Estou lendo o terceiro volume de A Caverna de Cristais, chamado Despertar do Dragão.
Realmente faz tempo que preciso recomendar essa série aqui. A história é fantástica. E a autora é brasileira \o/
O enredo, a partir do primeiro volume (O Arqueiro e a Feiticeira) começa com três personagens ainda crianças. Suas vidas são modificadas bruscamente quando descobrem que existe muito mais coisa além de seu mundo medieval, além de serem peças centrais num gigantesco jogo de guerra entre dois povos. O final do livro é marcado pela ponte entre passado e futuro coexistindo num presente anacrônico incrível.
No segundo volume (Aliança dos Povos), os personagens centrais (assim como os outros, duh) estão mais velhos, cuidando do próprio nariz e decidindo rumos de civilizações inteiras. Guerras de proporções interplanetárias, conflitos políticos, ficção científica e alta tecnologia em meio à magia saindo pelo ladrão.
Agora estou lendo Despertar do Dragão, lançado no mês passado. Há uma volta no início desse livro, mostrando mais detalhes do passado de um dos personagens, bem como de alguns outros. Um novo e grandioso conflito surge. O mais legal é que aqui os personagens já estão casados, com filhos, e estes últimos começam a participar cada vez mais da história.
O que realmente me fascina na história é a quantidade imensa de sub-tramas, a gigantesca quantia de personagens, as relações entre eles, o anacronismo (armas de energia, bolas de fogo e espadas \o/), referências à cultura pop (e de vez em quando, à nerd mesmo \o\). Uma coisa bem legal é que a autora detalha muitas coisas do cotidiano dos protagonistas. Você realmente consegue ver a vida por trás de tudo aquilo, acompanha eles desde crianças, entende os dramas de cada um, xinga eles nas decisões erradas e se encanta com algumas cenas simples e bonitas de amor e amizade ali no meio.
Vou ser sincero em dizer que jamais compraria o livro pela capa. A primeira edição é da Devir e ganhei de aniversário. Quase parei de ler quando vi o nome de um personagem no prólogo. Aliás, os primeiros parágrafo já me deixaram com a pulga atrás da orelha, pensando em "ugh... que droga, isso":
Tolkien entrou na caverna. Seus olhos demoraram alguns segundos para perceber o brilho tênue da lua, refletindo-se nos inúmeros cristais espalhados por todo o local. O rapaz se abaixou e, passando pelas pedras, escolheu um canto para se ocultar. Puxou o capuz para cobrir o rosto, enquanto se encolhia para escutar os barulhos da noite. Ficou de vigília por várias horas. Só os cristais denunciavam o caminho que a lua seguia no céu escuro. Tolkien podia ver os reflexos múltiplos, dançando nas faces esculpidas das pedras. Sentiu os olhos pesados. Há quantos dias não dormia? O corpo estava dolorido, tenso, consumido pela preocupação.
Lá fora, o ar ficou ainda mais frio. Faltava pouco para a aurora. "Onde ela está?, pensou o rapaz, começando a deixar o bom senso de lado. "Ela disse para ter calma, para esperar", disse uma voz no fundo de sua mente. Passara por tantos treinamentos, estudos, testes, mas nada o preparara para aquela situação. Seus mestres foram mortos, covardemente assassinados. Seus companheiros estavam sendo perseguidos, não tinha mais nenhuma notícia deles. "Estão mortos". Havia dor em seu peito, prestes a sufocá-lo. O rapaz sentia, mais do que sabia, que era o último dos Guardiões. E, por mais que o orgulho o impedisse de acreditar, ele sabia: era inexperiente, apenas um garoto idealista perdido nas próprias ambições. Ela também era a última e também tão jovem quanto ele. Possuía, no entanto, a experiência que lhe faltava. E muito mais conhecimento, o conhecimento dos Antigos.Depois de começar, não parei mais. E sim, existe uma maravilhosa explicação de por quê um dos personagens de chama Tolkien. Ele próprio explica.
Esse ano conheci a autora pessoalmente aqui em Bauru, na Feira do Livro Infantil. Ainda não sei como, quando ela perguntou se alguém havia lido o livro e se queria dizer alguma coisa, eu me levantei da segunda fileira de cadeiras, perto dela, e comecei a falar do livro pra umas 200 pessoas que estavam lá, de excursão de escolas e coisas do tipo.
Acreditem, eu, o ultra-retraído, não falaria para um auditório de mais de 200 pessoas se a coisa não fosse realmente boa.

Recomendo muuuuuuuito. Leiam, leiam \o/
Editado: As capas, a partir do segundo volume, quando mudou a editora, são simplesmente horríveis. Nojentas, malfeitas, toscas, enfim... Não se julga um livro pela capa, é verdade, mas aquilo lá tá desvalorizando muito a história. Ainda estou ensaiando pra mandar um e-mail pro editor
