro mas que Verk deverá seguir escoltado com as crianças até a vila do Talho e não aceita outra condição por parte do clérigo, o único ali que parece deter sua confiança. Verk tenta argumentar alegando ser necessário e indicando Saruk para levar as crianças mas dessa vez não convence o narayan. Derrin volta a provocar o morris mas a discussão não evolui como antes e no fim Verk apoia novamente que o ladino siga com o grupo atrás do livro. Yash concorda nitidamente parecendo querer deixá-lo afastado dos jovens.
Borandor se surpreende com a decisão do morris antes resoluto em seguir de volta a Troy mas concorda em acompanhá-los pois sabe que não pode voltar sem eles a presença do barão de Troy. Aenis fica satisfeita em poder contar com quase todos. Em alguns minutos Saruk retorna acompanhado de um anão de postura resoluta e séria trajando uma bela armadura e portando um imponente martelo pendente às costas. o símbolo de Moradin entalhado no peito é facilmente reconhecido por aqueles que estudaram religião. Saruk o apresenta a todos como Tradok, clérigo do deus da criação.
O draconato então se retira alegando ir preparar a comitiva que fará a escolta dos jovens na manhã seguinte deixando que o anão inicie a conversa com o grupo. Ele parece esboçar um ar de decepção ao notar a eladrin e o meio-elfo entre os outros mas tenta disfarçar a repulsa natural entre as raças procurando ser objetivo sobre o interesse em irem até a caverna. Yash diz que pretendem partir já na manhã seguinte e o anão sugere que tenham provisões e boa proteção para o frio antes de irem.
Aenis pergunta qual era a motivação do anão em seguir com eles e Tradok responde friamente que há anos esperava uma chance de vingar-se da criatura que matou sua esposa, história notória pra todos que o conhecem há mais tempo. Derrin elogia o motivo mundano do anão embora Tradok ressalte que diante das circunstâncias poderia até mesmo ser abençoado se o fizesse em nome de Moradin mas reconhece que o verdadeiro estímulo era mesmo mundano e pessoal.
Ele ainda informa que a viagem dura cerca de dois dias e meio dali e por um caminho montanhoso donde desaconselha levarem montarias pois teriam que deixá-las ao pé da montanha e provavelmente seriam atacadas por goblins ou lobos.
Tradok então marca de se encontrarem no portão sudoeste de Paranor ao nascer do sol e ameaça se retirar mas Derrin o pergunta se ele conhece o interior da caverna. O anão para e por um momento sua consciência parece pesar ao pensar que possa estar usando-os para obter sua vingança e diz que não tem o direito de negar-lhes o conhecimento do perigo que vão enfrentar. Ele então começa a contar sua história, de quando veio das terras anãs no norte atrás de bons negócios na região. Era um mercador interessado em estreitar as relações com os humanos e aumentar a rota de comércio na região e fora muito bem recebido na cidade que vira uma boa oportunidade de crescimento no comércio com aquele povo. Mas numa noite criaturas aladas cercaram a ele e sua esposa nas ruas da cidade atacando-os e sequestrando-a em seguida. Tradok procurou ajuda e encontrou Saruk recém chegado líder de patrulha da cidade. Eles reuniram alguns homens e através de relatos locais foram até o paredão de rocha onde fica a caverna.
Yash tenta fazê-lo ser mais objetivo e Derrin também o interrompe e acaba por irritá-lo fazendo-o calar-se antes de informar sobre a verdadeira ameaça que existe naquele lugar. Yash ainda tenta convencê-lo a dar a informação mas o clérigo já se retirava dali informando que irão descobrir por si mesmos ao chegarem lá.
Derrin piora ainda mais sua imagem perante ao grupo com este fato, embora realmente não parecesse se importar com isso. Verk ensaia um discurso de despedida lamentando não seguir junto com os outros e disponibiliza alguns de seus itens para os demais. Ele enfim se despede do grupo desejando sorte a todos e esperando revê-los em breve no vilarejo do Talho.
Os heróis enfim se recolhem aos aposentos ofertados por Saruk onde dormem tranquilos pela primeira vez em vários dias. Pela manhã bem cedo Verk e as crianças partem em cavalos escoltados por cinco soldados reais montados em direção a vila do Talho. A visão da partida dele e das crianças em segurança é um alento a todos que se preocuparam com o bem estar delas. Eles esperam cruzar com a última caravana do norte ainda no próximo dia.
Saruk ainda fornece provisões e casacos de frio para os outros recebendo os agradecimentos de todos. Aldar também se despede dos demais sem deixar claro o destino que seguirá, ele parece não ter desistido de ir até a necrópole mas alega que permanecerá na cidade por algum tempo.
Junto ao mesmo portão por onde a comitiva acabara de deixar Paranor também estava Tradok aguardando ansioso para dar início a sua tão esperada vingança...