Para mim, RPG e Tabuleiro são dois jogos completamente diferentes.
RPG é RPG, jogo de interpretação de personagens, a batalha em RPG é um acontecimento, é uma "reação" a interpretação e não ao inverso disso.
RPGS - como o D&D - investem cada vez mais em sistemas complexos de combate e cada vez menos em interpretação, isso torna D&D tão "divertido de jogar" quanto qualquer MMORPG na internet, ou Magic ou mesmo Xadres.
Jogar o 4E para mim, por exemplo, não tem diferença alguma de jogar tabuleiro com dados e cartas, ou jogar Final Fantasy Tatics.
Não estou dizendo que não gosto ou que sou contra o 4E, só sou contra essa visão que os autores adotaram.
Sim, porque D&D é um jogo de interpretação de papéis num cenário de ação. Dizer que D&D é ruim porque tem complexas regras de combate é equivalente a dizer que um filme é ruim só porque tem cenas de ação bem construídas.
Ter regras claras, concisas, equilibradas e divertidas é mérito do jogo, e se o D&D se foca no combate é porque ele é a temática do jogo, assim como a temática de, digamos, Duro de Matar é ação.
Se ele tem complexas regras de combate, em nada interferirá na hora de interpretar papéis. Mas, convenhamos, na hora de combate, mesmo na vida real, as pessoas SÃO táticas. Por que querer evitar um sistema tático de combate, então?
Existem diversos livros que conseguem fazer com que você se divirta tanto interpretando quanto combatendo, um exemplo disso é a adaptação de MouseGuards - para quem não leu ainda, é um RPG de camundongos tentando sobreviver em seu habitat natural - que juntou em seu sistema interpretação e regras de combate.
Um sistema nunca, nunca vai te fazer interpretar apenas porque ele contém regras de interpretação. Isso é mérito do mestre e do grupo. Mecânicas de interpretação são contraditórias, por sinal. Ninguém deveria precisar de mecânica para interpretar um camundongo tentando sobreviver em seu habitat natural, precisam de mecânica para enfrentar os encontros (defino "encontro" como qualquer desafio, seja físico, social ou mental, que o personagem vá enfrentar).
E eu concordo com o Shido...
D&D se torna cada vez mais um jogo de combate tático e menos um Roleplay...
Se você buscar na tradução literal de o que é RPG vai entender porque D&D está começando a deixar isso de lado e buscando cada vez mais o combate tático, tabuleiros, peças e cartas...
Perceba que esta é a temática de D&D. Táticas de combate são naturais em qualquer combate, desde a pré-história, e D&D é um sistema de ação. O fato do combate estar se tornando mais tático não atrapalha o aparecimento de outras situações (tanto que a 4ª Edição de D&D possui sistema para encontros de perícia - os desafios de perícia, coisa que nenhuma das edições anteriores apresentava).
Em momento algum o D&D ajuda alguém a construir um personagem partindo de sua história inicial, criando um plano existencial para ele, um "Quem eu sou e de onde eu vim".
Tudo o que ele te faz fazer é: role x dados e distribua seus pontos nestas x habilidades. Se você for um mago, coloque mais pontos na habilidade X, se for guerreiro na habilidade Y.
Não, você pegou essa impressão da 3ª edição. Não se rolam mais dados para construção de personagens na 4E, em momento algum. E, devido à imensa variação de classes (e ao fato de elas representarem apenas a mecânica, e não a descrição do personagem), você tem uma liberdade bastante grande de qual classe você vai escolher para se adequar ao SEU personagem. Se você coloca mais pontos na habilidade x ou y, é porque naturalmente um médico possui mais conhecimento em biologia e um atleta possui mais treinamento físico. Se você está usando uma classe que não se encaixe com a descrição do seu personagem, a culpa é unicamente sua.
Eu sou mais a favor da recompensa como um bonus do jogo do que um bonus mecânico.
Deixá-la como um bonus mecânico faz - novamente - D&D parecer com alguns MMORPGs que se vê por aí, "você mata aquele bixo pequeno e peludo que parece uma raposa e - NÃO SEI DE ONDE - ela "dropa" 5 peças de ouro, vamos matar raposas e ficar ricos!".
O matar e pilhar é divertido, mas mesmo isso tem que ter algum "nexo" dentro da história... Caso contrário, teremos cada vez mais jogadores querendo sair para rua matar goblins, conseguir tesouros e voltar para a "Fonte" para se recuperar.
Recompensas também são um bônus de jogo, mas repare que, devido à temática de D&D, é recomendando que também seja um bônus mecânico.
Mas existem outras recompensas alternativas à mera pilhagem, como bênçãos divinas ou treinamento intensivo.
Só para finalizar: não sou fanboy da 4E, nem nada assim. Sequer sou fã da temática. O único sistema que jogo atualmente é Mutantes & Malfeitores. Mas os jogadores de RPG esquecem de uma porção de detalhes (como por exemplo: quem diabos interpreta um papel enquanto se está lutando, fora uma ou duas frases de efeito? Nem os atores de hollywood fazem isso!), e acabam acusando uns aos outros de "jogarem errado".